Blocos de gelos milenares podem revelar segredos do aquecimento global

As amostras mais recentes foram coletadas no decorrer deste verão boreal (inverno no Brasil).

Blocos de gelos milenares podem revelar segredos do aquecimento global. | James Brooks/AFP
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Uma biblioteca inusitada guarda segredos sobre como era a atmosfera  de outras épocas. Refrigerada e com um grande armazenamento, o acervo de blocos de gelo milenares fica em Copenhague, na Dinamarca, e é onde Jørgen Peder Steffensen, acadêmico da Universidade de Copenhague, conserva as amostras.

"O que temos nestes arquivos são as alterações climáticas desde a pré-história. Temos uma lista de atividades humanas nos últimos 10.000 anos", disse Jørgen Peder Steffensen.

Dentro da sala principal a temperatura registra -30°C conservando aproximadamente 40.000 blocos que estão resguardados em caixas, onde os pesquisadores examinam as amostras ao microscópio. Além disto, sua ante sala ou sala de leitura aponta -18°C. Estas raridades representam as únicas fontes diretas para compreender as condições atmosféricas em épocas passadas.

As amostras mais recentes foram coletadas no decorrer deste verão boreal (inverno no Brasil), onde os cientistas as alcançaram ao atingirem a rocha-mãe no lado leste da ilha, a uma profundidade superior a 2,6 km. Elas englobam extratos com mais de 120.000 anos, remontando ao último período interglacial. Nesse período, a temperatura atmosférica na Groenlândia era 5°C mais elevada do que nos dias atuais.

“Graças às 'testemunhas de gelo', conseguimos determinar como os gases de efeito estufa, o dióxido de carbono e o metano, mudam ao longo do tempo. Também podemos observar o impacto dos combustíveis fósseis na época moderna”, disse o acadêmico. 

Já as mais antigas foram transportadas de Camp Century, uma base militar clandestina dos Estados Unidos localizada na Groenlândia, nos anos 60. "Temos a neve de Natal, a autêntica neve de Natal", diz ele, sorrindo ao mostrar uma caixa uma amostra única, na qual as bolhas de ar são visíveis a olho nu, que é a neve do ano zero.

COMO SURGIU O INTERESSE PELOS BLOCOS?

Há quatro décadas, Jorge descobriu sua paixão. Desde 1991, Steffensen gerencia esta biblioteca de amostras, que se estende por 25 quilômetros, a maioria proveniente da Groenlândia. Essas amostras auxiliam os cientistas na compreensão das mudanças climáticas. O que torna esses fragmentos excepcionais é que não se trata apenas de água congelada, mas de neve comprimida.

“O ar entre os flocos de neve está preso na forma de bolhas, e esse ar tem a mesma antiguidade que o gelo”, ressaltou Jørgen Peder Steffensen. 

Seu grande interesse o levou ao amor. Isso porque, ele encontrou sua esposa, Dorthe Dahl-Jensen, uma renomada especialista em paleoclimatologia, enquanto perfurava a camada de gelo da Groenlândia.



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