É aqui que os especialistas começam a dividir opiniões. Renato Kfouri, médico infectologista, primeiro secretário da SBIM (Sociedade Brasileira de Imunizações), acha um exagero limpar todos os itens comprados ao chegar em casa. "Independentemente se o vírus vive duas, quatro, seis horas, ele só contamina pelo contato. Então, se você mantiver a regra de higiene básica, de lavar as mãos e os alimentos sempre, não irá se infectar", diz. Kfouri ainda ressalta que, até onde se sabe, a comida in natura não transporta o vírus. "Não pegamos gripe comendo alguma coisa. Com a covid-19 deve ser igual".
Já Oscar Bruña-Romero, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), pensa diferente. Em um comunicado, ele afirmou que é preciso, sim, limpar os itens. O professor diz para lavar os alimentos crus em água corrente e mergulhar as verduras e frutas em uma solução contendo água sanitária diluída em água. "Observe no rótulo da água sanitária a diluição ideal e o tempo necessário para deixar o alimento em imersão. Se não tiver essa informação no rótulo, busque outra marca, pois alguns produtos não devem ser utilizados em alimentos". Depois disso, enxágue com bastante água.
Bruña-Romero também recomenda passar álcool 70% em embalagens de alimentos que serão armazenadas. Freitas é da mesma opinião e recomenda que, ao chegar em casa, é bom tirar os sapatos e trocar a roupa. "Chegou, tira essa roupa, coloque para lavar e tome um banho", diz. Segundo ele, as medidas devem ser drásticas. "O domicílio tem que ser um bunker, livre de coronavírus."