O raro caso do homem que teve o cérebro transformado em vidro

No ano de 2020, pesquisadores revelaram um material dentro do crânio de uma das vítimas do vulcão Vesúvio, que entrou em violenta erupção no ano de 79 d.C.

Cérebro de vidro | Reprodução
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A tragédia de Pompeia, ocasionada pela erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C. gerou um dos sítios arqueológicos mais ricos e enigmáticos de todo o mundo. Quase dois mil anos após o evento, o local ainda segue surpreendendo especialistas e admiradores de história antiga.

Talvez o mais impressionante achado nos últimos tempos, o cérebro de vidro descoberto no vilarejo vizinho Herculaneum é uma pequena, porém, importante parte desta história, capaz de revelar muito sobre o triste episódio.

Cérebro de vidro encontrado na Pompeia (Foto: divulgação)

A descoberta

Ao contrário do que muitos imaginam, Pompeia não foi a única cidade a ser completamente devastada pelo material vulcânico.

O vilarejo de Herculano, também foi destruído pelo Vesúvio, de modo que hoje também abriga uma grande diversidade de artefatos e formatos das vítimas.

Uma das vítimas encontradas no local sofreu com um calor tão extremo que teve seu cérebro transformado em vidro. É o que diz um estudo publicado em janeiro de 2020 na revista New England Journal of Medicine.

Caso único

O corpo petrificado, pertencente a um homem de cerca de 20 anos, foi desenterrado na década de 1960. Contudo, foi apenas recentemente que uma equipe de pesquisadores decidiu retirar fragmentos do material escuro que havia dentro do crânio da vítima para realizar estudos.

De acordo com o antropólogo forense e principal autor do estudo, Pier Paolo Petrone, da Universidade de Nápoles Frederico 2º, em declaração dada à BBC,"a preservação de um cérebro antigo é algo extremamente raro, muito difícil de encontrar".

"Essa é a primeira vez que encontramos restos de cérebro humano vitrificados

Resultados das análises

A partir da análise de um pedaço de madeira queimada, a qual foi encontrada próxima ao corpo, foi possível descobrir a temperatura atingida foi de 520° C, número altíssimo, tanto que "o calor extremo irradiado foi capaz de incendiar a gordura corporal e vaporizar tecidos macios", antes de uma "rápida queda de temperatura".

Na época, foram detectadas proteínas que existem no cérebro humano naqueles fragmentos, além de ácidos graxos, comuns ao cabelo humano. Mais tarde, em outubro daquele mesmo ano, descobriu-se que o fragmento era rico em carbono e oxigênio, o que é esperado para restos orgânicos.

Entretanto, algo ainda mais impressionante logo chamou a atenção dos cientistas: mesmo após dois milênios, o cérebro ainda possuía neurônios preservados. Essa continuação do estudo teve os resultados publicados na revista científica PLOS ONE.

Conforme repercutido pela Galileu, Petrone, o responsável pelo estudo, comentou na época sobre a incrível descoberta em um comunicado.

"Nossos resultados mostram que o processo único de vitrificação que aconteceu em Herculano congelou estruturas neuronais dessa vítima, mantendo-as intactas até hoje”, disse o especialista. O fato de nenhum outro caso de vitrificação ter sido constatado somente torna a descoberta ainda mais instigante.



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