“Sonetos Infames” será lançado na Academia Piauiense de Letras

No livro, o autor reúne sonetos alexandrinos e decassílabos heroicos numa proposta transgressora, que questiona a estética romântica

Avalie a matéria:
Dário P. Castro | Benonias Cardoso
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Gênero, identidade e preconceito são alguns dos temas controversos da atualidade que estão refletidos nos poemas que compõem o livro “Sonetos Infames”, de autoria do escritor, compositor e poeta piauiense Dário P. Castro. A obra faz parte da Coleção Século XXI, iniciativa da Academia Piauiense de Letras (APL, que visa editar obras e revelar novos autores da nossa literatura, e será lançado neste sábado (28), às 10h, na sede da APL.

No livro, o autor reúne sonetos alexandrinos e decassílabos heroicos numa proposta transgressora, que questiona a estética romântica, ovaciona o papel da arte na transformação do homem e do mundo e aborda temas sociais atuais, como questões de gênero, preconceito, intolerância religiosa, entre outros.

O soneto, segundo o autor, é sua forma poética preferida. “O soneto foi abandonado, tratado como coisa estática, sem sentimento. Muitos literatos abraçam a poesia moderna como conceito de liberdade plena, já que veem no soneto um freio para a liberdade dos versos. Eu não vejo assim”, declara.

A transgressão é visível nos temas e no modo como Dário P. Castro lida com a poesia na obra. 

“A poesia não tem que ser bela, amorosa e encantadora. Ela não tem que ser elogiosa e educada. A poesia tem que ser o que ela é. Se suja ou revoltosa, a beleza da poesia é ela ser o que ela é, longe do reflexo do poeta”, afirma.

Em “Sonetos Infames”, Dário adiciona elementos estranhos ao soneto sem que desvirtue a sua forma, métrica e rimas. “Tem aí um soneto de cabeça para baixo, outro que você precisa de um espelho para ler por completo, alguns com rimas internas que podem rearranjar toda a forma do poema e também uma fábula escrita em 10 sonetos. Tem um soneto em que todas as palavras começam com a letra ‘P’. Eu tento desafiar a norma estética, tanto na forma como no conteúdo, e mostrar como entortar todas regras sem precisar quebrar nenhuma”, ressalta.

O convite ao desconforto trazido pelo novo fica bem claro em “Tespalúnias”. O soneto é todo escrito com verbos e substantivos inventados pelo autor. “Tem a sonoridade do soneto, mas a pessoa vai ouvindo e não entende nada. As pessoas estranham porque não conhecem uma palavra sequer, depois questionam se não é outra língua. Antes de eu terminar, eu percebo a inquietação das pessoas. Ao final, revelo que inventei as palavras e todo mundo ri. Alguns até me xingam. É um poema que fala do confronto com o novo, como o estranho e como a gente lida com ele internamente”, analisa.

Autor

Dário P. Castro é jornalista com mestrado em Media, Culture and Society, pelo departamento de sociologia da Universidade de Essex, no Reino Unido. A paixão por filosofia e a formação em sociologia são influências claras na sua mais recente obra.

É autor de Ilusão Perdida (2000), publicado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores do Rio de Janeiro, e das dissertações científicas Nietzsche for Sociology in the Light and Darkness of Postmodernism (2008) e Max Nordau e a Comunicação Social (2005).



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES