Brasileiros entram na fila para adotar crianças haitianas

Na Embaixada do Haiti em Brasília, o número salta para mais de 600, segundo a secretaria

Brasileiros querem adotar haitianos | Divulgação
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Muitas famílias brasileiras demonstram interesse em adotar crianças haitianas que ficaram órfãs devido ao terremoto que devastou o país na última terça-feira (12). Desde então, o Consulado do Haiti em São Paulo já recebeu cerca de 40 pedidos.

Na Embaixada do Haiti em Brasília, o número salta para mais de 600, segundo a secretaria. Quem liga para lá é orientado a enviar um e-mail com dados pessoais para que a solicitação seja cadastrada, uma vez que nada ainda foi definido sobre o processo de adoção.

Tanto a ONU (Organização das Nações Unidas) quanto a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República recomendam que se evite a adoção de crianças haitianas nesse momento.

"A adoção internacional não deve ocorrer em situações de instabilidade como guerras, calamidades e desastres naturais, por não ser possível verificar o histórico pessoal e familiar da criança que se pretende colocar em adoção, como a atual situação no Haiti", diz nota de Carmen Oliveira, presidente do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).

Mesmo assim, o bancário André Luiz Cabral, 31, de Brasília, decidiu entrar na fila e aguardar. "Temos várias crianças aqui mesmo, ao nosso lado, que precisam de ajuda. Mas é necessário que se faça algo em qualquer lugar que exista problema. É uma forma de grande ajuda", diz Cabral, pai de três filhos, um deles uma menina adotada em 2008.

Para o juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a atitude dos brasileiros é humana e louvável, porém, irresponsável. De acordo com ele, adoção não é uma prática romântica, precisa ser muito bem elaborada para que dê certo.

"Num ato de desprendimento em decorrência desse grande problema que aconteceu [o terremoto], você querer colaborar fazendo uma adoção sem o preparo, se corre o risco de uma decisão precipitada. Ao invés de ajudar eventualmente uma criança você pode comprometer ainda mais essa pessoa", ressalta o juiz.

A psicóloga Maria Luisa de Castro Valente, professora de Terapia Familiar no curso de psicologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Assis, diz que é uma situação complicada para a criança que perdeu tudo o que tinha sair de seu país e ter uma nova realidade em um lugar desconhecido e com uma língua que não domina.

"Quando a gente fala em adoção, a gente fala em filho. E filho não dá para devolver para a origem. São ações interessantes, mas que devem ser consideradas com alguma racionalidade porque são momentos muito difíceis, tanto para as crianças quanto para as famílias", avalia a psicóloga.



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