CQC volta com o humor ainda mais politizado

O CQC continua sendo uma resposta sarcástica ao jornalismo chapa-branca que grassa mundo afora

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Apesar da má audiência da estreia da terceira temporada do CQC, na última segunda, com apenas 4 pontos de ibope, há duas fortes evidências de seu prestígio: primeiro a enorme quantidade de anunciantes que se enfileiram no programa. Nada menos que 26 deles, entre montadoras de automóveis, bancos, supermercados, fábricas de doces, refrigerantes, material de limpeza e de higiene, matinais, cerveja, eletrônicos e as onipresentes operadoras de telefonia.

Em segundo, a atitude dos políticos. Serra e Kassab melhoraram muitíssimo a relação com o programa e aprenderam que o preço da popularidade é a eterna complacência. Depois de impedidos de entrar no Congresso, os homens de preto - na verdade, agora é Mônica Iozzi - voltam a fazer aquilo que o tímido jornalismo deixa de fazer. Ou seja, questionar políticos a respeito dos escândalos nos quais estão envolvidos e dos quais esperam sobreviver graças à síndrome de perda de memória recente de que sofre a imprensa brasileira.

Assim a atriz interpelou muito bem Efraim Morais, Renan Calheiros e Eduardo Azeredo, a respeito de, respectivamente, fraude em licitações e peculato, contas da amante pagas por lobista e envolvimento no mensalão mineiro. Acusar Jarbas Vasconcellos de sair com mulheres mais jovens e ACM Neto de ser baixinho foi pura maldade. Mas nem tudo é trabalho, também é preciso diversão.

Atrás de muros de protocolos, respeito ao cargo e boas maneiras, os políticos se defendem como podem. Os mais habilidosos - e tão diferentes, como Paulo Maluf e Eduardo Suplicy - conseguem lidar com o deboche mais agressivo com toda elegância. Outros, como José Genoíno, preferem a cara feia, caso tenham a alternativa.

A prefeitura de Barueri, no interior de São Paulo, foi mais longe e escolheu a Justiça para censurar o programa. Ninguém precisa gostar das piadas do CQC nem de seus repórteres, especialmente quando elas são ruins. Na posse do presidente chileno Sebastian Pinera, ele próprio, além de Rafael Correa, do Equador, deram provas que paciência e tolerância são mais eficazes que empurrões e portas fechadas. Evo Morales foi de uma simplicidade absoluta ao ter suas habilidades futebolísticas comparadas à de presidente: "Tenho 60 anos", lamentou o jogador veterano.

O CQC continua sendo uma resposta sarcástica ao jornalismo chapa-branca que grassa mundo afora. O lema "Dieu et mon droit" - algo como "Deus e meu direito" - resumia o direito divino dos monarcas europeus e que muitos políticos ainda consideram parte do jetom. Marcelos Tas e seus jacobinos tocam o Terror nas segundas sem lei.



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