Isis Valverde chora em bate- papo e diz que polêmica com Cauã Reymond 'virou piada'

A atriz deu uma entrevista completa e falou sobre assuntos polêmicos

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Foi uma espécie de “estalo” o que Isis Valverde descreve ter sentido dia desses enquanto gravava como Sandra, a mocinha da novela “Boogie Oogie”. A atriz estava em cena e dizia uma das falas da protagonista do novo folhetim que a Globo estreia nesta segunda, dia 4, às 18h: “Tempo não é para se jogar fora. Eu não vou desperdiçar nem mais um minuto da minha vida com o que não me interessa”.  — enfatiza Isis, já totalmente recuperada de um acidente de carro sofrido em janeiro deste ano, que lhe deu “a prova cabal de que a vida é realmente muito frágil e efêmera”. 

E vou te falar: leve isso para a sua vida também. É magnífico. Foi o que aprendi de mais forte depois do que passei. Claro que (após o acidente) surgiram outros aprendizados. Mas essa fala, que eu tinha levado para a minha vida e que virou parte da novela, serviu como um estalo. Na hora da gravação, pensei: “Gente, esta foi a coisa que eu disse com mais verdade nesta novela” — brinca, emendando uma sonora risada. É uma falante Isis a que discorre sobre o trabalho e as decisões que tomou na carreira, iniciada aos 19 anos com “Sinhá Moça” (2006).

Durante a conversa, ela afirma se emocionar com frequência. E chora duas vezes. A primeira quando recorda um comercial de margarina que a “marcou”, por lembrar suas origens interioranas. As lágrimas surgem novamente quando Isis conta outra história, mais recente, passada com ela no Rio, quando pagou comida para seis crianças, e a mais nova delas queria apenas água. — Sou manteiga derretida mesmo, mas é que isso foi muito forte. Apesar do choro, Isis não perde o bom humor durante a entrevista. Nem ao recordar os recentes três meses em que precisou usar um colar cervical para se recuperar da fratura de uma vértebra na coluna.

— Mantenho a minha personalidade, as minhas prioridades, a raiz mineira, que eu trouxe da minha família lá de Aiuruoca (sua cidade natal, com 6 mil habitantes, a 420 quilômetros de Belo Horizonte). Mas o acidente foi muito sério, quase fui embora. Isso mudou a minha postura. Virei uma pessoa mais simples e segura. Um dos “aprendizados” da fase de reabilitação foi dar o real valor aos problemas e “não fazer tempestade em copo d’água”. — Eu também fiquei mais objetiva, passei a dar o devido valor a cada coisa. Comecei muito jovem. Tudo aconteceu de forma rápida e não tive esse tempo de me reorganizar, de repensar quais eram as minhas prioridades — afirma a atriz.

O acidente ainda é recente, mas ela afirma já ter começado a botar em prática parte do que teorizou para a vida e a carreira. — É difícil falar: “Sei o que eu quero”. Mas eu sei, pelo menos até uma certa parte, o que quero. Claro que não tenho 100% de certezas. Pode acontecer um vento, amor, e mudar o que você planejou. E você tem que estar preparado para essa mobilidade da vida. Isso é bonito. Mas, de repente, eu estava ali, aos 26 anos  impossibilitada de exercer o que mais amo. Isso doeu. Aliás, o que mais a incomodou na fase em que deixou a vida em pausa, conta, “não foi perder campanha, não poder malhar ou deixar de ir às festinhas”. Ou mesmo não viajar ou não comparecer ao casamento de uma prima, “praticamente irmã”.

— O que mais me doeu, de verdade, foi não poder atuar. Aí eu vi que amo muito o que faço. Choquei! — . Na ocasião, Isis virou-se para sua mãe, Rosalba, e verbalizou o que sentia: “O que me deixa mais triste é ver um personagem ir embora e não ter como segurar”. Escalada para o longa “Divã 2”, rodado em maio, ela precisou desistir do trabalho, que ficou com Vanessa Giácomo, sua amiga. Outros convites surgiram e foram negados. — Estou no começo da carreira e perdi muitas oportunidades. Tive que trabalhar a minha cabeça para passar por esse período — assume.

Mas em momento nenhum ela cogitou desistir. Há oito anos na TV, Isis construiu uma trajetória ascendente: fará agora sua sétima novela, estrelou o filme “Faroeste caboclo” (2013) e um episódio da série “As brasileiras”, e ainda atuou em duas minisséries, “O canto da Sereia” (2013) e “Amores roubados”, em janeiro. — O meu pai tem orgulho e acha lindo o que faço, mas até hoje fala: “Quando você vai escolher uma profissão de verdade e fazer uma faculdade?”. Ele teve outra criação e acha que ser atriz é uma coisa frágil, instável. Já sua mãe, explica Isis, sofre com a falta de privacidade e os boatos envolvendo a filha. — Ela acha a fama um pouco cruel e, às vezes, eu também acho — opina. Foi com os pais que Isis ficou durante sua recuperação. Ela passou o primeiro mês no Rio e viajou para Aiuruoca, ou, como diz, “a roça”, onde permaneceu “sem TV, internet, telefone, nada”. Mesmo isolada, a atriz precisou lidar com paparazzi. — Um cara foi lá tirar fotos, achei um pouco invasivo. Eu estava de pé no chão, descendo a rua, usando colar cervical, com meus amigos, cabelo preso para cima, sem um pingo de maquiagem. Depois, numa cachoeira, vi um brilho vindo da mata. Era ele. Eu fiquei cho-ca-da! Mas tudo bem, né?

POLÊMICA COM CAUÃ 'VIROU PIADA'

A fama, Isis costuma dizer, “é algo que seduz e ilude”. Mas ela afirma administrar bem o fato de ser uma pessoa conhecida. — Aprendi isso depois de um tempo. Mas não concordo com o que as pessoas falam: “Esse é o preço da fama”. Ninguém está aqui para pagar nada. Por quê? Não existe isso, gente! Dizem: “Ah, você é uma pessoa pública”. Pública é praça, é estátua. Desculpa, eu não sou patrimônio público — reclama, subindo o tom. Ela afirma ser uma pessoa como outra qualquer, “com sentimentos, vontades, e desejos”. — Eu tenho a minha ética. Sobre os rumores que davam conta de um envolvimento com Cauã Reymond nas gravações de “Amores roubados”, no ano passado, ela é enfática: — Esse assunto já foi muito abordado. Prefiro não falar mais nada. Tenho coisas novas e interessantes para falar. Na entrevista coletiva de apresentação de “Boogie Oogie”, Isis ouviu de uma repórter que as mulheres dos atores estariam com medo de seus pares contracenarem com ela. A atriz respondeu com um “é sério?”. — Isso virou piada — afirma, ao comentar a saia-justa. — Sei que vão inventar mentiras, histórias. Na coletiva, falaram que virei as costas e saí andando. Vou fazer o quê? Desde que comecei, convivo com esse tipo de coisa. Já falaram que não paguei a conta de um show. Lógico que paguei. Mas vou ficar brigando? No começo da carreira, Isis achava possível controlar o que seria publicado sobre ela. Hoje, afirma não se afetar com o que dizem. — Alguém sempre cria uma primeira história inverídica. E, a partir disso, um assunto pula para outro. A vida da pessoa não pode ser normal? Tem que ter algum bafo, briga de casal.

ATRIZ ESCREVE LIVRO E VAI RODAR FILME NA EUROPA

O jeito de Isis encarar a vida ficará evidente nos textos do livro que ela escreveu no período em que ficou de molho. — Era um desejo antigo, mas eu falava: “Vou esperar ficar com o cabelo branco para alguém me dar credibilidade”. Aproveitei essa parada agora para escrever. Falei do livro com o Nelson Motta e ele me indicou uma editora, amiga dele. Autor de “O canto da Sereia”, livro que inspirou a minissérie homônima, estrelada por Isis, Motta diz que a atriz é inteligente e tem ambição artística. — Gostava da Isis em “Avenida Brasil” (2012), mas não achava que ela poderia fazer “O canto da Sereia”. Só que ela aprendeu a cantar em dois meses e foi espetacular — elogia o escritor. Atriz que contracenou com Isis na recente “Amores roubados”, Patricia Pillar usa os adjetivos intuitiva e intensa para descrever a amiga. — Ela está sempre inteira e presente nas cenas — afirma Patricia, que acompanha o trabalho de Isis desde “Sinhá Moça”: — Ana do Véu foi um personagem que fiz na primeira versão, e Isis já apresentou um trabalho cheio de nuances e humor ali. Ela se joga sem reservas nos personagens e é muito viva e livre em cena. Atuar em um espetáculo musical no teatro e rodar um filme na Europa, no ano que vem, estão nos planos de Isis. Agora, suas atenções estão voltadas para a Sandra de “Boogie Oogie”, mocinha “que vai para cima e não deixa as coisas barato”. Com direção geral de Ricardo Waddington e Gustavo Fernandez, a nova trama das 18h será ambientada em 1978. — Pesquisei o que estava acontecendo culturalmente e politicamente na época. E vi filmes como “Trapaça” — lista ela.

CADA PERSONAGEM TEM UM PERFUME

Isis não assistiu a “Dancin’ days”, uma das referências do autor Rui Vilhena, para “não ficar impregnada de uma só coisa”. A atriz baixou músicas daquela década e pesquisou um perfume para a personagem — ela faz isso em todos os trabalhos. No início do folhetim, Sandra recebe a notícia da morte do seu noivo já vestida de branco, na igreja. — Ela carrega um rancor, um ódio. E vai querer vingança. A personagem foi criada em equipe. Waddington, que também é diretor de núcleo de “Boogie Oogie”, e lançou Isis na TV, sugeriu um caminho para Sandra: — Ele me pediu para fazer a personagem mais doce. A Sandra estava firme demais. Mas tem uma fragilidade. Parece paradoxal, mas não é. Ela é frágil e tem uma força também. O novo trabalho está cercado de expectativas. — Tenho absoluta confiança de que Isis vai defender a personagem com unhas e dentes — aposta Waddington. A protagonista tem um registro completamente diferente de outras já vividas por Isis. — Ator tem que estar sempre atento aos personagens que elege — ensina a atriz.

Hoje, Isis tem status de estrela na Globo. E domínio de suas escolhas profissionais: — Nunca me submeti a fazer o que me dão. Isso passa do limite do respeito com o ator. Mas nunca tive que bater de frente. Sempre me deram ouvidos. A atriz prefere usar a sinceridade para dizer não. Com cautela e educação: — Não tenho temperamento explosivo e não bato boca. Sei o momento e o jeito de falar. Mas já aconteceu de recusar papéis algumas vezes. Quem vai viver todos os dias aquelas emoções, aquela história, não é a pessoa que escreve ou a que dirige. Diretor-geral e de núcleo de “O rebu”, José Luiz Villamarim quer voltar a trabalhar com Isis, que foi dirigida por ele em três sucessos: “Avenida Brasil”, “O canto da Sereia” e “Amores roubados”. O realizador conta que a atriz não foi escalada para a atual novela das 23h porque o papel que se encaixaria para ela, o de Duda (feito por Sophie Charlotte), seria muito próximo da Antônia, de “Amores roubados". — Eu dirigi o teste que ela fez para “Paraíso tropical” (2007). Isis surpreende por trabalhar no limite entre a emoção e a razão.

É uma pessoa profunda em suas paixões, no jeito de levar a vida. Ela não passou por um Antunes Filho ou um Zé Celso no teatro, mas constrói personagens diferentes pela intuição. Ela é do ramo — destaca Villamarim. Hoje, Isis se diz realizada “por estar viva” e ter a possibilidade de “fazer o que ama”. No caso dela, não é resposta clichê. — Depois do acidente, passei uns 15 dias abrindo os olhos e secando uma lágrima. Falava: “Bom dia, mãe; bom dia, céu; bom dia, mundo, estou aqui. Isso é forte. Você se sentir vivo — crê a atriz, preparada para a carga de trabalho de uma protagonista com até 12 horas de gravações: — Estou com energia guardada para gastar.



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