Justiça Miltar afasta oficial gay do Exército

Sayd foi acusado de ferir o decoro militar por ter tido um caso “fora da administração militar”

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O Superior Tribunal Militar decidiu nesta quinta-feira (11), por sete votos a três, reformar [aposentar] o tentente-coronel Osvaldo Brandão Sayd por ele ter tido um relacionamento homossexual com um militar subordinado. Sayd foi acusado de ferir o decoro militar por ter tido um caso ?fora da administração militar? com um soldado.

Para o relator do caso no STM, ministro José Américo, o comportamento do tenente-coronel ?denegriu? as Forças Armadas. Segundo ele, a condenação não se trata de coação devido à opção opção do militar, mas de punição ?excessos? incompatíveis com a função de oficial.

?A opção sexual não há de ser recriminada, mas excessos têm de ser tolhidos para o bem da unidade militar. Não se pode permitir liberalidade a ponto de denegrir o instamento militar?, disse o ministro. Américo, acompanhado de seis ministros, decidiram que o tenente-coronel ?não reúne condições de permanecer como militar em exercício? e, portanto, deve ser reformado.

Américo citou o depoimento do subordinado com quem o tenente-coronel teria tido relações sexuais. O soldado declarou que frequentou a casa de Sayd ?porque tinha medo. "Sendo o tentente-coronel meu chefe, ele poderia não me dar engajamento. Meu sonho sempre foi ascender nas Forças Armadas?, disse o soldado.

No entanto, a ministra Elizabeth Teixeira, revisora do caso, divergiu da opinião do relator. Para ela, a decisão da corte diz respeito, sim, à opção sexual de membros das Forças Armadas e que isso não pode ser motivo para afastar um militar. Elizabeth destacou que o tenente-coronel teve relações fora da administração militar e que, portanto, a opção sexual dele é uma questão de foro íntimo.

?O fato de o tenente-coronel ter tido relações sexuais com um subordinado fora da administração militar é comportamento que diz respeito apenas a uma questão pessoal, de foro íntimo, não afetando as Forças Armadas?, afirmou. Sobre a declaração do subordinado sobre a relação que mantinha com Sayd, Elizabeth disse que ele tem, por lei, direito de mentir ou não se manifestar para evitar a produção de provas contra si.

Para a ministra, ?rechaçar? um militar por ele ser homossexual é difundir o ?discurso do ódio?. ?Por que soldados homossexuais seriam menos valorosos do que os outros??, questionou. ?Afastar alguém das fileiras das Forças Armadas em virtude de sua orientação sexual é promover o discurso do ódio, quando é dever do Estado coibi-lo?, disse.

Segundo ela, se fosse o caso de um relacionamento entre um superior e uma subordinada, não haveria punição. ?Haveria no máximo uma infração disciplinar, e olhe lá?, disse Elizabeth.

A ministra citou países que admitem homossexuais no Exército, como Espanha, França e Suíça. Ela ressaltou que em nenhuma das pelo menos 24 nações que admitem gays e lésbicas há registro de uma deterioração no desempenho dos soldados.

?Porém, não estamos sozinhos, Estados Unidos, Irã, Cuba, Venezuela, Panamá, Uganda, Afeganistão,Turquia, Arábia Saudita, Sudão, Iêmen e outros que, sem querer causar incidentes diplomáticos, não cito como exemplos de democracia, também proíbem homossexuais no Exército?, ironizou a ministra.

Não cabe recurso da decisão de reformar o tenente-coronel, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) considera que trata-se de uma questão administrativa das Forças Armadas.



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