Mia Couto é movido por histórias e fala de processo criativo

No Salão do Livro do Piauí, Mia Couto falou de sua relação com o Brasil, do processo criativo

Mia Couto em entrevista ao jornalista Rivanildo Feitosa | Isabel Cardoso
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Um dos maiores escritores de língua portuguesa, Mia Couto esteve pela primeira vez no Piauí, onde participou da 20ª edição do Salão do Livro do Piauí (Salipi), ministrando a palestra "O Mapeador de Ausências". Antes da ministração, o escritor moçambicano conversou com a equipe do Meio Norte e falou de sua satisfação de estar no Nordeste e disse que a região tem muitas coisas próximas com suas raízes.

Mia Couto falou de seu contato com o Brasil e revelou que conhecia o país por meio da literatura e da música. Em sua casa havia livros de autores brasileiros e depois conheceu a música e citou Dorival Caymmi e destacou uma característica ímpar do brasileiro, a generosidade. Ele disse ainda ao público do Salipi que o noticiário não é a melhor forma para se conhecer o Brasil.

Mia Couto é movido por histórias e fala de processo criativo (Foto: Reprodução/ Twiiter Rivanildo Feitosa)

Mia Couto levou o público ao delírio quando contou a forma como iniciou na poesia e disse que a culpa foi de sua timidez. "Me apaixonava pelas meninas da escola e não conseguia dizer uma palavra", contou. 

Mia Couto conta que viveu uma sociedade colonial, viveu revolução que durou 15 anos, viveu guerras que era uma resposta que representava uma esperança e a poesia foi como uma arma, porque era um país que sonhava. 

"Dessa poesia utilitária, quando escrevi meu primeiro livro de poesia fui criticada pelos meus camaradas", contou, afirmando que a poesia é modo de olhar o mundo com mais respeito. É assim, com respeito, que Mia Couto olha para o mundo, sua terra, está atento às histórias, às pessoas e com esse olhar atento, ele encanta com sua poesia refinada, simples, direta e sem alegorias.

Mia Couto falou da forma como a natureza é encarada na África. O mar, as montanhas, as plantas têm alma e relatou que não vê fronteira entre a biologia e a literatura.

Mia Couto é movido por histórias e fala de processo criativo (Foto: Reprodução/ UFPI)

No Salipi, ele contou que como biólogo e escritor, durante a pandemia da Covid-19, fez parte da Comissão Técnica Científica de Aconselhamento do Governo. "A pandemia foi vivida no Moçambique com serenidade", disse, afirmando que não prevalece no país a ideia de final de mundo.

Em sua terra, como biólogo, é sempre apresentado às comunidades da zona rural como feiticeiro. Para o mundo, uma coisa ficou certa, Mia Couto faz magia com as palavras.

Nessa comissão, o escritor contou que o Ministério da Saúde recebeu um grupo de curandeiros que não sabia o que fazer diante do vírus. A proposta desses curandeiros era saber que língua falava para manter um diálogo. "O que traz a cura é o diálogo", disse, o autor, afirmando que "somos todos feitos de histórias".

Além da literatura, Mia Couto está trabalhando como roteirista.



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