Mulher foi expulsa de avião porque o filho de dois anos não parava de gritar

Na quinta-feira, a empresa pediu desculpas públicas a Pamela Root, 38 anos

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Imagine a cena: uma mulher entra num avião com seu filho de dois anos. O menino, excitado com a ideia de estar em um avião, começa a gritar sem parar que quer que ele voe logo. Vendo que os outros passageiros estão incomodados, ela tenta fazer o filho ficar em silêncio. Em vão. Um pouco antes da decolagem, ela e o garoto são retirados do avião pela tripulação. Ela perde a viagem. Isso aconteceu na semana passada, num voo da companhia americana Southwest Airlines, de Amarillo, no Texas, para San Jose, na Califórnia. Na quinta-feira, a empresa pediu desculpas públicas a Pamela Root, 38 anos, e lhe deu uma indenização de 300 dólares em vouchers de viagem. O argumento foi de que a tripulação teria retirado a mulher e o filho, Adam, porque o resto dos passageiros não conseguia ouvir as regras de segurança dadas pela aeromoça.

Achei a história surreal, por vários motivos. Primeiro pelo fato da mãe não conseguir calar o menino. Tenho dois filhos e não consigo imaginar uma situação em que eles agissem assim o que, agindo, não me obedecessem - por bem ou por mal - e parassem de berrar. Segundo porque, por mais que ele gritasse, é um absurdo eles terem sido expulsos. Pamela pagou a viagem e, bonzinho ou mal-educado, Adam é?uma criança.

O que me leva ao motivo de eu ter ficado sabendo dessa história. No site da revista Psychology Today, o psicólogo James Kaufman, da Universidade da Califórnia, escreveu o artigo Por que a sociedade odeia crianças? Acho que ele exagerou um pouco no título. Mas é interessante como ele descreve como a notícia sobre a expulsão de mãe e filho do voo da Southwest foi aplaudido em sites e blogs que falaram sobre o assunto. Opiniões raivosas sobre pais que não controlam seus filhos (o que não discordo totalmente, confesso, e me fez lembrar um ótimo post da Ruth), ataques a crianças em geral e ideias como: a mãe deveria ter posto um saco plástico na cabeça de Adam ou dado um remédio para ele dormir ou, ainda, ?deveria haver um botão de eject nesses casos?. Um leitor diz que os aviões poderiam ter, ?bem lá no fundo?, um espaço à prova de som, para pessoas com filhos. Por mais que soem como brincadeiras, tais comentários revelam uma irritação além da conta em relação a crianças e ao acontecido, sugere Kaufman.

Recentemente, por causa da apuração de uma matéria sobre casais que não querem ter filhos, ouvi algumas opiniões bastante agressivas a respeito de crianças. Por mais que isso não me faça achar que ?a sociedade odeia crianças?, não deixo de me irritar com essas atitudes. Inclusive conheço pessoas que detestam crianças, mas têm um impressionante amor por seus bichos de estimação, cujo cocô deixam nas calçadas para pisarmos - mas seriam capazes de aplaudir a expulsão do pequeno Adam do avião.

As matérias que li dizem que Pamela (na foto com o filho, em sua casa em San Jose, depois de toda a história) não vai processar a Southwest. Isso pra mim é o mais incrível de tudo.



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