Na pior? Luisa Marilac trabalha agora em hotel para homens

A experiência necessária para o cargo Luisa realmente não tinha comprovada na carteira profissional

Luisa Marilac agora é camareira de um hotel só para homens em São Paulo | Reprodução/ Instagram
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Luisa Marilac apareceu para o mundo curtindo uma piscininha e "uns bons drinque". Era 2010 e rapidamente o vídeo postado por amigos dela na internet tornou-se um viral, e a frase "Ainda teve boatos de que eu estava na pior" virou meme e até fala de personagem em novela. Luisa deixou a Espanha, onde morava, e frequentou vários programas de TV. Chegou a ser apresentadora do VMB, da MTV, em 2011, e seu futuro parecia próspero e glamouroso. Parecia...

Passados três anos da fama instantânea, Luisa trabalhava até uma semana atrás como camareira de um hotel em São Paulo. Agora, ela foi promovida a encarregada de serviços gerais. Ou seja, ela coordena toda a parte de limpeza do Chilli Pepers Hotel, um local exclusivo para homens na capital paulista. "Quando meu chefe me chamou, fiquei assustada, com medo do que ele iria falar. A gente sempre pensa o pior, né? Mas foi uma surpresa ouvir dele que eu estava sendo promovida", conta Marilac, que se orgulha do serviço prestado: "Em um dia, arrumei 118 camas!".

A experiência necessária para o cargo Luisa realmente não tinha comprovada na carteira profissional. Os muitos anos em que morou na Europa, no entanto, deram a ela certo traquejo e conhecimento. "Estou aprendendo muitas coisas, mas ensinando também. Nunca imaginei que teria capacidade para coordenar funcionários. Tenho nove sob minha supervisão e carta branca para demitir ou contratar", orgulha-se ela, que chegou a gravar um vídeo em abril deste ano incentivando outros travestis a tentar uma vaga no mercado formal.

Luisa conseguiu o emprego há quatro meses através de uma agência que posiciona travestis e transexuais no mercado de trabalho. Antes, porém, ela amargou um período bem dramático. Em 2013, Luisa - ou Ema Marilac como é conhecida nas redes sociais - estava desempregada, morando em um cortiço em Guarulhos, na Grande São Paulo, sem dinheiro, sem telefone, sem cartão de banco e sem bons drinques. Marilac estava na pior. "Foi um período horrível, tive que voltar a me prostituir para conseguir sobreviver. Entendi que a televisão é uma ilusão. Me prometeram muitas coisas, mas quando a fama passou, me esqueceram", conta ela, que não se arrepende nem um minuto de ter largado a "pista" como se refere às ruas nas quais comercializava o próprio corpo. "É claro que a pista me dava mais dinheiro. Só que deitar a cabeça no travesseiro sem o arrependimento e sabendo que no dia seguinte terei um emprego para o qual ir não tem preço. Tenho vale transporte, cesta básica, carteira assinada, plano de saúde. Onde teria isso na pista?", avalia ela, que viu seu salário inicial de camareira, de cerca de R$ 1,3 mil, quase triplicar.

Feliz com as novas perspectivas, Luisa Marilac mudou-se para uma casa de um quarto, sala, cozinha e banheiro ainda em Guarulhos, que divide com seu cão, e aos poucos pensa em deixá-la do seu jeito. "Tive que me desfazer de tudo o que eu tinha. Agora, aos poucos, quero deixar minha casa com glamour para receber meus amigos e quem sabe um bofe novo, porque estou precisando de um namoradinho", planeja ela, que não se intimida com as dificuldades: "Acordo às 4h, tomo meu banho, coloco meu uniforme e pego o ônibus às 4h40m. Chego ao hotel meia hora antes para verificar tudo e trabalho a partir das 8h. Ninguém acreditava em mim. Mas sou trabalhadora. Já estive na pior e não foi boato. Agora o céu é o limite".



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