Séries indianas sobre crimes reais têm apelo sinistro

De acordo com a terapeuta Seema Hingorrany, as séries que abordam crimes reais viciam por desencadear a liberação de certas substâncias químicas do bem-estar no cérebro.

O Mistério das Mortes de Burari | Divulgação Netflix
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Uma jovem indiana, cujo nome fictício é Rakhi, estudante de Psicologia, que reside na capital financeira da Índia, em Mumbai, afirma que é fã de séries sobre crimes reais e o motivo é gostar de observar como funciona a mente de um criminoso.

Ela declarou que fica em pânico ao percorrer as ruas desertas durante a noite e, por isso, sempre olha por icma do ombro para comprovar que ninguém está em sua volta. Ela teme pela segurança;

O Mistério das Mortes de Burari (Divulgação Netflix)

Ela figura entre milhares de indianos que estão obcecados com séries populares a respeito de crimes reais ou com podcasts criminais indianos em plataformas de streaming.

Para os fãs, essas séries criam um léxico de criminosos e crimes indianos que antes não havia. Rakhi, que cresceu assistindo e lendo sobre assassinos em série americanos como Jeffrey Dahmer ou Ted Bundy, diz que "agora fala sobre Charles Sobhraj e Jolly Joseph".

Gênero não é novidade na Índia

O gênero denominado “true crime”, ou seja, de programas sobre crimes reais, não é novo na Índia. Nos anos 2000, revistas já traziam relatos de detetives que se inspiravam em crimes da vida real para suas tramas.No entanto, esses programas traziam gráficos e diálogos que inspiravam humor em vez pôr medo e causar o terror.

Segundo os fãs, as séries da atualidade são mais envolventes e informativas, exploram os antecedentes e a mentalidade do criminoso e apresentam várias perspectivas sobre o caso.

De acordo com a terapeuta Seema Hingorrany, as séries que abordam crimes reais viciam por desencadear a liberação de certas substâncias químicas do bem-estar no cérebro. "Elas permitem que você experimente indiretamente situações extremamente emocionantes e assustadoras sem realmente se colocar em perigo", diz ela.

As séries indianas geralmente usam imagens gráficas para chamar a atenção. Na série documental O Estripador de Déli, uma cena do assassino desmembrando um corpo (que está fora da imagem) é repetida várias vezes.

Para a diretora Ayesha Sood, retratar a violência de uma forma chocante foi uma decisão consciente, com a ressalva de que a violência seria sugerida em vez de realmente mostrada e declara ainda que programas de crimes indianos permitem conversas importantes sobre a criminalidade e sua origem no país.

Mulheres são alvos

Fã do podcast O Crime de Desi, Sukoon Tyagi, a respeito de crimes na Índia e outros países da Ásia, diz que o podcast a tornou mais vigilante sobre sua segurança e ela passou a prestar mais atenção na forma como a vítima escapou.

Para Tyagi, o podcast reflete uma realidade que ela sempre conheceu. Ela mora em Déli, cidade conhecida por seu alto índice de criminalidade. De acordo com o último relatório do escritório nacional de registros de crimes da Índia, duas meninas menores de 18 anos são estupradas por dia em Déli (dados de 2021).

Conforme alguns estudos, as mulheres são mais inclinadas a consumir conteúdo sobre crimes reais porque elas tendem a se identificar com a vítima, que na maioria dos casos, é mulher. A série também ajuda a entender a razão por que o crime foi perpetrado e o que elas poderiam fazer para se salvar.



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