Iraneide Soares da Silva: a representante da Uespi na transição de Lula

Professora é ativista e tem perfil técnico de excelência, atuando atua na área de Ciência e Tecnologia

Iraneide Soares da Silva, pesquisadora negra, ativista e professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) ganhou os noticiários no dia 16 de novembro ao ser nomeada para a equipe de transição do Governo Jair Bolsonaro para o Governo Lula.

Iraneide vai atuar na área de Ciência e Tecnologia, contribuindo com sua área de especialidade. O anúncio foi feito por Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito do Brasil na chapa vencedora do segundo turno.

Natural da cidade de Condado, localizada na zona da mata, no Norte de Pernambuco, Iraneide mora no Piauí há 13 anos, onde passou a última década dedicada à UESPI. Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Iraneide também é mestra em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e possui graduação em História pelo UNICEUB (DF).

Considerada uma autoridade na área de estudo em que atua, a professora Iraineide está, atualmente, no Núcleo de Estudos e Pesquisas em História e Memória da Escravidão e do Pós-Abolição da UESPI. Além disso, nacionalmente, é presidente da Associação Brasileira de Pesquisadoras e Pesquisadores Negros (ABPN).

Como pesquisadora, Iraneide estuda a educação em um contexto de relações étnico-raciais. Além disso, ela tem se debruçado para o estudo de mulheres negras afro atlânticas, além de cidades negras do século XIX. Para NOSSA GENTE, uma representante do Piauí à altura para a transição federal, com o perfil técnico necessário para fazer um bom trabalho.

Jornal Meio Norte: Quando você decidiu que seria professora?

Iraneide Soares da Silva: Quando fiz meu primeiro vestibular na UFRN [Universidade Federal do Rio Grande no Norte], ainda nos anos 80. Quando adolescente eu queria ser jornalista, pois gostava muito de ler jornal e escrever, daí achava que seguiria naquele campo. Sempre gostei de ler tudo. Ler para mim sempre foi terapia e diversão.



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“Eu sempre gostei dos segmentos não convencionais. Iniciei minha vida docente em projetos voluntários de alfabetização de adultos na periferia de Natal. Depois fui trabalhar em creches com crianças, depois fui para a educação especial, onde trabalhei durante 8 anos com crianças e adolescentes surdos."
Iraneide Soares da Silva

JMN: E quando decidiu que seria professora de história?

ISS:  A história entra na minha por paixão pela história do Egito, quando estudei ainda no ensino fundamental. Encantei-me e, depois disso, nunca mais pensei em outra coisa. Ser professora foi consequência.  Nesse sentido, eu sempre gostei dos segmentos não convencionais. Iniciei minha vida docente em projetos voluntários de alfabetização de adultos na periferia de Natal, Rio Grande do Norte.  Depois fui trabalhar em creches com crianças, depois fui para a educação especial, onde trabalhei durante 8 anos com crianças e adolescentes surdos em Natal.  Esse trabalho com surdo se deu no Centro SUVAG do Rio Grande do Norte. Do SUVAG para o mundo.

JMN: Você pode contar um pouco sobre sua trajetória na militância?

ISS: Nesse processo, dos anos de 1990 e 2000, eu morava em Natal e era bastante atuante na  agenda política local e nacional junto ao movimento negro e de mulheres negras. Essa atuação política me levou a muitos lugares e me ensinou bastante. Dos movimentos de articulação nacional, os mais importantes que eu estive a frente foram os primeiros Fóruns Sociais Mundiais que ocorreram no Brasil, entre 1999 e 2000, em Porto Alegre. O Movimento Brasil Outros 500, rumo à porto seguro, na Bahia, o movimento preparatório à terceira Conferência Mundial Contra o Racismo, Xenofobia e Outras Formas de Discriminação, ano 2000, que culminou com a Conferência na África do Sul, onde fui como membra da delegação brasileira. Foram também importantes os movimentos de formação da juventude no âmbito do Partido dos Trabalhadores (PT), no qual sou filiada desde de 1996, pelo diretório municipal de Natal,  Rio Grande do Norte. No PT, fui secretária Municipal de Combate ao Racismo em 1999 e fiquei até 2002. Em 2003, com a vitória nas urnas do presidente Lula, fui para Brasília onde atuei na ouvidoria do gabinete da então ministra da assistência social, Benedita da Silva.  De lá, fui convidada a contribuir com a pasta do ministério da educação na extinta Secad, onde fiquei até 2007, quando saí para cursar mestrado na UFC e seguir outros caminhos, sobretudo a carreira acadêmica em mira.

JMN: Quais seus planos futuros após a transição?

ISS: Espero contribuir para o sucesso do governo e, por conseguinte, da população brasileira.

JMN: De que forma você está atuando na equipe?

ISS: Estou atuando na transição a partir do meu campo de pesquisa em interação com a pasta das ciências e tecnologias.

JMN: Você hoje integra a equipe de transição do Governo Federal, a convite do vice-presidente Geraldo Alckmin. Como é representar o Piauí nesse processo?

ISS: Sinto-me muito honrada em representar a UESPI e o Piauí.

JMN: Como começou sua história com a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) até se tornar professora?

ISS: Casei com um piauiense em 2009 e vim parar aqui, onde ajudei a fundar o AYABAS,  Instituto da mulher negra do Piauí. Por meio de seletivo, entrei na UESPI em 2010 como professora e, em 2012, fiz concurso público para efetivo, sendo efetivada em 2014. Na UESPI, eu coordeno o Núcleo de Estudos e Pesquisa em História e Memórias da Escravidão e do Pós-Abolição.

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