Mauro Eduardo faz história na luta pela acessibilidade

Mauro Eduardo Cardoso e Silva é secretário estadual da pessoa com deficiência e entre projetos importantes destaca os projetos Praia Acessível e Um Passo à Frente, além da construção de centro de reabilitação, em Parnaíba

Mauro Eduardo Cardoso e Silva, natural do município de Amarante, Meio Norte do Piauí, nasceu no dia 2 de agosto de 1975. Tem origem simples. Morou durante algum tempo no interior do maranhão, no Povoado Pequizeiro, em São Francisco do Maranhão. Junto ao Governo do Estado do Piauí, ocupou cargos públicos até chegar à Secretaria de Estado da Inclusão da Pessoa com Deficiência (Seid).

Mauro Eduardo é a primeira pessoa com deficiência a chegar ao cargo de secretário de estado. O cargo, conquistado com suor e competência, vem da militância de anos em entidades de apoio ao grupo em que faz parte. Com total lugar de fala, o secretário mostra que o Piauí precisa evoluir muito em acessibilidade. Quando fala-se em acessibilidade, também é preciso falar de atitude. Muito depende das próprias pessoas, que por conveniência estacionam em vagas exclusivas, por exemplo. Para além disso, as ruas e calçadas não ajudam na locomoção. Muito precisa mudar.


Na gestão, realiza projetos de inclusão e cidadania

Junto à Seid, esteve à frente de projetos de sucesso. Como a Praia Acessível, que trouxe pessoas com deficiência de outras regiões do Brasil para a Praia de Atalaia, em Luís Correia. Ou a carreta ortopédica, que faz busca ativa de pessoas com deficiência no interior que precisam de uma prótese ou cadeira de rodas. Em meio a vários desafios, o secretário mostra os rumos para um Estado que precisa avançar no atendimento à pessoa com deficiência. Apesar dos avanços, eles merecem mais. E o secretário está incluso no pronome.



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““É minha obrigação melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Não quero que digam que a primeira pessoa com deficiência que chegou lá não fez nada”"
Mauro Eduardo

JMN: Quais os principais desafios?

ME: Existem dois pontos. A acessibilidade atitudinal e a arquitetônica. Quando falo atitudinal, falo do respeito à vaga com pessoa de deficiência. Estão sempre ocupadas por aquele que vai ali e volta daqui há pouco. O próprio empresário não pinta a vaga direito. Por isso que no começo do governo fizemos campanhas neste sentido. Outra coisa: transporte público. Apenas 53% da frota do transporte coletivo da capital está acessível, o que é muito pequeno. Falta melhorar bastante.

JMN: O Piauí foi pioneiro no banho de mar para pessoas com deficiência. Como acontece isso?

ME: O direito ao lazer está garantido. Nosso Projeto Piauí Praia Acessível, na Praia de Atalaia, temos uma sede administrativa com toda a estrutura, que inclui cadeiras de roda anfíbias, próprias para banho de mar, além de uma rampa de 70 metros que vai até o local de banho. Em julho recebemos turistas de vários locais, como o Maranhão e Pará. Ficaram encantados.


JMN: Quais os principais trabalhos da Seid no momento?

ME: Ao longo desses anos fizemos muita coisa. A exemplo do Centro de Reabilitação em Parnaíba, que está praticamente concluso. Até o final do ano vamos entregar. Estamos concluindo outro em São João do Piauí, inclusive vamos fazer uma visita lá, pois está com mais de 50% executada. Além disso, o Projeto Um Passo à Frente, que viabiliza órtese, prótese, cadeira de rodas sem que a pessoa precise sair do interior. Temos uma carreta, que é uma oficina itinerante, que faz a busca ativa de pessoas que precisam. Fomos a 90 municípios e atendemos mais de 10 mil pessoas com deficiência. Nossa meta é chegar a todos os municípios do Estado.

JMN: Há algo importante no seu cargo. Você é uma pessoa com deficiência à frente da Seid, tem lugar de fala...

ME: É exatamente isso que você falou. Eu me cobro muito. Sou a primeira pessoa com deficiência que assume um cargo de secretário estadual aqui no Piauí. Então penso: “meu Deus!”. É minha obrigação melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Não quero que digam que a primeira pessoa com deficiência que chegou lá não fez nada.


JMN: O que mudou em sua vida de lá para cá?

ME: Hoje sou formado em Administração de Empresas. Sou casado, tenho uma filha de três anos. Ao longo do tempo, diante de dificuldades, vamos rompendo barreiras.


JMN: Como iniciou sua vida política?

ME: No ano de 2003 fui convidado pelo Governo do Estado, através da deputada Rejane Dias, que estava como coordenadora da Seid, que na época ainda era coordenadoria, para ocupar o cargo de coordenador de acessibilidade da Seid. Trabalhei nas duas gestões. Fui convidado para ser assessor parlamentar durante quatro anos, depois Wellington Dias assumiu o Governo novamente. Ele me convidou para assumir a Secretaria de Estadual para Inclusão da Pessoa com Deficiência [Seid]. Quando ele foi reeleito, fui reconduzido. Também já fui indicado para ser conselheiro do Conselho Nacional de Defesa das Pessoas com Deficiência, em Brasília. Além disso, também faço parte da Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos, também com sede em brasília.

JMN: Quando você veio para Teresina?

ME: Vim para Teresina na década de 90. Vim para estudar. Então conheci alguns colegas com deficiência que trabalham na Sociedade de Apoio aos Deficientes Físicos, que prestava serviço aos Correios. Então entrei como terceirizado lá nos Correios. Com os amigos, tivemos a ideia de fundarmos uma entidade: a Associação dos Deficientes Físicos de Teresina. Fui presidente em dois mandatos.


Jornal Meio Norte: O senhor é uma pessoa com deficiência. Conte sua história...

Mauro Eduardo: Eu morava em São Francisco do Maranhão, no Povoado Piquizeiro. Em 1975 começaram a despertar as vacinas contra a poliomielite, a paralisia infantil. Mas como eu morava em uma região afastada, tinha a falta de informação. Então aos cinco anos contraí a doença. Fiquei com sequela na perna, eu não andava. Até os 15 anos comecei a andar de muleta, então forcei os ossos da coluna e desenvolvi escoliose. Fiz uma cirurgia, aos 17 anos, e hoje uso uma prótese que permite a locomoção sem muletas.


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