Naza levou sua arte para o mundo

Artista que mora nos Estados Unidos desde 1985 fala sobre sua carreira, o envolvimento com a arte e como tem enfrentado os desafios atuais

Maria Nazareth Maia Rufino McFarren é um dos nomes importantes das artes plásticas do Piauí. Conhecida simplesmente como Naza, ela nasceu em Santa Cruz do Piauí e reside nos Estados Unidos desde 1985. Atualmente, mora na Flórida, de onde concedeu entrevista para o Nossa Gente, do Jornal Meio Norte.

Desde criança, ela descobriu o talento artístico e um de seus primeiros trabalhos que fez foi um retrato de Jacqueline Kennedy. "Peguei aluns materiais que minha irmã mais velha havia trazido de Teresina e pintei dois retratos em papel A4", relembra.


Naza explorou diversas técnicas e temas

Eclética e criativa, Naza já trabalhou com diversas técnicas, transitou por vários temas, como animais em perigo de extinção, animais silvestres, abstratos e a figura humana. Ao Nossa Gente, a artista fala de sua carreira, do desafio de passar por essa pandemia que assola o mundo e como a arte foi afetada por este mal.



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“"Quando fiquei essa temporada no Brasil, que começou mais ou menos em 2008, eu fiquei impressionada com as mudanças dos valores""
Naza

JMN: Como está sendo para você, como pessoa e artista, passar por essa pandemia?

Naza: Está sendo dificílimo. Numa situação como esta, a última coisa que as pessoas pensam em comprar é arte.

JMN: O que o público pode esperar da Naza ainda em 2020?

Naza: Podem ter certeza de que se essa coisa me pegar, eu não vou ficar sem brigar. Kkkkk


JMN: Quais são seus próximos desafios?

Naza: Meu próximo desafio é sobreviver a esta pandemia. Sou do grupo de altíssimo risco. Uma vela no vento.


JMN: Você levou suas pinturas das telas para roupas? O que essa transposição trouxe para sua carreira?

Naza: No começo do projeto, eu estava tentando criar um "emprego" para mim, dentro de minha própria arte. Não precisava deixar de me dedicar à minha arte para trabalhar como empresária de minha própria carreira. Mas só agora eu vejo que o que ganhei de melhor dessa experiência foi a capacidade de criar minha arte no computador e transferi-la para qualquer superfície, sem mudar o estilo. Consigo criar efeitos iguaizinhos aos quadros a óleo sobre tela, consigo fazer "gatos e sapatos" com a imagem, sem usar as ferramentas sutomáticas do programa. Eu realmente uso o mouse como se fosse um pincel.


JMN: Como você define seu estilo de pintura?

Naza: Ainda considero "Abstracted Realism" (figurativo abstrato).


JMN: Naza, quais temas e técnicas você já trabalhou em sua arte?

Naza: Comecei desde cedo com tinta a óleo sobre tela. Mas experimentei acrílico e aquarela e até técnica mista. Agora mesmo estou em uma fase evolutiva. Estou desenvolvendo trabalhos em meu estilo, mas usando tecnologia para fazê-los. Uso o computador para criar vários trabalhos que me fascinam. Chegou um ponto em que eu não tenho que provar que consigo pintar uma coisa ou pessoa "igualzinha". Uma câmera também consegue retratar igualzinho. O que sempre considerei importante em minha arte é o que crio e modifico a meu bel prazer, seguindo minhas emoções e o subconsciente, e não o fato de que sei imitar uma câmera. Por isso, quando estou fazendo estes novos trabalhos, posso passar muito mais tempo me dedicando à criação e a interpretação do que a copiar a realidade. Os temas foram e ainda são figura humana, animais em perigo de extinção, animais silvestres em geral, abstratos, e qualquer assunto mais.


JMN: Você tem pinturas de pessoas importantes, como Ayrton Senna, Barack Obama, dentre outros. Quais outras personalidades você já retratou?

Naza: Viviane Senna, Chico Bento (kkk), Ivo Pitanguy, Ivana Trump, Lulu Santos e alguns outros.

JMN: Dos tempos que passou fora, quais diferenças você encontrou em seu País e Estado?

Naza: Quando fiquei essa temporada no Brasil, que começou mais ou menos em 2008, eu fiquei impressionada com as mudanças dos valores, da ascensão da classe mais pobre, o quase desaparecimento dos mendigos que se amontoavam na rua  quando eu morava lá, empregada doméstica estudando na universidade, ganhando salário mínimo e tendo folga no domingo, a preocupação das pessoas com o meio ambiente, menos racismo, (embora esteja ainda muito longe do ideal). Muita coisa que eu não tenho capacidade suficiente para julgar quais foram as razões dessas mudanças. Não sei se foi uma evolução natural e geral da sociedade, pelas pessoas estarem mais em comunicação com o mundo inteiro, ou se foi a combinação de medidas sucessivas de vários governos. Na verdade, morando na Flórida a gente fica a par de tudo que acontece no Brasil quase simultaneamente e eu viajava muitas vezes por ano para pintar retratos lá e para visitar a família. Só fiquei quase sem contato quando estava nos outros estados.


JMN: O retorno ao Brasil, ao Piauí quando foi e por qual motivo?

Naza: Eu cheguei a morar temporariamente em Teresina, mas foi um período breve.  Durante alguns anos, passei muito tempo no Brasil por causa de um projeto que estava tentando desenvolver (Arte Para Usar). Depois "engavetei" o projeto, não sei se um dia vou reativar. Quando fiquei a temporada no Brasil, dividia o tempo entre Teresina, Fortaleza, São Paulo, Recife e até passei bastante tempo em Picos, no seio da família.


JMN: Qual a importância desse tempo nos EUA para sua carreira?

Naza: Eu desenvolvi mais o lado profissional. No Brasil, eu atuava um tanto desleixada, sem uma postura muito profissional. Meu currículo era escrito em uma folha de papel, escrito em máquina datilográfica e com rasuras. Não tinha um álbum com exemplos de meu trabalho, quase não tinha fotos.


JMN: Como ocorreu a sua ida para os Estados Unidos? Quanto tempo ficou na América do Norte e em quais cidades morou?

Naza: Estou nos Estados Unidos desde março de 1985. Vim para cá porque era casada com um americano e quando ele voltou, eu tive que ir também. Era minha família. Morei primeiro em Saint Thomas, depois em Ohio, depois numa base americana do Panamá, depois em Arlington, que fica na área de Washington DC, depois em North Carolina, e agora moro na Flórida.


JMN: Você nasceu em Santa Cruz do Piauí, o que sua pintura retrata de suas raízes, do sertão, do semiárido?

Naza: Eu já pintei vários quadros que eu chamo de "raízes". A maioria abstrato, mas tem um que é muito recente, em que o assunto está muito óbvio (figurativo-abstrato). Se chama "Chapéu de Couro".


JMN: Quando você começou a pintar?

Naza: Acho que tinha uns 9 anos. Mas só comecei a considerar a arte como carreira em Brasília, em 1976.


Jornal Meio Norte: Quando você descobriu o talento e a vocação para as artes plásticas?

Naza: Descobri o talento para pintura desde criança. Desenhava nos cadernos da escola, desenhava o perfil de meu pai, e, uma vez peguei alguns materiais que minha irmã mais velha havia trazido de Teresina e pintei dois retratos em papel A4. Era um de Jacqueline Kennedy e o outro era Nelson Rockefeller. A história é longa.


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