Quaresma: vocalista fala sobre a vida e projetos

Em pleno vapor, a Validuaté completa 15 anos de olho no futuro, com a expectativa de novos lançamentos. Quaresma, por outro lado, envereda também pelo cinema, desenho e publicidade.

José Quaresma Campos Filho nasceu no dia 27 de novembro de 1982 em União… Não, pera. Em Caxias? Eis uma revelação de um dos nomes por trás do Validuaté, banda piauiense que mantém uma legião de fãs desde os tempos do Orkut. A demora em assumir o lado maranhense foi a busca por concretizar uma personalidade artística do município ao Norte do Estado.

O Quaresma, como é conhecido em toda a cidade, tem raízes até no sertanejo, apesar de fazer um som que tende ao cenário indie brasileiro. Foi Leandro e Leonardo que ensinaram ele a cantar, ainda nos programas de auditório de Sílvio Santos. Daí ele não parou mais e ajudou a montar o Validuaté, banda que tem lugar cativo no coração dos teresinenses.

15 anos de olho no futuro, com a expectativa de lançamentos

Em pleno vapor, a Validuaté completa 15 anos de olho no futuro, com a expectativa de novos lançamentos. Quaresma, por outro lado, envereda também pelo cinema, desenho e publicidade. Mesmo com mudanças na formação, a banda ainda tem gás de sobra e anseia por mais.

Para NOSSA GENTE, o artista fala sobre anseios profissionais, o mercado fonográfico e a expectativa de tornar o Validuaté uma banda nacional em meio a um mercado cada vez mais nichificado. O sonho de tocar em grandes festivais mantém acesa a chama da Validuaté, que já possui uma discografia de gente grande.



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““Mas meu universo é no Piauí. Sou um piauiense que nasceu no Maranhão. Se um dia eu ficar famoso vão brigar por isso, os dois estados”"
José Quaresma

JMN: É verdade que você não é piauiense?

JQ: Agora a revelação! [risos] Saí de Caxias, para morar em União. Mas meu universo é no Piauí. Sou um piauiense que nasceu no Maranhão. Se um dia eu ficar famoso vão brigar por isso, os dois estados. Pouca gente de Caxias sabe que sou de lá. Mas Caxias já tem muita gente importante, deixa eu fazer o nome de União? Precisamos de referências aqui. O Maranhão tem muita força. Tem Alcione! Sou maranhense, mas minha vida toda é Piauí, porque foi o Estado que me fez.

JMN: E a vida paralela do Quaresma?

JQ: Fui professor depois que formei em Letras. Depois migrei para um mercado diferente, o de publicidade. Um amigo convidou para começar a trabalhar com ele, apesar de não ter formação de publicidade. Mas eu poderia contribuir com textos, compondo jingles, ideias, desenhos. Hoje também sou desenhista. Estou ligado ao audiovisual, aprendi a editar, fiz cursos de cinema e estou enveredando para essa área também. Estou dividido entre a música e o cinema. Estou com muitos planos, mas preciso estudar mais e saber como capitalizar projetos. Até próxima década sai um filme.

JMN: Você foi um compositor tardio. Como foi teu despertar para esse lado?

JQ: Meu estímulo foi realmente o Festival. Eu não me considero um poeta. Dizem que o ofício do letrista e do poeta é o mesmo, mas eu faço tudo pensando para a música. Mas hoje componho, pensando na banda. Eu tenho mais facilidade com melodia. Recebo letras e faço a música. Tenho alguns parceiros. Não sou um compositor de muitas músicas. Estou focado em apresentar bem.

JMN: O Orkut foi fundamental para construir o público da Validuaté?

JQ: Sim! Tínhamos uma comunidade, que tinham um comportamento bem diferente do que tem hoje. A interação era mais misturada, coisa que não dá em fan-page. Conseguimos renovar o público. Tem muita gente nova, inclusive filhos de amigos. Somos muito gratos por isso.

JMN: Teresina é carente na produção fonográfica?

JQ: Nós temos bons estúdios, mas um mercado reduzido. O mercado mudou total. Vender disco é uma resistência e esforço. Tem toda uma força contrária da indústria. Quem compra CD vai ouvir antes? Notebook não tem mais CD. Carro só vem bluetooth. O artista não pode espernear. A indústria não fabrica nada para tocar CD. Fabricam para tocar vinil. O vinil voltou, quem sabe não tem um do Validuaté também? O som do vinil é muito mais abrangente, tem graves. Tem que respeitar. O CD disputa com o digital, que está aí no streamming. Nascemos em uma era digital, através do MySpace. Do orkut…

JMN: Quais os planos da banda?

JQ: Estamos com quatro discos. Três de estúdio, um ao vivo e agora lançamos o Estúdio Show Livre, que lançamos ano passado. Está em vídeo e áudio nas plataformas digitais. Tem música do disco novo, do ep e dos discos. Na nossa comemoração de 15 anos, com direito a bolo e príncipe [risos], vamos fazer um show bem bonito no Theatro 4 de Setembro para quem nos acompanhou. Vamos reunir o máximo dessas pessoas. Depois, no segundo semestre, vamos começar a lançar singles até um novo álbum. Para o mercado pop, o single é a melhor coisa porque é uma experiência. Principalmente quem não tem projeção nacional. Já temos três discos, com um cancioneiro legal. O próximo disco deve sair ano que vem. Queremos entrar em circuitos maiores, como o Natura Musical. Já nos inscrevemos e continuamos tentando. É a oportunidade de lançar algo com produtor e estrutura.

JMN: Como está a situação a banda atualmente? São muitos fãs?

JQ: A Validuaté seguiu seu caminho e conseguimos, sim, ao longo de 15 anos solidificar um trabalho e público. Mas há muito o que fazer. Precisamos tocar em mais festivais. Nunca paramos. Fizemos um mega show da Praça da Ponte Estaiada. As pessoas ficam muito ligadas no Instagram, mas é algo que se perde. O conteúdo é muito rápido. Não temos uma estrutura comercial para fazer um marketing com mais força. Estamos nos organizando para isso. Tivemos mudanças na formação, vários saíram porque tinham outros caminhos.

JMN: Quando falam em banda de Teresina, sempre citam o Validuaté, apesar do nicho alternativo. Vocês se consideram um espelho para outras bandas?

JQ: Nosso som é bem alternativo. Nosso universo é o underground, o indie. Outras bandas fizeram o trajeto que fizemos e chegaram mais longe. Temos bandas de Teresina que tocaram no Rock In Rio, ou chance de gravar em São Paulo. O Narguilé Hidromecânico tem uma história importantíssima. O “Forró do Molambo” é um marco. Tocava na Transamérica junto com a galera do pop-rock nacional, entre um Titãs e Mamonas Assassinas.

JMN: Quando nasceu a Validuaté?

JQ: Em 2004 já tínhamos algum repertório, com umas seis músicas. Já daria um EP, coisa que gravamos um ano depois. Queríamos apresentar músicas autorais no repertório da noite, mas não havia impacto como em um festival de música nova. Vimos que tinha uma diferença do público. No barzinho queriam ouvir Caetano e Raul, mas queríamos mostrar nosso som. Então paramos de concorrer no Festival, porque mais gente nova deveria aparecer, e porque queríamos dissociar o nome do repertório da noite. Aí surgiu o Validuaté, baseado na validade do papel do biscoito. Com uma proposta nova, ninguém poderia nos cobrar repertório e pedir um Zé Ramalho. A proposta era autoral. Então começou uma carreira profissional dentro do microcosmo de Teresina.

JMN: Como você chegou em Teresina?

JQ: Vim para Teresina para estudar Letras Português na UFPI e Letras Inglês na UESPI. Ali, tive acesso ao Festival Chapadão. Bem antes de vir para cá, na verdade, parei de cantar para estudar para o vestibular. Retomamos quando já morava aqui, como Papel de Parede, cantando em restaurantes e shoppings. Mas de 2002 a 2004 concorremos o Chapadão, isso eu já fazia. A primeira música que fiz foi Bicho do Mato, que entrou no primeiro disco do Validuaté. Sempre íamos para a final, mas nunca ganhávamos. Ainda como Papel de Parede.

Jornal Meio Norte: Você sempre gostou de música?

José Quaresma: Acho que sempre gostei de cantar. Desde criança eu assistia ao Programa do Sílvio Santos, com duplas calouras. Era a época do sertanejo. Eu brincava de fazer dupla com meus colegas. Mas como sabia fazer a primeira e a segunda voz, já tinha uma certa habilidade para cantar, eu acabava fazendo só a segunda. Mas cantar mesmo profissionalmente foi na virada do século, de 1999 a 2001. Começamos a fazer um grupo em União. Eu, Fernando Silva e Aguinaldo Júnior, que foram integrantes da Validuaté até 2016. Fizemos um grupo chamado Papel de Parede. Era basicamente uma banda de violões, sendo que eu não tocava. Cantávamos repertório da noite, mas com algumas composições. Até então eu só cantava.

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