Ubiracy Sabóia: Paixão pelo jornalismo e música

O Jornal Meio Norte entrevistou familiares e amigos de Ubiracy Sabóia e preparou essa edição do ‘Nossa Gente, como homenagem póstuma ao comunicador

Morreu no início da semana o jornalista Ubiracy Bezerra de Sabóia, de 46 anos, vítima de complicações de um câncer no intestino. O jornalista descobriu o câncer em junho de 2019, quando iniciou o tratamento, mas devido à agressividade do tumor, Ubiracy não respondeu às sessões de quimioterapias. No final do mês de janeiro, o jornalista passou por uma nova cirurgia, e depois de ficar alguns dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), voltou para o quarto, mas semana passada havia retornado à UTI e não resistiu.

Em busca da cura, os médicos piauienses chegaram a encaminhar o caso de Ubiracy para tratamento em São Paulo, além de exames nos Estados Unidos. Por conta dos altos custos, a família organizou uma arrecadação virtual para os custos, que atingiu a meta através da doação de amigos e admiradores do jornalista, formado em Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal do Piauí (Ufpi).


Bira trabalhou em TV, rádio e tinha blog sobre bastidores da política

 Ubiracy Sabóia era conhecido como Bira, pseudônimo que utilizou na profissão como “Blog do Bira”, uma coluna sobre os bastidores da política piauiense, que começou no jornal impresso e depois virou um site próprio. Ele também passou por canais de TV e rádio, era servidor público concursado da Secretaria Estadual da Inclusão da Pessoa com Deficiência (Seid) e também foi professor em cursos de comunicação social. Ubiracy também foi membro da Academia Piauiense de Jornalismo, ocupando a cadeira que era de seu pai. Ele construiu uma carreira de mais de 20 anos em cima do jornalismo político, sua maior paixão.

Filho do saudoso jornalista Pires de Sabóia, que morreu em agosto de 2013, vítima de infarto aos 68 anos, com quem aprendeu o amor pela notícia. A mãe de Ubiracy, Dorotéia Bezerra de Sabóia, faleceu cinco anos depois em Fortaleza, também vítima de infarto. Ubiracy, que também, era instrumentista deixa a esposa Alessandra Brandim, a filha Tarsila e o irmão, Iratan Sabóia.

O Jornal Meio Norte entrevistou familiares e amigos de Ubiracy Sabóia e preparou essa edição do ‘Nossa Gente’ como homenagem póstuma ao comunicador por sua contribuição na construção de um jornalismo sério e comprometido com a verdade por mais de duas décadas.



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““Durante esse momento final da vida foi uma pessoa que nunca se queixou, nunca reclamou, nunca praguejou, então uma pessoa de muita força e fibra, além de uma pessoa também muito moralmente correta” "
Iratan Sabóia, irmão

JMN: Como era Ubiracy no ambiente de trabalho e qual seu maior legado?

Mauro Eduardo (Secretário de Estado para Inclusão da Pessoa com Deficiência – SEID): O Ubiracy era funcionário efetivo da Secretaria, passou no concurso no ano de 2016 e, desde então, deixou uma contribuição muito grande, sobretudo no respeito às pessoas com deficiência, no trato dessas pessoas. O convívio com ele sempre foi muito agradável, inclusive o chamávamos de Bira, pela proximidade que tínhamos com ele, pela forma que ele tratava os colegas, e vai deixar para gente um legado muito grande no que diz respeito à amizade, não só com à gente da equipe, mas com todos. Estou com ele desde o início da Secretária e infelizmente ele nos deixa de forma repentina, descobriu a doença em menos de um ano, mas tenho a certeza que ele será recebido pelo nosso Senhor Jesus Cristo.

JMN: Qual ensinamento Bira deixa como amigo?

Elisabeth Sá (Empresária e Jornalista): Eu convivi com o Ubiracy, tanto com ele como com o pai dele, o Seu Pires, por mais de 20 anos, nós temos mais ou menos o mesmo tempo de carreira profissional, e para mim fica a lição de que quem é vivo é mortal e essa lembrança do amigo doce e grande profissional que ele foi. Essa é uma perda que a gente não tem como explicar, uma pessoa tão nova, mas só nos resta aceitar que hoje ele está em um lugar melhor.

JMN: Ubiracy Sabóia era saxofonista e fazia parte ativamente da banda de pais do Colégio Diocesano. Como era sua rotina na banda?

Fernando Muniz (Professor de música e Coordenador da Banda do Diozinho): Ubiracy era importante para banda porque ele tocava o instrumento de sopro e em todos os ensaios, aos sábados e quarta-feira, ele sempre estava presente e sempre dava a sua opinião muito precisa. Tinha uma boa relação com todo mundo. Nós sempre tocávamos em todas as atividades festivas da escola e era um membro que fazia muita diferença, animava, dava um novo tom para a banda e foi muito importante, uns saíam, outros entravam, mas ele sempre se manteve presente e com assistência contínua, e, sem dúvida alguma, foi uma grande perda. A banda e todos nós vamos sentir muito sua falta.

JMN: Quais as contribuições de Ubiracy Sabóia para o jornalismo piauiense?

Paulo Fernando (Jornalista e Professor Doutor do Curso de Comunicação Social da UFPI): O Ubiracy faz parte de uma escola de jornalismo que é herdeira do pai dele, Pires de Sabóia, onde ele sempre lutou para ter a independência da opinião, levar uma opinião de qualidade e foi um incansável no olhar crítico sobre o campo da política, em que estabeleceu como plataforma de estudos, tendo essa vontade muito forte de entender como é que se configurava o campo da política e traduzir essas questões para os leitores, para que eles pudessem entender numa visão mais ampliada o que era a polícia e, principalmente também, ele tinha um carinho muito grande com os jovens jornalistas, aconselhando o que era o fazer jornalístico e dois princípios para ele eram fundamentais do bom jornalismo: a checagem do fato e fonte confiável para além das redes sociais, então ele se pautou muito nessa perspectiva. Uma coisa que ele tinha muito orgulho é não ter rabo preso com ninguém dentro da política, então essa era uma meta dele de se manter o máximo possível livre dos aprisionamentos que o campo traz para ele poder assim expressar a sua opinião.

Jornal Meio Norte: Qual a maior lição que Ubiracy Sabóia deixa?

Iratan Sabóia (Irmão): É difícil falar de uma única coisa, porque o Ubiracy tinha muitas facetas admiráveis, ele era uma pessoa muito correta, e isso fazia que em um meio como o jornalismo que você conquista muita inimizade, ele tivesse nenhuma ou quase nenhuma inimizade. Ele era muito querido, a campanha que foi feita para ele e a quantidade de pessoas que estiveram no velório comprovam isso. Como irmão ele sempre foi muito presente, muito carinhoso, uma pessoa que sabia escutar, sabia falar. Durante esse momento final da vida foi uma pessoa que nunca se queixou, nunca reclamou, nunca praguejou, então uma pessoa de muita força e fibra, além de uma pessoa também muito moralmente correta, então é uma pessoa que deixou muitos ensinamentos em sua caminhada que foi curta, apenas 46 anos. Ele escrevia muito bem, com inteligência muito aguçada, puxou isso do papai e instrumentista, gostava muito de música, tocava saxofone, aí já foi herança da mamãe, então Ubiracy realmente tinha muita coisa para entregar para as pessoas. A prova disso é o bem que elas querem para ele.

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