Werton Costa: O homem está no centro dos fenômenos climáticos

É na Universidade Estadual do Piauí que o professor Werton Costa ministra aulas até hoje, com foco na cadeira de climatologia

Werton Francisco Rios da Costa Sobrinho, o professor Werton Costa, é figurinha fácil nos telejornais, portais, impressos e rádios da capital. Por ser um dos poucos climatologistas do Estado, além de bastante acessível, o profissional é fonte de praticamente todos os jornalistas do Piauí.

Tamanha credibilidade foi construída mediante muitos estudos e análises de dados ao longo da carreira como professor e cientista. Nascido em 10 de fevereiro de 1974, uma vida inteira dedicada ao estudo de humanidades. Licenciado em Geografia e História, além de bacharel em Direito, fez todas as graduações na Universidade Estadual do Piauí (Uespi).


Werton quer analisar eventos climáticos severos na climatologia de Teresina

E é na Uespi que o professor Werton Costa ministra aulas até hoje, com foco na cadeira de climatologia, que é voltada para a formação de professores hábeis na área. Para isso foi necessária uma ampla produção acadêmica para obter dados regionais e que mostram como Piauí tem um clima tão diverso.

Voltado para a climatologia geográfica, o professor Werton coloca os fenômenos humanos no centro dos eventos climáticos. Assim é possível identificar as lacunas existentes nos livros de geografia e capacitar os professores do Piauí nesta área tão fascinante.

O professor Werton Costa conta para NOSSA GENTE que agora planeja o doutorado na climatologia de Teresina, analisando tempestades, chuvas fortes e eventos climáticos severos, traçando a história das enchentes na capital.



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““Todas as informações que trabalhamos na climatologia conver-gem em dotar o professor de Geografia de uma cultura dentro da área. Há uma carência de formação no Estado, além dos próprios livros” "
Werton Costa

JMN - Quais seus planos acadêmicos?

WC -  Estamos em um momento de socialização das pesquisas. Trabalho a climatologia no ensino. Então estamos mostrando o que produzimos neste segmento, há muitos dados e material produzido. Estamos fazendo artigos, participação em congressos e simpósios. Os estudos são em temporais e tempestades. Então meu foco para o doutorado é em cima da história das enchentes da capital. Meu plano para o biênio.

JMN - O Piauí é um estado ecotonal, de transição. Como o senhor analisa esse campo de estudo?

WC - O Piauí oferece um belíssimo campo de estudo. Do ponto de vista de pluviometria, por exemplo, é um Estado extenso do sentido Norte-Sul. Temos vários momentos de chuva. Ao Sul, na região do Matopiba, temos chuvas bem particulares, bem diferentes do resto do Estado. Centro-Sul, com Cerrado e Sertão, tem uma oscilação diferente de massas de ar frio da Bahia e interferências amazônicas. A região de Teresina já é completamente diferente. O Norte piauiense também é diferente. Aqui rende uma série de estudos porque temos quatro momentos de chuva, uma característica topográfica que permite a incidência de correntes, então é um estudo magnífico para temporais.


JMN - O senhor atualmente é professor da Uespi, certo?

WC - Sim. Ministro disciplinas de metodologia do ensino, segmentos econômicos, estudos culturais e a climatologia, que é minha cadeira cativa há mais de 10 anos. Embora seja um curso de licenciatura, todas as informações que trabalhamos na climatologia convergem em dotar o professor de geografia de uma cultura dentro da área. Há uma carência de formação no Estado, além dos próprios livros.

JMN - O senhor tem licenciatura em Geografia e História, além de bacharel em Direito. O senhor tem uma ampla formação humana. Por que essas áreas?

WC - Essas escolhas foram produtos de contextos históricos bem específicos. Minha formação inicial é técnica em Administração e Saneamento, que acabei não concluindo. Então busquei primeiro a História, então depois, naturalmente, Geografia, por uma grande demanda de mercado. Fui me apaixonando pela geografia cultural e física. Então fui aprimorando meu interesse pelos fenômenos climatológicos e físicos. O Direito partiu do interesse em entender as legislações e protocolos ambientais, então minha área é direito ambiental e urbano, que estão relacionados com os estudos em torno do risco.


JMN - Seu mestrado é nesta área?

WC - O meu mestrado é em Geografia, em um âmbito cultural. A busca pelo estudo climático partiu de uma necessidade da Uespi [Universidade Estadual do Piauí], que tinha uma carência nesta área climática. Então mudei minha linha de pesquisa dos estudos culturais para climatológicos. Então investi em pesquisa neste sentido, fazendo um monitoramento das condições atmosféricas de Teresina, primeiramente. Depois avançamos para o interior do Estado e focamos em duas linhas: eventos severos, como tempestades e chuvas intensas, além da educação para o risco. Como sou especialista em metodologia do ensino, teríamos que aliar esses dois caminhos, com uma educação preventiva para os riscos e mudanças climáticas a partir de uma cultura mais resiliente.


Jornal Meio Norte - O senhor é um dos poucos climatologistas do Piauí. É uma responsabilidade grande atender toda a imprensa e quem lhe procura?

Werton Costa - Há uma grande responsabilidade porque a linha que trabalhamos é a climatologia geográfica, que é diferente da meteorológica. A climatologia geográfica coloca o homem como centralidade no seio dos fenômenos climáticos, que são de longa duração, ao contrário dos meteorológicos, que são mais momentâneos e dependem de favoráveis físicas. Eles implicam elementos geográficos, como o crescimento das cidades e a atividade agrícola. Ou seja, quais impactos das mudanças climáticas sob as atividades econômicas, políticas e sociais dos seres humanos.


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