Diferença de dias entre exames de Anderson Silva pode ser suficiente para 'mascarar' doping

O médico Rafael Trindade, um dos maiores especialistas do Brasil em doping, explica que isso não é tão incomum quanto pode parecer. Principalmente no caso das substâncias encontradas em Anderson

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Como um exame pode acusar doping por duas substâncias no dia 9 de janeiro e outro no dia 19 pode chegar ‘limpo'? Pois essa diferença de dez dias entre o colhimento das duas amostras pode ser justamente a resposta para essa pergunta. O tempo, apesar de curto, pode ser exatamente o que o corpo humano precisa para ‘mascarar' o doping.


O caso em questão, claro, é o de Anderson Silva. O brasileiro foi pego pelo uso de Drostanolona e Androstano em exame antidoping realizado no dia 9 de janeiro e divulgado na semana passada. Nesta segunda, porém, UFC e Comissão Atlética divulgaram que as amostras colhidas no dia 19 tiveram resultado negativo, mostrando um Spider ‘limpo' de drogas proibidas.

O médico Rafael Trindade, um dos maiores especialistas do Brasil em doping, explica que isso não é tão incomum quanto pode parecer. Principalmente no caso das substâncias encontradas em Anderson.

"É sempre uma tentativa de quem está se dopando de chegar no exame limpo. O tempo é um fato primordial. A substância vai sendo metabolizada e vai ficando mais difícil de ser detectada. Tem esteroides que duram até seis meses. Mas essas (Drostanolona e Androstano) são substâncias que não demoram tanto, em 30 dias podem já nem ser detectadas", disse o Dr. Rafael Trindade em conversa com o ESPN.com.br.

É claro que nada disso prova nada, nem para o bem e nem para o mal. Anderson Silva ainda tem o direito da contraprova do primeiro exame, que é realizada com outra amostra coletada no mesmo dia 9 de janeiro. Essa sim é a única que pode limpar o nome do brasileiro.

O que diz o médico só explica como a substância pode ter sumido do organismo de Anderson - se é que ela foi mesmo usada. Nesse caso, é importante o dia e a forma como a aplicação das drogas proibidas teria sido feita.

"Tem substância que tem praticamente que acertar o dia que o sujeito usou. Cada uma tem um tempo no qual vai agir e sumir. Os esteroides geralmente demoram mais tempo. Mas usado em forma de gel vai durar menos, por exemplo. Tem a ver com a quantidade, o local de aplicação, se é de base aquosa ou oleosa... É uma série de variáveis que vão indicar o tempo que duram. Por isso que os exames fora de competição são importantes", diz Trindade.

O médico ainda volta a explicar que um erro do laboratório é raro, mas não impossível de acontecer. E explica também um pouco da diferença de data para o processamento dos exames, já que amostras de sangue colhidas no dia 19 de janeiro foram analisadas antes das de urina coletadas dez dias antes.

"As vezes a demanda na máquina que analisa sangue foi menor nesse período do que a demanda da máquina que analisa urina. A única coisa diferente é que os exames não costumam demorar tanto tempo assim para ficarem prontos. Mas isso depende mais da demanda do laboratório", diz.

Vale lembrar que ainda há um exame de Anderson Silva com resultado para ser divulgado - o da amostra coletada no dia 31 de janeiro, logo após a luta contra Nick Diaz. Além disso, a contraprova da amostra infectada ainda deve ter resultados divulgados nos próximos dias.



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