Mesmo aposentado, Ronaldo é um fenômeno financeiro

Parceiros mantêm acordos longos após adeus. Transferências milionárias acompanharam a trajetória

Na despedida, Ronaldo usou camisa da Nike | Divulgação
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Ronaldo, o primeiro grande craque da era digital, foi também pioneiro na era de cifras astronômicas em transferências, salários e patrocínios no mercado da bola. Ao longo da carreira, o atacante acumulou uma fortuna que já passou de meio bilhão de reais. Valor que continuará crescendo, tamanha a força do Fenômeno no mercado. Não será surpresa se o atacante repetir Pelé, presença constante em campanhas de marketing mesmo quase trinta anos depois de pendurar as chuteiras.

Os atuais parceiros de Ronaldo nem cogitam romper acordos após o adeus aos gramados. Pelo contrário, a perspectiva é de pegar carona na comoção nacional e estreitar ainda mais os laços comerciais. Sem a rotina de treinos, viagens e jogos, sobra tempo para projetos de marketing.

Nesta quinta, o ex-jogador estará em uma convenção da Ambev no Anhembi, em São Paulo. A empresa paga R$ 2 milhões anuais ao astro, tem contrato com Ronaldo até depois dos Jogos Olímpicos de 2016, e sinaliza com renovação até 2020. A Claro, que desembolsa valor semelhante, não abre mão do Twitter oficial do jogador. O acordo com a Hypermarcas também não será rompido. A empresa ajudou a sustentar o astro no Corinthians, com R$ 40 milhões ao ano para estampar produtos no uniforme. Deste valor, R$ 18 milhões são de Ronaldo. Há cláusula que permite rompimento em caso de aposentadoria, mas o jogador pretende continuar sendo uma espécie de embaixador corintiano. O grupo também planeja fazer parte dos futuros projetos da "9ine", empresa de agenciamento de atletas da qual o Fenômeno é um dos sócios. O lutador Anderson Silva é um dos nomes do casting. Neymar é o grande sonho da marca.

A imagem de superação de Ronaldo é única, e vai continuar sendo. Nos EUA, por exemplo, ninguém vende mais no basquete que o Jordan, que também já parou"

Mário Andrada, diretor de comunicação da Nike

Além de atletas, bebidas, creme de barbear e serviço de telefonia, Ronaldo continuará divulgando material esportivo mesmo sem entrar em campo. A Nike, com quem o Fenômeno tem acordo desde 1993, usa o exemplo da NBA para manter o astro como seu grande trunfo no mercado nacional: Michael Jordan, aposentado desde 2003, ainda é comercialmente mais forte que Kobe Bryant e LeBron James, outros contratados da empresa nos EUA.

- Nosso relacionamento com o Ronaldo é antigo e ainda vai durar muito ? diz Mário Andrada, diretor de comunicação da Nike no Brasil - Não é só uma relação comercial, é uma relação institucional. O lado comercial não muda, não está escrito no contrato que ele tem de jogar. Temos outros exemplos. A principal marca de produtos de basquete nos EUA é a do Jordan até hoje, ninguém vende mais do que ele. A Mia Hamm ainda é líder no futebol feminino, Lance Armstrong a mesma coisa. Se hoje somos número um no mercado de futebol, devemos ao Ronaldo, que participou de todo o nosso processo desde o início.

A fórmula do sucesso comercial do Fenômeno não está apenas nos gols e arrancadas do passado. O atacante é carismático. E aprendeu desde cedo os segredos do mercado. Na comemoração dos gols, o dedo indicador para o alto lembrava uma propaganda de cerveja. Nos pés, modelos exclusivos de chuteira viraram moda.

- A última final de Copa em que todos jogaram de chuteiras pretas foi a de 94. Em 98, Ronaldo jogou a Copa com uma chuteira personalizada, que ele ajudou a desenvolver. E virou tendência mundial. Sempre achamos que o importante para uma chuteira era ser resistente, proteger o pé do atleta. Foi ele que uma vez chegou no laboratório e mudou tudo. Ele fez questão que as chuteiras fossem leves e dessem firmeza para rápidas mudanças de direção e velocidade. Hoje temos chuteiras para defensores, meias, atacantes. Tudo começou lá atrás com o Ronaldo.

Marcel Marcondes, diretor de marketing da Ambev, lembra que nem o escândalo de Ronaldo com travestis em 2008 foi suficiente para abalar sua imagem vencedora.

- A gente nunca fez esse tipo de cálculo, mas é claro que o Ronaldo se paga. Ele errou. Mas o fato de ter errado não significa que não continua sendo exemplo para uma série de coisas. Na balança, é infinitamente maior o que ele agrega tendo vindo de baixo e vencido. A mensagem que ele passa aos brasileiros é: eu era humilde, joguei bola, a vida me pregou umas peças pesadas, e eu não desisti - comentou o executivo, em entrevista ao programa Sportv Repórter.

O empresário Sérgio Amado,sócio de Ronaldo na 9ine, é um dos que mais vão lucrar com a aposentadoria do Fenômeno, já que, agora, o ex-atacante volta todas suas atenções para o desenvolvimento da agência.

- Imagina o Ronaldo telefonando para marcar uma reunião com um cliente? Esse ativo vale uma fortuna, ninguém tem isso - explicou Amado, também ao Sportv.

Salto no mercado de transferências

Ronaldo brilha no mercado publicitário como brilhou no de transferências. Para se ter ideia da mina de ouro que é o Fenômeno, basta compará-lo a Romário, seu antecessor na Seleção Brasileira. O início da trajetória da dupla na Europa foi idêntico ? do PSV para o Barcelona. A diferença está nas cifras. Romário saiu da Holanda para a Espanha em 1993. Tinha 27 anos, com uma medalha de prata em Olimpíada (1988), um título da Copa América (1989) e participação na Copa de 90 ? que só não foi maior devido a uma lesão. O Barcelona pagou R$ 8,5 milhões pelo Baixinho. Três anos depois, o clube catalão desembolsou quatro vezes mais por um atacante de 20 anos, que não saiu do banco na Copa de 94 e chegou aos Jogos Olímpicos de Atlanta na reserva ? ao longo da competição, ganhou a posição que pertencia a Sávio. Os espanhóis sabiam que não se tratava de um jogador qualquer. E lucraram.

Do Barcelona, Ronaldo saiu para o Inter de Milão por R$ 54, 4 milhões, em 97. Em 2002, foram mais de R$ 100 milhões desembolsados pelo Real Madrid. Até hoje, nos tempos em que Fernando Torres custa R$ 133 milhões, a compra do clube merengue figura na lista das maiores da história ? é a 11ª.

A saída para o Milan, com Ronaldo já em baixa depois da Copa de 2006, foi bem mais modesta. Custou aproximadamente R$ 18 milhões. Com a lesão no joelho em fevereiro de 2008, o clube italiano não quis renovar seu contrato. O Fenômeno viajou para se tratar no Brasil, usou instalações do Flamengo, mas fechou com o Corinthians no início de 2009. Como o jogador estava sem contrato, não houve pagamento pela transferência.



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