Piauiense Sarah Menezes domina os tatames mundo afora com muita força e determinação

Ela é exigente, perfeccionista e já negou um convite para desfilar em carro de Bombeiros

Sarah Menezes | Divulgação
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Os 48kg distribuídos em 1,52m de altura poderiam sugerir o corpo de uma menina frágil, mas nem de longe retrata a realidade da arretada piauiense Sarah Menezes. A judoca de 19 anos transborda força e determinação, qualidades que já fariam seus conterrâneos se identificarem. E seus feitos no esporte a fizeram ir além. Sarah virou ídolo em seu estado, ganhou uma música em sua homenagem e está sempre distribuindo autógrafos pelas ruas de Teresina. Mas nada que a faça se deslumbrar. Pelo contrário. Ela é exigente, perfeccionista e já chegou, inclusive, a negar um convite para desfilar pela cidade em um carro do Corpo de Bombeiros por achar que o seu desempenho nos Jogos Olímpicos de Pequim não justificaria tamanha exibição.

Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, a ligeiro da seleção brasileira também na categoria sênior revelou curiosidades sobre o início de sua carreira, como a necessidade de treinar escondido de sua família. A piauiense, que garantiu o bicampeonato mundial júnior, em Paris, no mês passado, comentou ainda sobre o carinho de seus conterrâneos e a dificuldade de sobreviver do esporte.

GLOBOESPORTE.COM: Como começou no judô e quando resolveu levar a sério o esporte?

Sarah Menezes: Comecei com 9 anos. Um colega do colégio já fazia há um tempo e me chamou. Eu sempre gostei de lutar com os garotos e gostava de desafios. Mas, no começo, a minha família não aceitava, foi contra. Eu treinava escondida. Em vez de fazer educação física no colégio, fazia judô. Depois, o judô acabou na minha escola e meu amigo me chamou para treinar em um clube. Aí eu pedi para minha mãe, e ela acabou deixando. No início, ia duas vezes por semana, até que um dia fui no dia errado, descobri uma outra turma, me empolguei e acabei passando a treinar a semana toda. Em 2000, já estava participando de competições nacionais.

Você teve de enfrentar muitas dificuldades financeiras para seguir no judô? O fato de treinar em uma cidade que não é um polo esportivo dificulta?

A primeira vez que fui para o exterior, no Sul-americano e Pan-americano de 2003, na Bolívia, o meu treinador (Expedito Galvão) pagou tudo do próprio bolso. A gente sempre teve dificuldade. As passagens são muito caras. Para arrumar patrocinador é muito difícil. O máximo de tempo que consegui apoio foi por dois anos. Nunca sai daqui, sempre treinei no Piauí, mas acho que isso é difícil em todos os estados.

Em algumas ocasiões, você aparentou estar bastante brava, inconformada após perder uma luta. Você realmente tem um temperamento forte?

Acho que você deve estar falando mais da luta contra a romena (Alina Dumitru) no Mundial Sênior (competição realizada em agosto, na Alemanha). Naquela luta, eu vi que tinha oportunidade de vencer e brigar pela medalha. Eu fiquei chateada porque vi que era possível, mas não deu tempo, era tarde. Talvez, se tivesse tido mais garra, mais determinação, daria para ter vencido.

O povo da Piauí tem mostrado muito carinho por você. Acredita já ser um grande ídolo do estado?

Todos são bem acolhedores. Eles se unem, torcem. Quando eu chego de viagem, sempre vai gente me receber no aeroporto. Depois, tem festa no clube, Quando eu voltei agora do Mundial Júnior, desfilei no carro do Corpo de Bombeiros. Várias pessoas acompanharam, chegou até a fazer um pouco de trânsito.

Você já ganhou até um forró em sua homenagem. O que parece é que você é tão famosa no Piauí quanto qualquer cantora, artista do estado. É mais ou menos por aí?

Eu não me vejo assim, mas é por aí sim (risos). As pessoas me reconhecem, pedem autógrafo, pedem para tirar foto. Na verdade, já desde o ano passado, quando voltei de Pequim, eles queriam que eu desfilasse no carro do Corpo de Bombeiros. Mas eu não quis, achei que não era o momento.

O carinho e o reconhecimento dos piauienses são determinantes para você seguir treinando em Teresina? Sim. Pela família, pelos amigos, pela cidade, pelo apoio...vou continuar aqui. Não penso em sair não.

Quais são suas próximas metas? Este ano, vai ter o Grand Slam no Japão e, ano que vem, espero medalhar no Pan-Americano Sênior. O objetivo é estar sempre no pódio, principalmente nas Olimpíadas.



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