Presidente do Barcelona renuncia ao cargo após suspeitas de fraude na compra do jogador Neymar

Josep Maria Bartolomeu, que ocupava a vice-presidência esportiva, assumirá até o final do mandato

Sandro Rosell na chegada de Neymar; transação está sendo investigada | Reuters
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O espanhol Sandro Rosell anunciou a renúncia ao cargo de presidente do Barcelona nesta quinta-feira (23), após a junta diretiva do clube aceitar seu pedido de demissão, feito pela manhã. Josep Maria Bartolomeu, que ocupava a vice-presidência esportiva, assumirá até o final do mandato, em junho de 2016.

O comunicado ocorre um dia depois de a Justiça espanhola aceitar a denúncia apresentada pelo sócio do Barcelona Jordi Cases, que aponta apropriação indébita de parte do valor da contratação de Neymar. A transação será investigada, e Rosell confirmou que o caso foi determinante para sua renúncia.

Depois de enumerar os feitos e títulos do clube em sua gestão, assim como a chegada e o sucesso de grandes jogadores nos últimos anos, Rosell se disse injustiçado e confirmou a passagem do cargo para Bartolomeu. O ex-dirigente fez apenas um comunicado na sala de imprensa do clube, sem responder a perguntas dos jornalistas.

"Eu e minha família estamos sofrendo ataques que me fizeram pensar se vale a pena continuar no comando desse time. Tenho recebido criticas injustas contra mim. A transferência de Neymar foi correta. Mas há cláusulas de confidencialidade que devemos respeitar", afirmou o agora ex-presidente. "Não queremos que as críticas afetem a imagem do clube, então acho que essa é a hora de colocar um fim a minha gestão. Por isso, apresento minha demissão, de caráter irrevogável."

Josep Maria Bartolomeu também fez uma declaração como novo presidente do clube e exaltou o antecessor, afirmando que Rosell tem "total apoio" do clube.

Sob o comando de Rosell, o Barcelona conquistou uma Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes (2011), dois Campeonatos Espanhóis (2011 e 2013), uma Copa do Rei (2012), uma Supercopa europeia (2011) e três Supercopas da Espanha (2010, 2011 e 2013).

O dinheiro de Neymar

O Barcelona alega que pagou 57 milhões de euros para contratar Neymar (veja gráfico abaixo). Segundo apuração do jornal El Mundo, o brasileiro custou na realidade 95 milhões de euros, 38 milhões a mais que não foram justificados pelo clube.

A denúncia envolve a suspeita no pagamento de 40 milhões de euros para a empresa N&N, que tem como um dos donos o pai do jogador brasileiro.

Eleição, amizade com Teixeira e ligação com a seleção

O empresário Sandro Rosell, de 49 anos, chegou à presidência do Barcelona em junho de 2010, substituindo Joan Laporta, que estava desde 2003 no comando do clube catalão.

Vice-presidente de esportes do Barcelona no início do mandato de Laporta, Rosell foi considerado o principal responsável pela contratação de Ronaldinho Gaúcho, em 2003. Na época, Ronaldinho defendia o PSG, da França, e depois viveu seu auge no time catalão.

Antes de alcançar a presidência do clube, Rosell foi executivo da Nike e teve participação ativa na delegação brasileira que venceu o pentacampeonato da Copa de 2002. Na época, a CBF era comandada por Ricardo Teixeira, a quem Rosell classifica de "amigo de verdade" em seu livro "Bienvenido al mundo real", lançado na Espanha em 2010. Ele também revela ter sido padrinho de casamento de Teixeira.

Rosell também foi envolvido no escândalo que eventualmente causaria a renúncia de Ricardo Teixeira da CBF, em março de 2012. O ex-presidente do Barcelona foi apontado como o proprietário da empresa Ailanto, suspeita de desviar recursos do amistoso entre Brasil e Portugal em 2008, custeado pelo governo do Distrito Federal em R$ 9 milhões.

As ligações entre Rosell e Teixeira voltaram à tona em agosto do ano passado, quando o jornal O Estado de São Paulo denunciou um suposto desvio de recursos provenientes da comercialização de 24 amistosos da seleção brasileira que eram direcionados à empresa Uptrend, do ex-dirigente do Barcelona, que realizava "serviços de marketing e promoção" para a seleção entre 2006 a 2012.

Cerca de R$ 25 milhões foram desviados, segundo a denúncia. Na época, Rosell negou a acusação e disse que "tudo o que fez na vida foi honestamente e legal". Ele também afirmou que o dinheiro que recebeu foi referente a seus honorários.



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