Ronaldo: “Não acompanho futebol, estou de saco cheio”

Fenômeno diz que vai fazer “último sacrifício” e promete empenho para retribuir o carinho dos torcedores.

Ronaldo diz que está de "saco cheio" de futebol. | Globo Esporte
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Aos 34 anos, o atacante Ronaldo já anunciou que vai se aposentar no fim da temporada 2011. Nesta quarta-feira, após participar de um painel na Footecon, no Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o Fenômeno conversou com os jornalistas e fez uma revelação curiosa: não aguenta mais acompanhar partidas de futebol. Na opinião do artilheiro do Corinthians, a saturação se deve por já estar há muito tempo nos gramados.

- Não gosto de ver futebol, acho chato acompanhar pela televisão. O futebol é a minha paixão, mas, por já estar nisso desde os 16 anos, estou de saco cheio. Claro que é importante participar de um debate como esse porque é a minha classe e temos que melhorar as coisas de alguma forma - afirmou Ronaldo, na coletiva mais concorrida do Footecon.

Durante o bate-papo com a imprensa, que durou cerca de 20 minutos, Ronaldo reclamou do calendário do futebol brasileiro, da quantidade de equipes no Campeonato Paulista e da vontade de ajudar a classe de jogadores profissionais quando pendurar as chuteiras. O Fenômeno ficou indignado ainda com o questionamento sobre a sua participação na Pré-Libertadores, em fevereiro.

Confira abaixo os principais trechos da coletiva do Fenômeno:

GLOBOESPORTE.COM: Vai participar da Pré-Libertadores e se apresentar normalmente com o restante dos companheiros do Corinthians?

RONALDO: Vou jogar só a final da Libertadores. Vou conversar com ele para dizer que só vou participar de dez minutos da decisão. Claro que vou jogar a Pré-Libertadores, é a nossa final. E também vou começar a pré-temporada normalmente com o restante dos meus companheiros.

Como será a sua última temporada? Como está se preparando?

Vou fazer o meu último sacrifício. Vou começar 2011 como se fosse o meu primeiro ano de carreira. Vou me dedicar ao máximo para ter um ano bacana de conquistas e sem lesões. Quero retribuir o carinho do povo brasileiro. Todo lugar que eu vou é assim. Esse último ano será de retribuição por tudo o que eu recebi dos brasileiros.

Qual balanço faz de 2010?

Esse ano foi difícil, principalmente no Campeonato Brasileiro. Tive muitas lesões musculares. Disputei apenas 11 partidas na competição e acabei invicto e com seis gols. Espero que 2011 seja ainda melhor.

Como recebeu a notícia de que era pai do menino Alex?

É uma bênção. Foi uma pena ter perdido esse momento por cinco anos. Agora vou recuperar o tempo perdido. O Alex é muito bem vindo. Estou contente com a notícia.

Por que está tão cansado do futebol?

O calendário é muito longo, são muitos jogos. Em 2010, nós jogamos mais de 70 jogos, seis a mais do que o Barcelona. Em outros países da Europa, os jogos são bem divididos. Os clubes jogam quarta e domingo durante três meses e depois passam a atuar uma vez por semana. O calendário prejudica o rendimento dos atletas. Vejo o Campeonato Paulista como um exagero. São 19 jogos e mais seis para se conhecer o campeão. O Brasileirão eu deixaria do jeito que está. Só tentaria melhorar a escala de jogos.Além disso, acho que as férias poderiam ser mais longas. Na Europa, os jogadores têm 40 dias de recesso. A culpa disso tudo é dos jogadores. Não somos uma classe unida. Na Argentina, na Espanha, na Itália, os atletas se reúnem e entram em greve até conseguirem suas reivindicações.

O que pode ser feito?

No Paulistão, os times do interior poderiam disputar uma eliminatória e, em seguida, enfrentar os grandes. Seria tão atrativo como o modelo atual. Temos muito o que evoluir. O sindicato precisa ser mais participativo, precisa ouvir mais os jogadores. Somos cobrados para dar espetáculo, a torcida cobra, quebra o seu carro se você vai mal. Temos que mudar alguma coisa. Aí, o pessoal vai dizer: jogador de futebol ganha muito. Isso é um engano. Mais de 95% dos jogadores ganham salário mínimo. A classe é uma das que recebe menos no Brasil.

Toparia entrar no futebol fora das quatro linhas?

Eu toparia, mas para mandar. Sabemos o quanto é difícil para quem tem o poder. Muitas pessoas falam que muitas ações são para beneficiar A ou B, mas eu compraria essa briga porque é uma classe injustiçada. Estamos mexendo os pauzinhos para tentar ajudar nessa melhora. Conversei com o presidente Lula no início do ano e perguntei porque os jogadores não poderiam ter uma aposentadoria. O pessoal explicou que o atleta profissional joga no máximo 20 anos, e o trabalhador precisa contribuir com pelo menos 35 anos de trabalho.Vamos tentar encontrar uma solução para isso.



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