Secretário nega aumento de custo de arenas e se diz surpreso com Ronaldo

uís Fernandes, do Ministério do Esporte, garante que aeroportos comportarão o fluxo de passageiros e dá projeções otimistas

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Às vésperas do início da Copa do Mundo, o governo se vê alvo de críticas por conta de atraso nas obras e aumento de gastos na preparação para o evento. Mas o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luís Fernandes, não concorda com boa parte das alegações e assegura que apontar aumento de gastos em todas as arenas da competição é um equívoco. Segundo ele, os primeiros valores colocados na Matriz de Responsabilidades eram meras estimativas. Este sim, um erro que o órgão já tenta corrigir no documento equivalente para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Fernandes mostrou surpresa com as declarações de Ronaldo, do Comitê Organizador Local (COL), que recentemente se disse envergonhado com a preparação brasileira para a Copa. O secretário afirmou que o ex-jogador jamais fez esse tipo de colocação nas reuniões que presenciou.

Fernandes revelou ainda que 62% dos turistas estrangeiros que virão ao Brasil para o Mundial nunca estiveram no país e que isso representa um importante legado pois causará grande impacto na economia nacional. Ele disse ainda que as novas projeções do Ministério a respeito da chegada de estrangeiros dão conta de um aumento de 25% em relação à projeção inicial.

Confira a entrevista com Luís Fernandes:

Aumento no custo dos estádios da Copa

Não é precisa essa avaliação de que o custo de todos os estádios aumentou, pela seguinte razão: o que houve no início da montagem da matriz de responsabilidade foi uma estimativa inicial de valores, para início de planejamento, não se baseou nem no projeto executivo mais amadurecido, nem no projeto básico amadurecido. Então, a rigor, era uma estimativa inicial, tanto que estamos até corrigindo isso para a matriz das Olimpíadas, só estamos colocando valores depois de uma maturidade que possa configurar um orçamento propriamente dito. Porque a partir desse orçamento é que se pode ver se houve estouro no orçamento, no que se errou no planejamento, a não a partir de uma estimativa inicial que não é muito fundamentada.

No caso dos estádios, vendo levantamentos feitos por entidades independentes - como um levantamento médio do custo por assento nas últimas quatro Copas - o nosso preço está abaixo da média das quatro últimas edições. Não se sustenta primeiro essa ideia de que os estádios estão mais caros do que nas Copas anteriores, não estão, e segundo essa tese de que houve um estouro generalizado de orçamento na construção dos estádios.

Necessidade de 12 sedes

Eu já assumi com as 12 sedes, mas defendo a escolha. Porque a lógica é associar à organização da Copa do Mundo um conjunto de iniciativas geradoras de desenvolvimento econômico-social. Então, desse ponto de vista, são 12 pólos de desenvolvimento, a possibilidade de nacionalizar os benefícios e os retornos econômicos e sociais da realização da Copa. Sou um firme defensor das 12 sedes para a Copa.

Ronaldo envergonhado

Recebi, em primeiro lugar, com surpresa, porque em momento nenhum, em nenhuma reunião do COL, ele fez alguma declaração, nem nenhuma pergunta nesse sentido. Então, é uma surpresa. Segundo, é claro que no trabalho do Ronaldo do COL, o que ele acompanhou mais foi a questão dos estádios. Acompanhou as visitas, muito preocupado com as dimensões que afetam o jogo, preocupação com a qualidade dos gramados, mas nunca manifestou preocupação maior com obra de infra-estrutura, nem nunca acompanhou obra de infra-estrutura, porque não é esse o foco do trabalho do COL, que remete às especificações requeridas pela Fifa para o evento, que são requerimentos de estádios e instalações temporárias. A minha avaliação é que está sendo construído um legado muito importante para a Copa.

Estudo diz que menos de um terço das obras foram concluídas

Eu não vi esse estudo (da ONG Contas Abertas, publicado no dia 7 de maio no site do "Bom Dia Brasil", da TV Globo), teria de dar uma olhada para entender. O balanço que nós temos aponta para muito mais do que um terço das obras concluídas, mas só vamos concluir o balanço completo depois da Copa, porque estamos totalmente envolvidos com a preparação, não teria como parar agora para consolidar esse balanço das obras. Por exemplo, não sei se esse estudo deles, toda a parte de serviços, de telecomunicações, banda larga, 4G, segurança pública com os centros de controle concluídos, não sei se isso está incluído. Mas vamos fazer um consolidado depois.

Matriz de Responsabilidades

O legado está sendo deixado através de investimentos da Matriz de Responsabilidades, mas há inúmeras iniciativas que não estão na matriz. Por exemplo, o BRT de Brasília que será inaugurado essa semana. Foi antecipado em função da Copa, embora não esteja na matriz. No desenvolvimento turístico, essa linha de financiamento de R$ 2 bilhões que gerou a construção de centenas de hotéis novos, que é um legado fantástico e não está na matriz. A Matriz de Responsabilidades abrange dois tipos de investimento: os que são essenciais para a realização da Copa, essas estão todas completas, e uma parte, diria até maior, que são obras de legado, que melhoram o ambiente para a realização da Copa, mas não são decisivas, podem ser contornadas com planejamento operacional. A própria TransCarioca, é uma obra que melhora, mas não é essencial. Tivemos na Copa das Confederações, sem a TransCarioca, o acesso ao Maracanã garantido através de metrô e trem, e foi muito bem organizado.

Aeroportos

Se você for pensar, para a realização da Copa, era essencial a modernização dos aeroportos nas 12 sedes? A resposta é não. Poderíamos realizar a Copa do Mundo sem a modernização dos aeroportos, mas a oportunidade nos permitia antecipar investimentos nessa área que o país precisa, inclusive em função da democratização do acesso ao transporte aéreo. É um conjunto de investimento de horizonte largo, o horizonte é 2018, não é para a Copa de 2014. No entanto, entregas importantes foram feitas. O terminal de Brasília é uma belíssima obra, o terminal de Guarulhos em São Paulo, o novo aeroporto no Rio Grande do Norte, inúmeras obras que não aparecem tanto mas que são fundamentais, como pátio para aeronaves, pista de pouso... O que estamos seguros é que podemos garantir a boa realização da Copa do Mundo nas 12 sedes. Algumas vão exigir mais dos nossos planos operacionais, outras já com uma infra-estrutura moderna, em funcionamento e testada. Mas tudo isso é legado.

Algum aeroporto preocupa?

Preocupa, mas não do ponto de vista da operação, de dar fluxo aos passageiros, preocupa no sentido de que gostaríamos de oferecer um serviço de melhor qualidade. Você vem aqui no Galeão, claramente há um diferencial de qualidade no serviço prestado no terminal 1 e no terminal 2. Evidente que seria ideal ter uma qualidade melhor no terminal 1. Fortaleza, por exemplo, tivemos de contar com uma ação extra e constituir um terminal temporário, que está funcionando bem e vem recebendo elogios no teste, porque o fato de ser temporário não afeta em si a qualidade da operação. Por isso é que nos parece que as necessidades da Copa serão atendidas.

Desenvolvimento turístico

Foi feito um estudo independente com todos os estrangeiros que vieram para a Copa das Confederações. A avaliação desses turistas foi muito positiva. Quase 90% dizendo que pretendem voltar. E a estrutura para a Copa das Confederações é inferior à que temos agora. Então, com uma estrutura menor, não passamos vergonha, pelo contrário. Um segundo dado é que temos feito monitoramento da venda de ingressos como também uma pesquisa direta com os compradores estrangeiros. Tivemos resposta de 11 mil, um número bem representativo. A avaliação inicial para a Copa era de que viriam 600 mil estrangeiros para o Brasil, isso incluindo os portadores de ingresso e o pessoal que vem participar da festa sem ingresso. Mas os dados que temos é de que só de estrangeiros comprando ingresso serão cerca de 540 mil, o que projeta mais de 800 mil estrangeiros aqui por conta da Copa.

Essa pesquisa com esses 11 mil indica que 62% está vindo ao Brasil pela primeira vez. Isso equivale a 500 mil turistas vindo pela primeira vez por conta da Copa, isso já é um legado de geração de valor no turismo importantíssimo, porque alavanca várias cadeias de serviços. Já na Copa das Confederações houve um retorno extra, fruto do turismo, de R$ 9,7 bilhões, e era um evento no qual quase 98% dos torcedores eram brasileiros. Agora, com a grande participação de estrangeiros, o impacto, o retorno para a economia, será muito maior. São dados concretos, não é mero discurso.



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