Silêncio, pizzas e seguranças: família faz vigília e “blinda” Schumi em hospital

Familiares sofrem com assédio da imprensa e se revezam para acompanhar luta do heptacampeão, internado em UTI em andar cercado por oito seguranças.

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Às 11h07 do dia 29 de dezembro de 2013, a rotina da família Schumacher mudou. Passando férias em Méribel, famosa estação de esqui no sudeste da França, os parentes do heptacampeão viram o ex-piloto sofrer um inusitado acidente com graves consequências. Logo Schumi, que por toda sua carreira se arriscou, com tamanho sucesso, a mais de 300km/h na Fórmula 1. De lá para cá, o dia a dia dos familiares passou a ser em um hospital a 120km do local do acidente, transmitindo energias positivas ao alemão. Michael Schumacher está internado em coma induzido no Centro Hospitalar Universitário de Grenoble (CHU), pacata e gelada cidade universitária que possui os Alpes Franceses estampados em sua paisagem.

A mulher Corinna, os filhos Mick (14) e Gina (16), o irmão Ralf e o pai Rolf se revezam na vigília pelo ente querido. Eles contam com a ajuda diária de Sabine Kehm, assessora do piloto e única porta-voz nesse momento difícil. É de Sabine que vêm as escassas informações do estado de saúde do ex-piloto. Após as duas cirurgias no cérebro nos primeiros dias, faz uma semana que os boletim se resumem a informar que a condição do paciente é estável, porém ainda considerada crítica.

Das bocas dos familiares, nenhuma palavra. As únicas manifestações foram escritas, em duas ocasições, agradecendo pela força dos fãs e pelas manifestações de carinho no aniversário de 45 anos do piloto, em 3 de janeiro, quando centenas de Ferraristas fizeram uma bela homenagem ao piloto. Há nove dias eles entram e saem do hospital e evitam falar com a imprensa. Possuem todo o direito. No entanto, alguns fotógrafos e cinegrafistas, volta e meia, acabam passando da linha imaginária do bom senso, o que já rendeu discussão com fãs da Ferrari, alguns chega-pra-lá de Corinna e insistentes pedidos de respeito à família por parte de Sabine.

Nesta terça-feira, porém, o incômodo com o assédio e as informações não-oficiais sobre o estado de saúde do heptacampeão fizeram Corinna enviar um comunicado à imprensa, através de Sabine, pedido para o jornalistas deixarem o hospital. Grades também foram colocadas no estacionamento para facilitar o acesso da família:

- Por favor, ajudem-nos em nossa luta comum com Michael. É importante para mim que não pressionem os médicos e o hospital para que eles possam trabalhar em paz. Confiem nas declarações deles e deixem a clínica. Por favor, deixe nossa família em paz - escreveu Corinna.

Hospedados em um hotel no centro de Grenoble, os familiares costumam chegar às 9h da manhã, a bordo de uma Mercedes preta e uma BMW branca, e deixam o local por volta das 18h, 19h. Sempre acompanhados de motoristas, eles acessam o hospital por um estacionamento especial, na lateral do prédio.

Até aí, apesar da não comunicação, há um contato próximo com a mídia, quase físico. Só até aí. Da porta para dentro, não há mais acesso. Paciente ?especial?, Schumi está em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no quinto andar do prédio, no setor de Neurocirurgia. No andar, há oito seguranças, cinco particulares e três emprestados pelo hospital. Tudo para evitar que alguém tenha acesso ao local, como o caso do jornalista que se vestiu de padre para tentar acompanhar a segunda cirurgia do alemão.

Uma das paredes do quarto é colada na lateral esquerda do prédio, mas não há janelas. O acesso é restrito até à família. Apenas uma pessoa pode entrar por vez. E com aventais e toucas higiênicas, como de praxe em locais de tratamento intensivo.

Enquanto um familiar está dentro do quarto, os demais ficam pelo corredor. Nenhum deles desce ao refeitório para não ser abordado. Funcionários levam lanches do hospital ao quinto andar. Para não ficar na mesmice, porém, no sábado, o patriarca Rolf chegou com nove caixas de pizza.

Apesar da gravidade do caso, o clima da família Schumi não é tão pesado quanto nos primeiros dias, quando o estado do ex-piloto era absolutamente imprevisível. Os semblantes ainda são de tensão e preocupação, mas com a estabilidade do quadro na última semana, até alguns esboços de sorrisos puderam ser vistos ocasionalmente, relatam fontes próximas.

No domingo, Sabine conseguiu até ir para Genebra, Suíça, passar o dia em casa, voltando apenas nesta segunda-feira. Corinna foi outra que teria dado um pulo na casa da família Schumi, em Gstaad, também no país vizinho, a cerca de 1h30 de carro, mas voltou no mesmo dia.

A presença de Schumi mudou também a rotina do hospital. Apesar de especializado em traumas decorrentes da prática de esqui - já que está próximo de Les Allues, maior área esquiável do mundo -, o CHU não estava acostumado com tanto assédio a um paciente.

De um dia para o outro, centenas de jornalistas estavam na porta do hospital. De todos os lugares do mundo: Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Espanha, Brasil, Portugal, Holanda, Japão... A quantidade de carros e caminhões de transmissão atrapalhava a saída de ambulâncias e ocupava vagas destinadas aos demais pacientes, forçando a direção do local a interceder e improvisar um terreno baldio como estacionamento para a imprensa.

Com o passar dos dias e a pouca quantidade de informações, o número de veículos foi minguando. Após nove dias de internação, seguem em Grenoble canais alemães, terra natal de ex-piloto, italianos, berço da Ferrari, franceses, país local, e brasileiros, quem podem até não simpatizar tanto com o alemão, mas reconhecem a importância do maior campeão da F-1.

A diminuição é compreensível e com o pedido de Corinna deverá se intensificar. Sinal de que Schumi ainda tem um longo caminho pela frente em busca de mais uma conquista, sua total recuperação. E como escreveu em uma comovente carta seu maior rival nas pistas, o finlandês Mika Hakkinen, que Michael, ?pelo menos dessa vez, não tente bater o relógio?. A corrida será longa, e o mais importante é a vitória.



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