Wesley: Nasce um para-atleta no Piauí; CEIR busca patrocínio para o atleta

/Cecílio foi vítima de acidente de carro, teve a perna esquerda esmagada, passou a usar prótese há 15 dias, mas já pensa alto: quer desenvolver logo a força e a resistência necessárias

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23 de março de 2012. Viajando ao lado de uma amiga no banco de trás de um automóvel na BR-316 entre Teresina e Caxias, o fisioterapeuta Wesley Cecílio Rodrigues da Silva não sabia, mas dentro de instantes sua vida mudaria drasticamente. O carro subitamente ficou fora de controle e capotou. A amiga que viajava atrás com Wesley é sacada do veículo e morre. Ele consegue se segurar dentro do carro, mas não escapa sem marcas do terrível acidente: durante a capotagem, sua perna esquerda é esmagada pelo veículo.

Imediatamente são iniciados os serviços de primeiros socorros. Em meio à dor e ao desespero, Wesley mantém o foco na necessidade de salvar ao menos o joelho - ele sabe que isso poderá ajudá-lo na reabilitação. Com os cuidados prestados depois do ocorrido, isso se mostra possível, e o fisioterapeuta inicia sua recuperação. De lá para cá, a caminhada continua, e é pautada pelo otimismo.

Adepto dos esportes - praticou Judô e Futsal antes de perder a perna -, Wesley teve a ideia de batalhar por uma moderna prótese, própria para corridas. Recorreu ao BB crédito acessibilidade, linha de crédito do Banco do Brasil destinada à compra de produtos que facilitem o dia a dia e ajudem a melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. O financiamento passou a ser oferecido em fevereiro de 2012, depois que o Governo Federal lançou o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver Sem Limite, em novembro de 2011.

A prótese, construída em fibra de carbono e dotada de grande resistência, foi preparada no Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), e Wesley, hoje com 29 anos, ainda está em fase de adaptação ao moderno acessório. Ele está usando a prótese há apenas 15 dias, mas já pensa alto: quer desenvolver logo a força e a resistência necessárias para, em breve, começar a participar de competições, tornando-se um para-atleta.

Com bom humor, Wesley encara seus desafios diários. “No começo foi difícil, levei umas duas quedas (risos), mas depois fui me acostumando. Agora estou na fase de trabalhar a musculatura e adaptar-me ao encaixe da prótese, que são passos importantes”.

Wesley é acompanhado de perto por Paulo André da Silva Ramos, fisioterapeuta, ortesista-protesista, e responsável pela oficina de próteses do Ceir. Paulo comemora o fato de que o caso representa um avanço para o centro de reabilitação e, por extensão, para o Estado como um todo. “Fica claro para nós que é possível, no Piauí, preparar pacientes inclusive para disputar competições, uma possibilidade que gera uma nova vida e que é gratificante não só para ele, mas para nós também. Trabalho nesse ramo há 26 anos e cada prótese colocada é uma alegria”.

Paulo ainda pede cautela a Wesley na hora de executar os movimentos. Cada passo é uma evolução, e tudo precisa ser feito com bastante cuidado, levando em consideração os limites e características tanto do paciente quanto da prótese. Mas a desenvoltura obtida por Wesley com o novo aparelho é animadora - o fato de ser fisioterapeuta ajuda muito, é claro.
Sempre com um sorriso no rosto, Wesley deixa um recado para aqueles que estão passando por um problema semelhante ao que ele sofreu a partir do acidente. “Ao passar por uma situação como essa muita gente pensa que a vida acabou. Muito pelo contrário, ela começou. Não existem barreiras para quem quer conseguir algo. Eu só penso em viver intensamente. O recado que eu deixo é que, se você quer algo, siga em frente”.

CEIR buscará patrocínio para o atleta


O superintendente multiprofissional da Associação Reabilitar (entidade que administra o CEIR), Aderson Luz, ressalta que o centro de reabilitação tem tradição em destinar pacientes para a prática esportiva. De fato, o CEIR já possibilitou que esportistas representassem o Piauí em competições promovidas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), a exemplo da regional Norte-Nordeste do Circuito Caixa Loterias de Atletismo, Halterofilismo e Natação, em Manaus, no ano passado. De acordo com Luz, Wesley Cecílio representa, a um só tempo, a promessa de novas conquistas e também de novos desafios para o órgão.

“Trabalhar com o esporte é um processo que o CEIR vem fazendo há bastante tempo. Temos atletas que já participam de competições paraolímpicas. O Wesley teve uma amputação abaixo do joelho, o que possibilitou que ele utilizasse uma prótese bastante avançada. É um paciente que está há menos de um mês utilizando a prótese e já se adaptou muito bem. A musculatura dele é jovem e resistente, o que vem ajudando bastante, já que essa prótese geralmente tem uma adaptação mais difícil que uma do tipo comum”, disse Aderson.

“Vamos começar a buscar parceiros para patrocinar o Wesley em competições em âmbito estadual e nacional - e quem sabe, no futuro, termos um atleta paraolímpico aqui da instituição”, completou o superintendente, ressaltando sua confiança no potencial do fisioterapeuta que, aos poucos, a vida está transformando em um competidor de alto nível.





Fotos: Moises Saba

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