94% das pessoas desconhecem o nome de algum cientista brasileiro

Foi o que revelou a pesquisa de Percepção Pública da Ciência

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É fato que os pesquisadores e cientistas são agentes de transformação social cujo trabalho contribui para o crescimento do país e bem-estar da sociedade. Entretanto, 94% das pessoas desconhecem o nome de algum cientista brasileiro, foi o que revelou a pesquisa de Percepção Pública da Ciência e Tecnologia de 2015. O dado é preocupante por ser o mais alto desde 2006, dos quais 87% dos entrevistados afirmaram o mesmo. Até mesmo o nome do cientista alemão Albert Einstein foi citado por 3,3% das pessoas.

A pesquisa promovida pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) ainda revelou que apenas 12,4% conhecem alguma instituição brasileira que se dedicam a pesquisas científicas em nosso país. Resultado é coerente com a maioria que afirmou não ter interesse em se manter informado sobre ciência e tecnologia.

Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Geraldo Eduardo da Luz Júnior, o desconhecimento sobre os cientistas brasileiros acontece por conta da imagem estereotipada de cientista que a população tem em mente. Segundo ele, 95% das pesquisas científicas são feitas dentro das universidades brasileiras por pesquisadores que também são professores, o que desassocia a imagem entre cientista e docente. Por isso, até mesmo os próprios discentes não enxergam, em primeiro momento, os seus professores desta forma.

“As pessoas comuns, que estão fora do meio acadêmico, devem ter mais consciência que todos os avanços tecnológicos de hoje são decorrentes de pesquisas científicas. Acho mais importante que eles saibam, por exemplo, que um celular tem milhares de pesquisas que foram feitas até chegarem aqui”, explica

Outro ponto que podemos perceber na pesquisa de 2015 é que as pessoas ainda consideram os estudos científicos como aqueles feitos nas áreas das Ciências da Natureza e da Medicina, apesar de as pesquisas nas áreas sociais e humanas também serem importantes para o avanço do país. Fator que contribui para a população citar apenas cientistas que tenham contribuído diretamente em suas vidas.

“A pesquisa científica visa o entendimento de algo que acontece e a pesquisa tecnológica leva a utilização do conhecimento científico que de alguma forma beneficiam a sociedade. Por isso, a população lembra apenas dos estudos que os afetam diretamente como nas áreas de saúde, engenharias e afins. Nas ciências humanas e sociais as pessoas não sentem isso de forma imediata”, revela Geraldo.

Universidade também é referência em pesquisas

A Uespi também é uma referência em pesquisas cientificas em diversos campos de atuação. Somente no Programa da Iniciação Cientifica da PROP 342 projetos científicos cadastrados e mais 120 possuem apoio da instituição.

Dentre as pesquisas que atingiram maior visibilidade no âmbito nacional são a do professor de psicologia Eleonardo Rodrigues que está desenvolvendo um trabalho com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Sua pesquisa desenvolve uma nova metodologia de tratamento da doença e já foi destaque na Folha de São Paulo, por se tratar de uma pesquisa de ponta na área de psicologia.

Outra pesquisa da Uespi que ganhou notoriedade é da área de química, onde os pesquisadores estão desenvolvendo materiais para degradação de macromoléculas poluentes como herbicidas, que estão sendo aplicadas em grandes quantidades nos cerrados piauienses.

“Essa pesquisa também inclui hormônios e fármacos que são excretados, por conta dos antibióticos que não são processado pelo nosso organismo e vão gerar resistência aos microrganismos que estão na rede de esgoto. O tratamento adequando dos afluentes é extremamente importante e a pesquisa pretende mineralizar essas macromoléculas, através da energia solar”, revela o pró-reitor.

A nossa equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria da Universidade Federal do Piauí para incluir informações sobre as pesquisas da instituição. Entretanto, não obtivemos retorno da Coordenadoria de Comunicação Social da UFPI.

Um possível cenário local

A título de vislumbrarmos um panorama local, reproduzimos duas perguntas da pesquisa em diferentes pontos de Teresina. Um deles foi na Universidade Estadual do Piauí, um dos principais centros de produção intelectual do Estado e no Shopping da Cidade, local de grande movimentação popular na capital piauiense. A enquete foi feita com 20 pessoas, sendo metade em cada ponto da cidade. Lembramos que essa enquete não possui valor científico.

Na Uespi, de 10 pessoas entrevistadas apenas quatro pessoas lembraram do nome de um importante cientista brasileiro ou piauiense. Dentre os entrevistados, a maioria que não soube responder são estudantes de Química e Física. A USP, o IMPA (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada) e o Instituto Butantã foram lembrados por apenas quatro pessoas. Somente um estudante de Matemática lembrou do nome de vários cientistas nacionais e piauienses, inclusive foi o único a citar a Uespi como instituição que realiza pesquisas científicas.

No Shopping da Cidade, somente uma pessoa lembrou de um cientista, o Albert Einstein, entretanto o mesmo possui a nacionalidade alemã. Em relação às instituições que realizam pesquisas somente uma pessoa lembrou do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



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