A Justiça fiscal pode logo começar, por José Osmando

A cobrança de impostos é inegavelmente uma preocupação dos brasileiros

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Por José Osmando de Araújo

O governo do Presidente Lula apresentou no último dia 30, quinta-feira, a proposta de criação do que passou a ser chamado de Arcabouço Fiscal, um conjunto de medidas legais a serem aprovadas pelo Congresso, alterando regras vigentes e criando novos mecanismos de controle de gastos públicos.

O conjunto de normas que o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, fez chegar ao conhecimento público, mas que já vinha sendo discutindo reservadamente por segmentos específicos da economia e do parlamento, gerou uma clara aceitação, muito longe dos impactos negativos que setores contrários, sobretudo da oposição e mídia representativa do grande capital, esperavam que acontecesse. 

TERMÔMETRO DO MERCADO

O termômetro mais visível dessa aceitação veio do chamado mercado, refletido na Bolsa de Valores de São Paulo , com o dólar em seguidas quedas e o índice Ibovespa subindo e recuperado os seus 103 mil pontos. Analistas do sistema financeiro, sempre bastante pessimistas com medidas que mexam com o capital, também seguiram na mesma linha de otimismo, antecipando uma reação favorável dos ativos brasileiros, como juros futuros, câmbio e ações.

AMBIENTE DE EQUILÍBRIO

É sempre difícil esperar euforia desses segmentos, mas observar o grau de tranquilidade com que as medidas foram recebidas, garante que o trabalho desenvolvido pelo grupo econômico do Governo Lula, especialmente de Fernando Haddad e Simone Tebet, está bastante marcado pela seriedade e pelo compromisso de oferecer ao Brasil um ambiente de equilíbrio e segurança, estimulador de investimentos produtivos tão necessários ao país.

Um dos pontos trazidos pelo conjunto de medidas fiscais e que de certo tem efeito positivo na aceitação pelo mercado, está no fato assegurado por Haddad de que não haverá a adoção de aumento de impostos generalizado, nem elevação de tarifas de impostos já existentes; nem, também, se pensa em reonerar a folha de pagamento de empresas e nem acabar com o Simples.

SETORES PRIVILEGIADOS

O ministro Haddad, contudo, foi incisivo numa questão histórica, crucial e injusta: “ é preciso fazer pagar quem não paga impostos”. E ao dizer isso, ele se refere a setores privilegiados ou setores novos no mercado, que nem sequer estão regulamentados.

O ministro se dirige muito claramente a setores patrimonialistas e àqueles que vivem de ganhos intocáveis e que contribuem para que os que trabalham e consomem paguem mais impostos do que esses que se amparam e se favorecem nos privilégios. Nesse aspecto, ele foi enfático:

“Essa regra nos permite olhar para cada família do país e dizer que não vamos admitir que o maior produtor de comida do mundo ( o Brasil) conviva com a fome.”

GRANDE FORTUNAS

Pela primeira vez na nossa história está se acendendo uma luz para um caminho em que se enxergue os ricos pagando impostos sobre grandes fortunas, e ver os mais pobres tendo suas penas aliviadas na hora em que compram a roupa para vestir, o fardamento e os livros de seus filhos que vão à escola, e os alimentos com que se nutrem.

TRIBUTOS BRASIILEIROS

A cobrança de impostos é inegavelmente uma preocupação dos brasileiros. O que poucos sabem é que, ao contrário do que o senso comum imagina, o Brasil não está entre os países do mundo que mais cobra tributos e sim entre os que mais taxam a população pobre do país: Aqui, quem tem menos paga mais.

Isso acontece porque a carga tributária brasileira está concentrada nos impostos indiretos, que consistem em taxas sobre o consumo inseridas nos preços de toda e qualquer mercadoria. Segundo dados levantados pela Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) e pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), 49,7% dos impostos do país são recolhidos desta forma.

IMPOSTOS INDIRETOS

Por não tributar diretamente a renda ou patrimônio do cidadão, os impostos indiretos acabam passando despercebidos.

Enquanto metade da tributação no Brasil incide sobre o consumo da população, em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo, a tributação sobre o consumo é, em média, de 32%.

TRIBUTAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE RENDA

A tributação tem uma relação direta com uma maior ou menor concentração de renda e com maior ou menor desigualdade. Se o tributo onera mais os pobres e menos os riscos, evidentemente ele está servindo para aprofundar a desigualdade.

Abre-se agora, finalmente, a esperança de que os que trabalham e os que efetivamente produzem, possam ver suas cargas diminuídas, passando a contar com a justa e merecida distribuição por parte daqueles que até agora só fizeram sugar as fortunas e bens da nação brasileira.

Mas é preciso que a população, sobretudo os seus organismos de representatividade fiquem atentos e ativos, de olho no Congresso, para que mais uma vez não decepcionem. Ao contrário, façam honrar a representação que, pelo voto, receberam do povo.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES