Sem atendimento, parto de mulher com feto morto é feito por estranhas

Direção diz que caso será investigado e não descarta punições.

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Acompanhantes de mulheres grávidas internadas na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, teriam realizado o parto de uma mulher indígena da etnia Apurinã por falta de equipes para realiza o atendimento. A denúncia foi feita pelo marido da indígena. O caso ocorreu nesta quinta-feira (13) e chegou a ser registrado em vídeo pelos pacientes.

De acordo com o balconista Ézio de Souza e Silva, de 22 anos, ele e a esposa Valéria dos Santos Apurinã haviam sido encaminhados para Rio Branco por médicos do município de Boca do Acre (AM), onde vivem, para que ela fizesse a retirada do feto de seis meses, que já estava morto no útero. Na maternidade, eles ainda teriam esperado aproximadamente 24 horas para conseguir um leito.

Na noite de quarta-feira (12), após receber o medicamento para induzir o parto, a mulher começou a sentir dores. O marido diz que procurou a equipe do hospital e foi informado que era normal que ela sentisse dor. Ele conta ainda que durante o resto da madrugada nenhuma enfermeira ou médico apareceu para verificar o estado de saúde da mulher que teria começado sangrar intensamente por volta de 7h de quinta.

"Eu corri e disse para a doutora que a minha esposa estava sangrando e queria saber o que iria ser feito por ela. Aí ela disse que eu tinha que aguardar, porque não havia leito para fazer cirurgia. Perguntei se não tinha enfermeira para olhar ela e a médica disse que tinha que aguardar a troca de plantão, porque não tinha enfermeira", reclama.

O balconista conta que ao voltar para o quarto viu a esposa piorar e, nesse momento, outras mulheres que acompanhavam pacientes no mesmo leito resolveram ajudar.

"Uma mulher disse: pega um pano que nós vamos te ajudar. Eu fui até onde ficam as enfermeiras, pedi uma luva dela ele me deram luvas e dois panos. Entreguei o material para as acompanhantes para elas poderem me ajudar e aí nós conseguimos fazer o parto. Após retirarmos o feto, chegou uma enfermeira para cortar o cordão umbilical, foi o único trabalho que elas [enfermeiras] tiveram", denuncia.

Ele conta que nem mesmo após o parto, a esposa passou a receber atenção especial. "Pedi para limparem minha esposa e elas disseram que não tinha enfermeira para limpar naquele momento. Peguei uma toalha e pedi ajuda das colegas novamente. Nós limpamos ela que ficou ainda umas duas horas esperando por atendimento e só o que colocaram foi um soro no braço dela", comenta.

Ainda abalado com a situação, ele diz que espera que a situação seja investigada.

"Já que não tinha como trazer a vida do meu filho de volta que ajudem pelo menos as outras pacientes. Inclusive tem uma que está com um filho morto dentro da barriga há quatro dias, sofrendo muito e disseram que teria que esperar mais alguns dias para fazer o que eles fizeram com a minha esposa", diz.

A gerente-geral da Maternidade, Lorena Rojas Seguel, diz que o caso será investigado. "Nós já mandamos levantar o prontuário e estamos fazendo a investigação para a gente ver o que realmente aconteceu. Se realmente houve o que ele [o pai] comentou na sua reclamação, nós vamos tomar as providências cabíveis, que seriam punições. Mas temos que ver primeiro o que de fato aconteceu", explicou.

Em relação ao estado da paciente, a gerente diz que a indígena foi submetida a uma curetagem e o estado de saúde é estável.



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