Menina de 14 anos dá à luz gêmeos em viatura da polícia na favela; veja

No banco de trás, contorcendo-se de dor, Letícia repetia: “eu vou morrer, eu vou morrer”, e pedia pelos bebês.

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Aos 14 anos recém-completados no último sábado, Letícia da Silva Rufino acordou nesta terça-feira sentindo muitas dores na altura da barriga. De imediato, a adolescente ficou com receio, aos seis meses de gravidez, pelos filhos gêmeos que esperava. Desesperada, a família correu para a Avenida dos Democráticos, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, à procura de um táxi que pudesse levá-los a um hospital. Como nenhum parou, o jeito foi, com a ajuda de outros moradores, acenar para uma viatura da UPP de Manguinhos que passava pelo local por volta de 12h.

Os policiais colocaram a jovem no carro e a levaram para o Hospital Geral de Bonsucesso. No banco de trás, contorcendo-se de dor, Letícia repetia: ?eu vou morrer, eu vou morrer?, e pedia pelos bebês. Ela chegou à unidade já em trabalho de parto, e uma equipe médica precisou trazer uma menina ao mundo ali mesmo, dentro da viatura - parte da cena foi gravada por um PM. O segundo bebê, um menino, nasceu já no interior do hospital.

- Quando a gente entrou na viatura, já dava pra ver a cabecinha da menina. Estávamos num desespero só. Os policiais deram muito apoio, foram muito legais mesmo. Só foram embora depois que estava tudo resolvido - contou Cláudia da Silva Pires, de 33 anos, madrasta de Letícia.

Segundo a assessoria do Hospital Geral de Bonsucesso, os bebês encontram-se em estado grave na Unidade Intensiva Neo-Natal, com dificuldades causadas pelo parto em pré-maturidade extrema. Já a mãe está internada na enfermaria de obstetrícia, e seu estado de saúde é bom. Ainda de acordo com a assessoria, o hospital é referência em maternidade de alto risco no estado do Rio e há boas chances de que as crianças sobrevivam.

A emoção da família repetiu-se também entre os policiais que acompanharam toda a situação. O PM que conduzia a viatura perdeu uma entrada na Avenida Brasil pouco antes da abordagem dos moradores, num trajeto que já fez ?incontáveis vezes?, segundo o próprio.

- Se não fosse por isso, talvez não tivéssemos tido a oportunidade de ajudar. É coisa de Deus mesmo, a gente se sente até abençoado - disse, emocionado, o soldado Marcelo José Souza da Silva, de 30 anos, seis deles na Polícia Militar: - Já precisei levar grávidas ao hospital em outras ocasiões, mas parto na viatura foi a primeira vez.

Os bebês ainda não tiveram os nomes escolhidos, já que a família não esperava que os nascimentos fossem tão antecipados. O pai das crianças é um jovem de 17 anos, e Letícia mora com ele e a sogra na Comunidade da Coreia, em Manguinhos, onde recentemente houve um conflito entre moradores e policiais da UPP.



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