Advogado ameaça jornalista: “não iriam nem encontrar seu corpo”

A colunista foi atacada após uma reportagem investigativa que mostra o suposto envolvimento do presidente e de seus filhos no esquema de “rachadinhas”.

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O advogado Frederick Wassef, do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), atacou nesta semana a jornalista do Uol, Juliana Dal Piva, após a publicação de uma reportagem investigativa que mostra o suposto envolvimento do presidente e de seus filhos no esquema de “rachadinhas”.

Wassef enviou mensagens via WhatsApp para tentar intimidar a colunista. Em tom ameaçador, Wassef faz perguntas retóricas e diz que a jornalista deve se mudar para a China. “Faça lá o que você faz aqui no seu trabalho, para ver o que o maravilhoso sistema político que você tanto ama faria com você. Lá, na China, você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”, disse o advogado.

Frederick Wassef (Foto: Gabriela Biló/ Estadão)

Leia a mensagem na íntegra: 

"Queria te entrevistar. Voce e socialista ?? Comunista ???? Soldada da esquerda brava ??? E daquelas comunistas gauchas guerreira ??? Voce acredita mesmo que este sistema politico e bom para a sociedade e as pessoas ???? Por que voce nao vai realizar seu sonho comunista em Cuba, Venezuela , Argentina ou Coreia do Norte ??? Por que nao se muda para a grande China comunista e va tentar exercer sua profissao por la ???? Faca la o que voce faz aqui no seu trabalho, para ver o que o maravilhoso sistema politico que voce tanto ama faria com voce . La na China voce desapareceria e nao iriam nem encontrar o seu corpo. O mesmo ocorre na Venezuela , Cuba e outros paraisos comunistas. Entao por que voce luta fanaticamente com suas materias direcionadas e distorcidas da verdade para induzir em erro o publico ??? A esquerda te paga ??? Voce esta feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua familia e seu advogado ?????".

Mensagem enviada à jornalista do Uol (Foto: Reprodução)

O advogado ficou conhecido por esconder Fabrício Queiroz em sua chácara em Atibaia, em São Paulo. O policial militar é suspeito de participar do esquema de apropriação indevida dos salários de servidores quando trabalhou para o então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL). 

Entidades repudiam ataque

Jornalistas e entidades repudiaram o ataque e defenderam a liberdade da imprensa. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, informou que vai determinar que a corregedoria do órgão apure o caso “e tome as medidas necessárias”.

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) expressou, em nota, solidariedade à colunista do UOL Japós ela ter recebido ataques do advogado Frederick Wassef. No comunicado, a ABI diz que se colocou à disposição "para a adoção de medidas que se fizerem necessárias à sua proteção":

Prezada Juliana, Ao tomar conhecimento das ameaças feitas pelo advogado Frederick Wassef, hospedeiro do famigerado Fabrício Queiroz, entre outras proezas, expresso a solidariedade da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colocando-nos à disposição para a adoção de medidas que se fizerem necessárias à sua proteção. Cordialmente.

Jornalista Juliana Dal Piva (Foto: Lucas Lima/ UOL)

A reportagem 

Em áudios divulgados pela jornalista Juliana Dal Piva, a ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, relata como funcionava o sistema ilegal de devolução de parte do dinheiro recebido por assessores do político. 

Na gravação, ela conta que Bolsonaro demitiu seu irmão, o produtor de eventos André Siqueira Valle, porque ele se recusou a cumprir o percentual acordado com os políticos. A quantia equivalia a quase 90% do salário.   

"O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'", explicou. 

Após a divulgação dos aúdios, Frederick Wassef negou ilegalidades e afirmou que já existe uma antecipação da campanha de 2022. 

Ele disse que os fatos narrados por Andrea "são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos".  

Wassef ainda afirmou que se trata de uma "gravação clandestina à qual não tenho acesso, não conheço o conteúdo e não foi feita perícia".

 



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