Afastado médico que mandou grávida de ônibus a maternidade

O médico teria escrito à caneta no braço da paciente como chegar à maternidade

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A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde informou neste domingo que identificou e afastou de "todas funções assistenciais" o médico plantonista que recusou atendimento a Manuela Costa, 29 anos, moradora da Rocinha, que chegou grávida ao hospital Miguel Couto na última quinta-feira. A secretaria ainda confirmou que vai deixar o médico afastado durante o tempo das investigações, que devem durar no máximo três semanas.

Na ocasião, Manoela foi orientada a ir de ônibus para uma maternidade em São Cristóvão. O médico teria escrito à caneta no braço da paciente como chegar à maternidade e as linhas de ônibus que ela poderia pegar - 460 (São Cristóvão-Leblon) e 476 (Méier-Leblon).

Ao tomar conhecimento do fato, o prefeito do Rio, Eduardo Paes afirmou que os funcionários poderão ser demitidos caso a denúncia seja comprovada. O secretário de Saúde, Hans Dohmann, afirmou que, de duas a três semanas, deverá ser concluída uma sindicância administrativa que está apurando o fato.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o médico deveria ter providenciado uma ambulância para remover a paciente para a Maternidade Municipal Fernando Magalhães.

Ao receber a orientação no Miguel Couto, Manuela foi de ônibus para a Fernando Magalhães. No local, foi submetida a uma cesariana em que se constatou que o bebê (uma menina) estava morto. O secretário de Saúde esteve nesse sábado na maternidade Fernando Magalhães com a paciente Manoela por cerca de dez minutos. Ele classificou o episódio como "inadmissível".

"Estamos indignados. Foi uma atitude fora dos padrões. Não podemos tolerar. Vamos tomar todas as medidas cabíveis e queremos pressa", afirmou Dohmann que, assim como Paes, defendeu a demissão dos envolvidos.

O secretário admitiu ter havido erro do Hospital Miguel Couto em não providenciar uma ambulância para Manoela e disse que as linhas de ônibus informadas pelo médico não a deixariam próxima da maternidade.

O ponto da linha 476 (Méier-Leblon) mais próximo da Maternidade Municipal Fernando Magalhães fica a 1 km, no Campo de São Cristóvão. O 460 (São Cristóvão-Leblon) para ainda mais longe. Seu ponto final fica junto às estações de trem e metrô do bairro, localizadas a 3,3 km da maternidade.

Questionado sobre o que poderia ter feito o médico escrever no braço da paciente, o secretário respondeu: "Foi uma atitude sem pé nem cabeça. Não conseguimos entender."

Segundo Hans, Manuela chegou a ser examinada no Miguel Couto antes de ir para a maternidade. Ele ainda disse que a paciente passou por todos os procedimentos ao chegar na maternidade Fernando Magalhães, mas os médicos não tiveram tempo de salvar o bebê.

Pessoas que estiveram com Manuela nesse sábado disseram que ela estava bastante agitada e chorava muito. A moradora de Rocinha, que tem dois filhos, pretende ir ao enterro do bebê.

Outras duas mulheres, grávidas de nove meses, que iriam entrar em trabalho de parto e que procuraram o Miguel Couto também foram orientadas a ir de ônibus para a mesma unidade, segundo o vereador Carlos Eduardo, presidente da Comissão de Saúde de Câmara. Nenhum funcionário do Miguel Couto e da maternidade Fernando Magalhães se pronunciou sobre o fato.



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