Ailton Krenak entra para a Academia Brasileira de Letras e inicia nova era para a cultura indígena

A posse do escritor Ailton Krenak na ABL foi histórica e firmou o compromisso com a diversidade cultural e linguística brasileira.

A atriz Fernanda Montenegro passou-lhe o colar dos imortais | Mauro PImentel/AFP
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O escritor, filósofo e ativista ambiental Ailton Krenak tomou posse, nessa sexta-feira (5), na Academia Brasileira de Letras, em uma cerimônia histórica. Nos 127 anos de existência, é a primeira vez que um indígena ocupa uma das cadeiras — a de número 5. Ele substitui o historiador José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto de 2023. O evento foi na sede da ABL, no Centro do Rio de Janeiro.

🌱"Espero que o Brasil inteiro, os outros brasileiros, possam entender que estamos virando uma página da relação da ABL com os povos originários. Venho para cá para trazer línguas nativas do Brasil para um ambiente que faz a expansão da lusofonia. Trago para cá as línguas indígenas. Acho que isso faz uma diferença muito grande na história do Brasil", afirmou Krenak.

📜Críticas: No discurso de posse improvisado, Krenak criticou o etnocentrismo e o desprezo dos não indígenas pela cultura e o conhecimento dos povos originários brasileiros. Ressaltou, ainda, a importância do ensinamento oral, passado entre as gerações das comunidades nativas.

🎓 Como a cerimônia ocorreu: Vestido com o fardão da ABL, mas sem abrir mão da tiara que representa seu povo, Krenak foi recebido pela ensaísta Heloísa Teixeira e agraciado pelo escritor e educador Arnaldo Niskier com a espada que complementa a indumentária acadêmica. A atriz Fernanda Montenegro passou-lhe o colar dos imortais e o diploma foi entregue pelo poeta e ensaísta Antonio Carlos Secchin.

🌍 Projetos: Um dos projetos de Krenak é levar a ABL a criar uma plataforma voltada para as línguas e diversas culturas dos povos originários brasileiros. A ideia do escritor é que a academia abra um espaço semelhante ao da Biblioteca Ailton Krenak — que disponibiliza imagens, textos, filmes e documentos relacionados à cultura indígena.

🔖 "Desde que me convidaram, ou me animaram, para ocupar essa cadeira 5, me perguntava: 'Será que nessa cadeira cabem 300?' Como dizia Mario de Andrade: 'Eu sou 300'. Nesse caso, 305 povos que nos últimos 30 anos do nosso país, passaram a ter a disposição de dizer: 'Estou aqui'. Sou guarani, sou xavante, sou caiapó, sou ianomâmi, sou terena", lembrou Krenak.

🌳 Posse prestigiada: A posse do escritor e filósofo foi prestigiada por integrantes do primeiro escalão do governo Lula — como os ministros Margareth Menezes (Cultura) e Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania); a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana; e o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, além de representantes de nações originárias de diversas regiões do país. Krenak é mineiro de Itabirinha e seu povo, junto com os guarani-kaiowá, foi anistiado dia 2 pelas perseguições da ditadura militar.

Com informações do Correio Braziliense



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