Alunos de Teresina compram vagas no FIES

O jornal Meio Norte teve acesso a uma das pessoas que comercializam este serviço e, segundo ela, a pessoa consegue a vaga “com 100% de chance de dar certo”.

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O fim do prazo para inscrições do FIES - programa do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em faculdades particulares - encerra dia 30 de abril, mas a busca pelo financiamento está a todo vapor. Alunos se debruçam em frente ao computador para realizar sua inscrição através do site do programa na internet, mas se queixam que ele está fora do ar e, consequentemente, não conseguem realizar a inscrição. Amedrontados com o fim do prazo ou com a impossibilidade de pagar a matrícula em sua totalidade, eles recorrem a métodos escusos para conseguir o FIES: compram uma espécie de consultoria que garante a inscrição no programa.

O jornal Meio Norte teve acesso a uma das pessoas que comercializam este serviço e, segundo ela, a pessoa consegue a vaga "com 100% de chance de dar certo". Instalada em um ponto de alimentação em frente a uma faculdade particular de Teresina, a fachada esconde um negócio fraudulento que configura crime contra o patrimônio nacional. Ao chegar no local e relatar a dificuldade em conseguir a inscrição no FIES, a reportagem do jornal logo foi abordada pela pessoa que realiza a manobra. "É muito simples conseguir (o FIES). Você passa os dados do cadastro que a gente ajeita tudo para você. Relaxe que o desconto é garantido, você só precisa vir aqui para comemorar depois", avisa o consultor. A prática aparenta ser bastante comum e é utilizada com certa frequência pelos universitários teresinenses. Uma aluna, que pede para não ser identificada por medo de retaliações, conseguiu o financiamento em uma dessas conversas, através de um perfil anônimo em uma rede social. "Eu já estava na metade do curso e queria financiar o restante. Uma prima minha já tinha feito e me indicou um rapaz que fazia. Como eu já tinha tentado e não dava certo, esperei o dela ser finalizado e fiz o meu. Correu tudo bem e fiz o meu FIES com o mesmo cara, mas não sei como funciona de fato, pois a gente mal consegue falar com ele. No primeiro contato, já passa os dados do cadastro e ele some até dar certo. Quando consegue, nós pagamos e ele entrega os papéis certinhos, e você segue para a instituição de ensino e para o banco", informa a estudante. O preço cobrado pelo serviço é de uma mensalidade do curso em que a pessoa estuda. O depósito é feito na conta corrente do consultor que providencia a fraude. "Parece que ele tem pessoas dentro da universidade e do banco. Eles prometem que ajeitam tudo no sistema e não precisamos fazer nada além de informar os dados que são pedidos no site do FIES. Tentamos, por vários dias, pelo site mas nunca dava nem para carregar a página ou enviar os dados na página de inscrição, por isso eu e minha família acabamos recorrendo a essa prática porque não tínhamos condições de pagar a mensalidade da faculdade", conta outro estudante de Engenharia, que também prefere não ter o nome divulgado. A prática revolta estudantes de faculdades públicas e particulares. O universitário Tertuliano Filho se queixa da falcatrua e desabafa que "o FIES é só mais uma forma de corrupção brasileira. Quem tem dinheiro para pagar propina, consegue. Eu, por exemplo, não conheço ninguém que conseguiu o FIES legalmente".

As pessoas que se sentirem lesadas podem denunciar a prática para o Fundo de Desenvolvimento da Educação através do telefone 0800 616161. O Jornal Meio Norte não conseguiu entrar em contato com o responsável local pelo programa no Piauí.



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