Americano é condenado por deixar garrafas na fronteira com o México

Ele terá de cumprir pena de um ano em liberdade condicional, durante o qual deve completar 300 horas de trabalho comunitário recolhendo lixo

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A Justiça do Arizona, nos Estados Unidos, condenou um ativista de direitos humanos que deixava galões de garrafas plásticas de água na fronteira com o México para prestar assistência a imigrantes entrando no país ilegalmente.

Walt Staton, da organização No More Deaths ("Sem mais mortes", em tradução livre), foi condenado por poluir a reserva nacional de Buenos Aires, perto de Tucson, no sudoeste do país.

Ele terá de cumprir pena de um ano em liberdade condicional, durante o qual deve completar 300 horas de trabalho comunitário recolhendo lixo.

A sentença, entretanto, reflete pouco do acirramento de ânimos que o caso gerou, para além da questão ambiental.

Os procuradores federais haviam pedido que o ativista fosse multado em US$ 5 mil e condenado à prisão em liberdade condicional de cinco anos. Na peça de acusação, eles notaram que o grupo escrevia, em espanhol, as palavras "Buena suerte".

"A conclusão óbvia é que o réu e o grupo No More Deaths querem ajudar imigrantes ilegais em sua tentativa de entrada", disseram. "Suas ações não foram uma questão de esforço humanitário, mas de protestar contra as políticas migratórias dos Estados Unidos."

Para os acusadores, Staton "acidentalmente deixou água para imigrantes ilegais, narcotraficantes e criminosos perigosos".

"Politização"

Staton, por sua vez, se recusou a pagar a multa de US$ 175 e insistiu no julgamento, que custou cerca de US$ 50 mil e gerou um grande debate público.

Durante o processo, outras organizações escreveram à Justiça em defesa de Staton, afirmando que é a política americana --e não as garrafas de plástico-- a maior ameaça ao meio-ambiente ao longo da fronteira EUA-México.

O advogado de defesa do ativista, Bill Walker, disse que o episódio ilustrou uma suposta perseguição política contra aqueles a favor de uma política migratória mais branda, e anunciou que apelará da decisão.

"Estamos apelando porque não achamos que Walt cometeu nenhum crime ao deixar garrafas de água fresca e limpa para salvar vidas humanas na reserva", disse o advogado à afiliada local da rede de TV NBC.

Staton é o segundo membro da ONG No More Deaths a ser processado por poluir a reserva. O primeiro foi também havia sido condenado a liberdade condicional. No mês passado, 13 ativistas da ONG foram multados pela mesma razão.

A organização diz que deixa as garrafas de plástico na reserva, mas depois as recolhe.

Dentro da lei

O gerente da reserva Buenos Aires, Mike Hawkes, disse esperar que a sentença leve a No More Deaths a buscar uma maneira de realizar seu trabalho humanitário sem prejudicar o meio-ambiente.

Segundo ele, outras ONGs realizam o mesmo tipo de trabalho de maneira sustentável. "Apoiamos e entendemos o trabalho humanitário, e simpatizamos com ele. Mas eles têm de fazê-lo dentro da lei", afirmou Hawkes, também à NBC local.



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