Alunos e professores criam app para denunciar crimes contra a fauna

Estudantes e professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) lançaram o primeiro aplicativo da América voltado para o recebimento de denúncias de crimes ambientais contra a fauna

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A preocupação em preservar o meio ambiente e a facilidade tecnológica resultaram em um projeto que irá reforçar as políticas de proteção à fauna no Piauí. O Curupira é a nova ferramenta no envio de denúncias ao IBAMA-PI para o enfrentamento da caça, tráfico, comércio e maus-tratos de animais silvestres. Desenvolvido por estudantes e professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o aplicativo foi disponibilizado na plataforma para android e consiste no primeiro aplicativo da América para denunciar crimes ambientais contra a fauna. 

O aplicativo, que surgiu durante a disciplina optativa que discute Legislação Ambiental, foi idealizado tanto por estudantes e professores do curso de licenciatura em Ciências Biológicas, como também por discentes de Ciências da Computação.

Crédito: José Alves Filho

Wedson Medeiros, professor e especialista em caça e tráfico de animais silvestres, juntamente com o     professor Bruno Pralon, orientou os alunos na execução do trabalho.  “A ideia foi fazer um aplicativo para denúncias dessa prática bastante comum nas áreas urbanas e rurais”, explicou.

Wedson Medeiros, que foca seu estudo nas influências dos fatores sociais que levam um indivíduo a caçar ou traficar animais silvestres, relata que o trabalho em conjunto possibilitou a construção de algo didático para a      população. Qualquer pessoa pode instalar o aplicativo e denunciar ao Ibama, que hoje encara uma grande demanda na fiscalização ambiental.

Luiza Ester, estudante de Biologia, fala que a ferramenta estabelece um elo da preocupação ambiental com os avanços tecnológicos. “Todos nós, cidadãos, podemos exercer essa participação na conservação e preservação dos animais”, garante. 

O Ibama  possui apenas um canal oficial  de denúncias, o Linha Verde. Para o professor Wedson Medeiros, o serviço, realizado por telefone, possui desvantagem aos cofres públicos, “A gente tem ideia que o 0800 não tem custo, porém o serviço é pago pela empresa que o disponibiliza e, no caso, órgão público, quem paga são os contribuintes por meio dos impostos”, disse. 

O objetivo era desenvolver um canal barato, que boa parte da população tivesse em mãos e que facilitasse a denúncia, sendo concebido para atender áreas com internet e também desprovidas de rede. “Na medida em que você  registra a denúncia em uma área rural afastada, no momento que ele chega ao local com internet, a ação é gerada automaticamente”, conta. 

Por enquanto, o aplicativo está disponível apenas para android, sistema operacional de dispositivos móveis mais utilizado pela população brasileira. 

Curupira vai gerar base de dados sobre tráfico de animais

O tráfico de animais é a prática responsável por tirar da natureza 38 milhões de animais silvestres do Brasil por ano, de acordo com o levantamento da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas). Essa captura serve para fins vivos - como gaiola e criação de cativeiro -, consumo da carne e    utilização para outras atividades. Os traficantes movimentam cerca de 10 a 20 bilhões de dólares em todo o mundo, colocando o comércio ilegal de animais silvestres na terceira maior atividade ilícita do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. 

Crédito: José Alves Filho

“A denúncia ajuda no encaminhamento ao Ibama. Ela vai contribuir para gerar dados sobre a quantidade de animais, sugere publicações no futuro e possibilita um raio X de como está sendo e operacionalizado a caça e tráfico de animais no Brasil”, conta o professor Wedson Medeiros.

Curupira vai gerar uma base de dados extremamente importante para o Piauí. Se implementado no âmbito nacional,  é possível ter um diagnóstico preciso de quais grupos estão sofrendo com a captura ilegal e de onde parte essa atividade tão comum no cenário local.

“É um fenômeno dinâmico e em  determinado momento pode ocorrer por uma razão social, crise financeira e utilização desses recursos para complementar a renda. Também é feito por esporte e esse dinamismo varia de acordo com o reflexo da macroeconomia do país. Se os problemas sociais no país implantados estão bem, as pessoas não vão caçar tanto por subsistência”, relata.

Compreendendo as espécies, o tipo de uso e o que está sendo feito, é possível ter um panorama sobre o impacto causado na fauna e como o órgãos sociais devem agir.  A ferramenta que leva o nome de um personagem folclórico que protege matas e animais, tem como criadores os estudantes de licenciatura Ciências Biológicas, Daniele Tertulino, Joanara Aryelly, Nilton Teixeira, Pablo Oliveira, Luiza Ester e os desenvolvedores na área de Ciências da Computação Wellyson Vieira e Pedro Ivo. 

Facilidade

O aplicativo é capaz de especificar a atividade ilícita, o grupo animal, o tipo, informações adicionais e também fornece a opção de gravação de áudios e envio de imagens. O Curupira só ocupa, depois de instalado, de 25 a 30 MB do celular. “Ele torna a denúncia mais fácil ao usuário. Através de uma interface gráfica mais agradável ou como nós da tecnologia costumamos falar, mais intuitivo, a pessoa olha e já sabe como usar”, disse Pedro Ivo Soares, estudante de Ciências da Computação.

Quando uma denúncia é realizada e o fiscal interage, chega ao usuário uma notificação informando que o fato foi averiguado ou se ele adicionou alguma nota. Também é possível verificar as denúncias já feitas. “Pensamos nisso para aumentar a proximidade entre o órgão responsável e a sociedade. Também não precisa informar dados pessoais, principalmente para que a pessoa se sinta segura no momento da denúncia”, explica Pedro.



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