Vítimas cobram indenizações após tragédia no Parque Rodoviário

Famílias relatam dificuldades após a enxurrada que matou duas pessoas e deixou várias famílias desabrigadas

Moradores lamentam atraso nas indenizações. | Raíssa Morais
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Há quase dois meses da tragédia que matou duas pessoas, feriu 30 e deixou dezenas de famílias desabrigadas, a situação parece a mesma para a as vítimas do Parque Rodoviário, zona Sul de Teresina. Após uma enxurrada causada pelo rompimento de uma lagoa artificial em um terreno desativado, ocorrida na noite do dia 5 de abril, a água arrastou casas e provocou incontáveis prejuízos. Diante da situação, foi proposta uma audiência pública nesta segunda-feira (20) para apurar o caso junto aos entes públicos.

Crédito: Raíssa Morais.

Maria do Socorro Araújo, de 54 anos, lembra bem da noite de terror. Com a mãe idosa, de 92 anos, que foi salva por “um verdadeiro milagre”, como ela mesmo diz, passaram por maus bocados. O problema agora é a casa onde permanecem. O cheiro forte de lama parece entranhado nas paredes.

Crédito: Raíssa Morais.

Além do desconforto, nem sinal das prometidas indenizações. “Até agora não recebemos nada. A única coisa coisa que me deram foi uma cerâmica, presente de um amigo. Além de uns móveis. Minha cama tive que reaproveitar, botei um colchão em cima. Minha geladeira está criando gelo no motor desde o desastre. Minha menina me deu um fogão, mas dinheiro mesmo nunca recebemos para reconstruir a casa. Meu muro foi refeito com dinheiro nosso, mas não tenho como assentar o portão. Sabe o que estamos recebendo? Cesta básica, que não vem detergente e papel higiênico”, lamenta a moradora.

Crédito: Raíssa Morais.

As burocracias têm tirado a paciência dos moradores. “Mandam a gente de um lado para o outro e nada é garantido. Ficam mandando a gente ir atrás das coisas mas olha para mim: eu tenho condição de ir atrás de alguma coisa, meu filho? Eu estou sem nada! Não tenho nada, nem para terminar de fazer qualquer coisa aqui. Mas sabe porque a gente está sofrendo tanto? Porque somos pobres. Duvido que se fosse um rico já não tinham resolvido tudo”, acrescenta Maria do Socorro.

Oscarina. Crédito: Raíssa Morais.

Maria do Socorro. Crédito: Raíssa Morais.

Oscarina Oliveira Lima está na mesma situação. A ajuda que teve foi dos amigos, mas a casa também permanece parcialmente destruída. “Até minha cama foi uma cliente que doou. Mas dinheiro mesmo de indenização não tem nem sinal. Fico triste porque morreu uma grande amiga nossa, além do neném. É muito triste. Ainda estamos aqui para contar a história, eles não. Ninguém merece uma coisa dessas”, conta emocionada. 

“Comida e roupa nunca nos faltaram”, conta Oscarina. “O que tá faltando agora é compreensão do governo. Nós somos pobres, mas o pouco que perdemos para nós é muito. Imagine perder tudo o que você tem e ter que dar um jeito para tudo? É difícil, precisamos de uma solução”, completa. 

“Precisamos saber o que o Governo e PMT estão fazendo"

O deputado estadual Henrique Pires foi o propositor da audiência pública desta segunda-feira. O parlamentar exige explicações do poder estadual e municipal. “Tivemos 30 acidentados, dois óbitos e diversas famílias desabrigadas até este presente momento”, declara. “O que me levou a pedir a audiência pública foi o relato dos moradores, além de uma visita do Ministério Público que mostrou que nada mudou desde o desastre. O governo do estado e a prefeitura de Teresina, além da solidariedade da população, não deixam faltar comida. Mas em que nível está a apuração dos responsáveis pelo desastre? O está sendo feito para reacomodar as famílias de forma efetiva?”, questiona o parlamentar. 

Pires avalia que a impunidade com relação à tragédia do Parque Rodoviário é inadmissível. “É preocupante um desastre desses, que aconteceu em uma capital, com toda a estrutura estatal do Piauí, e passaram-se 45 dias e não houve mudança nenhuma. Precisamos saber o que o Governo e a PMT estão fazendo, inclusive no aspecto das indenizações. Todos foram convidados para audiência na assembleia. Não podemos deixar da mesma forma que está ocorrendo no caso daquela enxurrada que vitimou uma mãe de cinco filhos no Portal da Alegria”, finaliza o deputado estadual.



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