Auditoria da CGU constata que Petrobras vendeu refinaria abaixo do preço

A auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou fragilidades na venda da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, em novembro de 2021. O relatório destacou a principal falha como a venda da refinaria abaixo do preço de mercado, atribuindo esse cenário à escolha do momento da transação, que ocorreu durante a pandemia de COVID-19, quando os preços do petróleo internacional estavam em baixa.

O empreendimento foi renomeado como Refinaria de Mataripe e foi adquirido por US$ 1,65 bilhão pela Mubadala Capital, uma divisão de investimentos da Mubadala Investment Company, uma empresa de investimentos de Abu Dhabi pertencente à família real dos Emirados Árabes Unidos.

O relatório da CGU não afirmou explicitamente que houve perda econômica na venda, mas questionou a decisão de realizar o negócio durante um período de incerteza econômica global, considerando que a Petrobras poderia ter aguardado a recuperação do mercado internacional de petróleo.

Além disso, a CGU identificou fragilidades na utilização de cenários para apoiar a tomada de decisões, destacando a falta de medição realista de probabilidade em eventos futuros. O relatório também levantou questionamentos sobre a aplicação de metodologias não tradicionais na venda de estatais brasileiras.

A Petrobras, em resposta, defendeu a utilização de cenários como uma prática comum, mesmo reconhecendo suas limitações. A empresa admitiu os desafios enfrentados devido à pandemia e concordou em avaliar melhorias sugeridas, incluindo a medição de probabilidade em análises futuras.

A divulgação do relatório reacendeu suspeitas sobre presentes dados pelo governo dos Emirados Árabes Unidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em outubro de 2019 e novembro de 2021, coincidindo com o mês da venda da refinaria. O ex-presidente devolveu armas e é investigado por receber joias e esculturas. A Polícia Federal examina uma possível conexão entre os presentes e a venda da refinaria. O ministro da Advocacia-Geral da União e o ministro da CGU destacaram a importância de investigar essa possível relação. (Com informações da Agência Brasil)