Beltrame confirma que dançarino foi atingido por bala fatal e não descarta tiro de policial em morte

Dançarino foi achado morto no Pavão-Pavãozinho nesta terça (22).

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Secretário José Mariano Beltrame | Reprodução
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O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, confirmou na terde desta quarta-feira (23) que o laudo sobre a causa da morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, informa que a vítima tinha uma perfuração de arma de fogo, que foi fatal.

Beltrame informou que pediu pressa nas investigações e não descartou a possibilidade do envolvimento dos policiais na morte de DG. O secretário se solidarizou com a família e os amigos de Douglas Pereira.

O corpo do dançarino do programa "Esquenta", de Regina Casé, na TV Globo, foi encontrado em uma creche do Morro Pavão-Pavãozinho, favela pacificada na Zona Sul do Rio, na tarde de terça-feira (22).

O secretário disse que considera todas as linhas de investigação, afirmando que somente com mais averiguação se poderá afirmar se o tiro partiu de armas de policiais.

"Nós não podemos antecipar juízo de valor. É hora de aguardar os laudos técnicos e ouvir testemunhas. Não quero condenar policiais preliminarmente. São várias teses e muita especulação. Quando houver indícios, eles serão submetidos ao julgamento", afirmou.

O secretário explicou como foi a ação na madrugada da terça-feira (22) no Pavão-Pavãozinho, comunidade pacificada da Zona Sul. Segundo ele, 10 policiais da UPP receberam uma denúncia anônima de que o traficante Pitbull, que estava preso e foi libertado há cerca de 4 meses, estava na quinta estação, no alto do morro. Os policiais subiram e foram surpreendidos na segunda estação por cerca de 5 a 6 homens fortemente armados, inclusive com bombas caseiras. Houve o tiroteio, mas os policiais deixaram o local, segundo o secretário.

De acordo com Beltrame, os policiais fizeram o registro da ocorrência na delegacia e voltaram na manhã de terça ao local quando encontraram o corpo do dançarino DG.

Comunidade tranquila até a volta de Pitbull

O secretário disse ainda não ter dúvida de que o tráfico de drogas está realizando ações planejadas.

"Sem dúvida nenhuma há por trás das ações movimentos arquitetados pelo tráfico de drogas", disse.

Segundo Beltrame, até o fim da tarde desta quarta as armas ainda não tinham sido apreendidas pela Polícia Civil.

"Os policiais ainda não foram ouvidos, mas as armas já estão relacionadas com seus respectivos nomes e o respectivo tipo de arma que cada um dos 10 componentes dessa patrulha portava naquele momento", explicou.

Beltrame explicou que a comunidade do Pavão-Pavãozinho, pacificada em 2009, era tranquila até o final do ano passado quando o traficante Pitbull voltou ao local. Ele citou ainda problemas nas comunidades do Alemão e Jacarezinho.

"No Pavão, é o próprio Pitbull que quer reaver os seus negócios", disse.

Armas solicitadas

O delegado Gilberto Ribeiro, da 13ª DP (Copacabana), já havia confirmado de tarde desta quarta-feira (23) que DG havia levado um tiro antes de morrer.

Segundo o delegado Gilberto Ribeiro,12 policiais serão ouvidos - 10 que participaram da ação de segunda-feira e dois que encontraram o corpo. As armas utilizadas pela PM na ação também foram solicitadas pelo delegado, mas não foram entregues ainda.

Acompanhado com o titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, eles foram na tarde desta quarta à creche no Pavão-Pavãozinho, onde o corpo do dançarino foi encontrado. O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, convocou uma coletiva para o início da noite desta quarta.

Mais cedo, fontes da polícia confirmaram ao RJTV nesta quarta-feira (23) que Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 26 anos, levou um tiro antes de morrer.

A morte do jovem causou revolta na comunidade e protestos pelas ruas de Copacabana na noite de terça-feira (22), com tiros, correria, quebra-quebra e ataque à base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

O produtor da TV Globo Tyndaro Menezes apurou com fontes da Polícia Civil que Douglas Rafael recebeu um tiro que entrou pelas costas, na região lombar, e saiu pelo ombro. Isso indicaria que o disparo foi feito de baixo para cima. DG foi atingido quando tentava pular de uma laje para outra. Ele então teria caído de uma altura de cerca de 10 metros. Depois da queda, o rapaz ainda tentou se levantar. Segundo essas fontes da polícia, é possível dizer isso porque havia marcas de sangue espalhadas pelo chão.

O RJTV ouviu ao vivo o perito Levi Miranda, que afirmou que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) aponta que Douglas Rafael sofreu "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax", derivada de "ação pérfuro-contundente", o que indica a possibilidade de disparo. "Sem dúvida nenhuma, ele foi vítima de tiro", afirmou. Para Miranda, a perícia no local pode não ter encontrado a perfuração devido às condições no local.

Comentarista de Segurança do RJTV, Rodrigo Pimentel afirmou que Edilson pode ter sido vítima de bala perdida, já que estava em uma viela quando o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegou ao Pavão-Pavãozinho.

No momento da morte de DG, na noite de segunda-feira (21), havia uma troca de tiros na comunidade. As armas dos policiais que participaram da ocorrência foram apreendidas no fim desta manhã e vão passar por perícia.

Esquenta

Douglas Rafael fazia parte do Bonde da Madrugada, do programa "Esquenta". Em nota, a apresentadora Regina Casé lamentou a morte e pediu que o crime seja esclarecido. "Eu estou arrasada e toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível. Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar claro essa violência toda que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país. Agora, é impossível saber exatamente o que houve. Mas é preciso que a Polícia esclareça essa morte, ouvindo todos, buscando a verdade. A verdade, seja ela qual for, não porá fim à tristeza. Mas é o único consolo", disse.

A assessoria de imprensa da Globo também se manifestou: "A família Esquenta! está profundamente abalada e triste com a notícia da morte. Perdemos um dos mais criativos dançarinos que já conhecemos em qualquer palco. Desde a primeira temporada do nosso programa, há quatro anos, DG só alegrava nossas gravações. Ele vai sempre ser lembrado em nossas vidas por estas duas palavras: alegria e criatividade".



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