Brasileiros não se lembram de letra do Hino da Independência

Adjetivos e expressões rebuscadas dificultam a compreensão do hino, que foi feito pro D. Pedro I pouco depois do 7 de setembro de 1822

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Os hinos - o da Independência e o Nacional - foram feitos em épocas em que a língua portuguesa era mais rebuscada. E essa é uma das explicações para tanta palavra difícil que existem nas composições. Mas não é a única: um hino é criado para louvar, ressaltar a importância, por isso quanto mais adjetivos e expressões, digamos, elegantes, melhor.

Nas ruas, parte da população até se esforça, mas quase ninguém se lembra que o Dia da Independência tem um hino. E quando se lembra, não se recorda da letra. A repórter Michelle Barros saiu por São Paulo, com um músico que adora hinos para testar a memória dos brasileiros.

Faz muito tempo. Para você ter uma idéia, foi D. Pedro I quem fez a música do Hino da Independência, pouco depois do 7 de setembro de 1822.

A tarefa de aprender o hino ficou nos primeiros anos de escola. A gente até lembra, se puxar bem pela memória.

Eliezer Setton é um músico que se especializou em cantar hinos ao violão. ?É um trabalho com acompanhamento de musica popular, por isso que eu digo que são hinos à paisana, porque não está com o acompanhamento tradicional da banda marcial, que é uma coisa belíssima. Porém, eu estou notando que com esse trabalho, com a linguagem de música que toca no rádio, as pessoas ouvem com mais facilidade e começam a prestar atenção na letra do hino, tirando ela de dentro daquele amalgama que é a versão marcial do hino?, afirma o músico.

Então, primeiro vamos entender a letra. ?Tem umas palavras bem difíceis, como ?os grilhões que nos forjava, da perfídia?, Nunca procurei no dicionário o que é perfídia?, diz uma mulher.

E é essa mesma dificuldade com o Hino Nacional.

Os hinos - o da Independência e o Nacional - foram feitos em épocas em que a língua portuguesa era mais rebuscada. E essa é uma das explicações para tanta palavra difícil que existem nas composições. Mas não é a única: um hino é criado para louvar, ressaltar a importância, por isso quanto mais adjetivos e expressões, digamos, elegantes, melhor.

?Tem uma jogada intencional de atribuição de significados complicados, de utilização de palavras complicadas, porque o hino pretende que o cantar crie uma experiência comum. Essa experiência comum compartilhada materializa, supostamente, uma alma da nação?, explica João Paulo Pimenta, professor de história da USP.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES