Casamento “arranjado” de gorilas tem fim trágico em zoológico

Existe um macho por aí, tão valioso quanto ela, com quem ela poderia se acasalar?

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Biólogos que trabalham em zoológicos usam análise genética, dados demográficos e um conhecimento íntimo dos animais para planejar sua reprodução. A ideia é evitar procriações consanguíneas e assegurar o nascimento de bebês saudáveis.

Às vezes, no entanto, toda a ciência e o cuidado atento dos funcionários do zoológico não são suficientes para evitar uma tragédia. O gorila Kwan, de 22 anos, e a fêmea Bana, de 16, foram apresentados um ao outro no Lincoln Park Zoo, em Chicago, e pareciam formar um bom par. Kwan já tinha um filho pequeno. Bana, apesar de mais nova, parecia pronta para a maternidade.

Análises feitas por computador mostraram que o casal, cuja espécie é original das planícies ocidentais africanas, não possuía ancestrais recentes em comum - ou seja, do ponto de vista genético, os dois formavam um bom par. Bana foi trazida do zoológico onde vivia, em Brookfield, no mesmo Estado de Illinois, a cerca de 30 km de distância.

Meses depois, no dia 16 de novembro, ela teve um bebê fêmea. No entanto, pouco mais de uma semana depois, o bebê apareceu morto. Casos de infanticídio não são raros entre gorilas. Em maio último, no London Zoo (o zoológico de Londres), um gorila de sete meses cujo pai havia morrido foi morto por um macho adulto introduzido no grupo pela equipe do zoológico.

Os especialistas do Lincoln Park Zoo não sabem ao certo o que aconteceu no caso da bebê gorila. Mas a diretora de comunicações do zoológico, Sharon Dewar, disse que a equipe não acredita que tenha havido infanticídio e, sim, um trágico acidente.

Controle sexual

A união de Kwan e Bana resultou de um sofisticado plano de reprodução criado por uma equipe de biólogos para assegurar a futura saúde genética da população de gorilas dos Estados Unidos.

Os gorilas das planícies ocidentais estão entre cerca de 300 espécies de animais em zoológicos nos Estados Unidos cujas vidas sexuais são cuidadosamente controladas pelo Population Management Center - centro de administração de populações - do Lincoln Park Zoo.

No centro, especialistas em diversas espécies assumem o papel de cupidos, formando casais de tamanduás, ocapis, papagaios e muitos outros animais. O centro tem mais de 80 mil criaturas sob seu controle.

A diretora do centro, Sarah Long, disse que o processo é parecido com sites que intermedeiam namoros, para pessoas que procuram parceiros pela internet. "Usamos computadores e bancos de dados para juntar um macho com uma fêmea - e às vezes produzir filhos", disse Long. Ela explicou que o objetivo dos zoológicos hoje em dia não é trazer animais selvagens para o cativeiro.

"Hoje, os zoológicos estão mais focados em preservar o que já têm". O programa de computador compara as linhagens dos machos e das fêmeas, muitas vezes traçando sua árvore genealógica até o tempo em que viviam livres, para determinar se formam um bom par do ponto de vista genético.

O que eles querem são dois animais cujos genes são raros naquela população - ou seja, que tenham poucos parentes vivendo nos zoológicos americanos. Outros fatores considerados são idade, distância entre os zoológicos onde os animais vivem e se o zoológico tem recursos para cuidar de mais um animal.

"Analisamos a idade daquela girafa. Ela é valiosa ou não?", exemplificou Long. "Queremos que ela se reproduza? Ela está em idade de reproduzir? Existe um macho por aí, tão valioso quanto ela, com quem ela poderia se acasalar? Ele tem a idade correta?"



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