Circo Acioly: 10 artistas circenses passam fome na zona Norte de Teresina

Circo parou as atividades em razão da pandemia e artistas e hoje vivem na miséria. Material de espetáculos foi vendido para comprar mantimentos.

Circo Acioly passa por dificuldades em Teresina | Raíssa Morais
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O Circo Acioly, que existe há 35 anos, está "ancorado" no bairro Nova Teresina, zona Norte da capital. No chão, o resto da lona rasgada. O ônibus velho ao lado, onde 10 pessoas utilizam para morar, está sem funcionar. O famoso "globo da morte", para espetáculos com motocicletas, está enferrujado. 

Um sonho que promoveu muitas alegrias está se acabando. Esse é mais um dos efeitos cruéis da pandemia do novo coronavírus

O período sabático provocado por decretos afetou diretamente o setor de entretenimento. O pequeno circo, sem grandes reservas financeiras, definhou ao ponto de que 10 artistas circenses que moram no espaço estão passando fome

Globo da morte está enferrujado, exposto ao sol e chuva. Crédito: Raíssa Morais.

Aurenildo Acioly, o Palhaço Cascatinha, responsável pelo circo, disse que o drama iniciou no dia 14 de março de 2020. "Estava no ponto de estrear, então chegou uma ordem dizendo que não poderíamos trabalhar, por conta da pandemia. Até que no dia 25 de dezembro deu um temporal que rasgou a lona. Começamos a vender as coisas para não passar fome. Tenho 60 anos, nasci dentro de um circo, em Valentes, na Bahia", explica. 

Muitos desses artistas abandonaram o projeto, mas outros estão reféns da situação. Sem ter onde morar e sem renda, eles sobrevivem, literalmente, do resto do que sobrou de um sonho. "Eu tinha oito famílias que viviam aqui. Tinha gente do Ceará, Pará, Amazonas, Paraíba. Hoje moram 10 pessoas aqui dentro do ônibus. Minha alegria era trabalhar de palhaço. Tenho orgulho de dizer que sou palhaço", acrescenta Aurenildo. 

O trabalho no Circo Acioly está impossibilitado porque os artistas precisaram vender os equipamentos para comer. "Eu tive iluminação de mais de R$30 mil. Tive que vender notebook e equipamentos para poder comer. Mas não vou desistir. Vou fazer show em escola, no meio da rua, onde for. Eu só quero ser um palhaço", finaliza.

Uma história que começou em 1998

"Eu cheguei em Teresina em 1998. Fui muito bem recebido, até que começou uma perseguição porque usávamos animais. Então doei a leoa para o zoológico. De lá para cá a situação foi ficando cada vez mais difícil. Mas agora acabou foi tudo. Minha lona, que era a única coisa que eu tinha, rasgou. Vendi dois ônibus que eu tinha. Aqui trabalhavam 27 pessoas. Hoje são 10, com filhos e netos. Meu sonho é reerguer isso aqui", lembra Aurenildo Acioly.

*Colaborou Raíssa Morais, fotojornalista.



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