Com orçamento de R$ 10, documentário “Bichas” faz sucesso na web

O filme, lançado na internet no sábado (20)

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Com mais de 250 mil visualizações no youtube, o documentário“Bichas”, do pernambucano Marlon Parente, vem repercutindo nas redes sociais com a bandeira do empoderamento LGBT a partir do relato de seis jovens gays.

O filme, lançado na internet no sábado (20), mostra como a auto aceitação mudou a vida de cada um deles. A ideia do documentário surgiu depois que o Marlon sofreu, em setembro, uma ameaça de morte por andar de mãos dadas com o seu namorado da época.

Bruno Delgado, Igor Ferreira, Ítalo Amorim, João Pedro Simões, Orlando Dantas e João Pedro Carneiro contam detalhes desde o momento em que se descobriram homossexuais até a revelação para a família, esbarrando no preconceito social e em pensamentos de suicídio. O vídeo tem como um dos focos o termo "bichas", que para eles não soa como uma conotação ruim, mas como um elogio, com orgulho de sê-lo.

Seguindo uma ordem cronológica, as histórias seguiram rumos diferentes. Orlando Dantas de 22 anos, foi confrontado pelo pai: "ele me perguntou: "aí? Agora tu é veado? É bicha?" Mas eu não chorei. Se eu chorasse estaria me colocando como culpado de uma coisa que não sou, isso é uma coisa natural, não escolhi ser assim.", diz o jovem.

Já Igor Ferreira, 19 nos, recebe apoio da mãe até em assuntos como moda: "eu pinto minhas unhas e elas estão borradas minha mãe fala "menino, ajeita essas unhas". Igor pertencia a igreja e conta também no vídeo que nem sempre sua vida foi tão positiva: "queriam me xingar de bicha, gay, veado, e eu não queria aqueles adjetivos para mim. Passei a odiar isso e parecia que [esses termos] só existiam para me zoarem. A palavra me machucava e reforçava meu pensamento de não querer ser bicha".

O documentário foi criado para mostrar o orgulho de ser "bicha", termo que Marlon Parente, 23, foi chamado durante um episódio de agressão na rua por sua orientação sexual.

“Em setembro eu estava com alguns amigos no centro do Recife, andando de mãos dadas, quando um senhor passou por a gente e sacou uma arma. Ele disse: 'eu vou atirar em vocês porque vocês são bichas e bichas merecem morrer'. Eu fiquei congelado, não acreditei que ele estava apontando uma arma por isso. A gente começou a se apressar, a querer ir embora quando o Ítalo, que está no vídeo, revidou: 'pode atirar, agora não vai acabar aqui, vai ter bicha em todo lugar e você não vai dar conta'. Passou um carro da polícia e ficamos seguros fisicamente, mas isso ficou na minha cabeça, principalmente pela ofensa que ele disse ser ‘bicha’. Foi quando decidi que a gente deveria se impor e falar sobre isso”, conta o publicitário.

O filme foi gravado no apartamento de Marlon, com uma câmera emprestada e poucas noções de edição. Na internet, a página do documentário no Facebook bomba de elogios e de pessoas se reconhecendo nas histórias contadas pelos jovens.

Depois do lançamento, Marlon recebeu diversas mensagens em suas redes sociais. O conteúdo vem sendo, até então, totalmente de apoio. "Não recebi nada negativo. Hoje veio um menino falar comigo, contar a história dele, eu fiquei super emocionado. Ele disse que não era assumido e achou melhor falar depois para a família. Eu mandei uma mensagem encorajando ele. Quando você conta, nada fica bom de primeiro, mas depois se resolve. Todos os pais amam. E eu espero que ele venha me falar depois o que aconteceu", diz.

“É cada um com uma vivência: tem um mais expressivo que o outro, um mais afeminado, tem o negro falando da bicha preta, tem a bicha gordinha, tem a drag queen que já carrega uma outra bandeira. São variadas vivências de quem vai para a terapia, de quem aceita bem. Eu me vejo em cada um, e várias pessoas estão se encontrando nessas histórias”, finaliza Marlon.



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