Conjunto de Favelas da Maré no Rio de Janeiro é ocupado para receber a instalação da 39ª UPP

Ocupação prepara região para futura instalação da 29ª UPP do RJ. Cerca de 1,5 mil homens de forças de segurança atuam na ocupação.

Conjunto de Favelas da Maré é ocupado para instalação de UPP | Reprodução/G1
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As forças de segurança do Rio de Janeiro ocuparam no fim da madrugada deste domingo (30) o Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio. A área - com 130 mil moradores em 15 comunidades - está sendo preparada para receber a 39ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio. A entrada das forças de segurança no conjunto de favelas começou às 5h e durou 15 minutos. Ao mesmo tempo, em diversos pontos da cidade, havia operações da polícia, prendendo pessoas ligadas a crimes na Maré. Entre as detidas está Daiene Rodrigues, ex-namorada de Marcelo Santos das Dores, o Menor P, que, na semana passada, ao ser preso, disse ser o dono do tráfico na Maré.

A região, uma das violentas da capital, é considerada estratégica por estar localizada entre as Linhas Vermelha e Amarela, Avenida Brasil ? principais vias da cidade ? e o Aeroporto Tom Jobim (Galeão).

Não houve confronto na ocupação. Até as 10h50, segundo a polícia, 102 pessoas tinham sido detidas desde o dia 22, quando teve início a preparação para a operação na Maré - 89 no cerco e 13 neste domingo. Desde então, foram apreendidos 362 munições, dez revólveres, 33 pistolas, sete fuzis e cinco espingardas, alé, de duas metralhadoras e 18 granadas

As bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro foram hasteadas por volta das 9h40, simbolizando a retormada do território pelo estado das mãos de criminosos. A PM deve ficar no local por cerca de uma semana e, posteriormente, o Exército vai entrar na Maré.

Durante varredura, policiais federais encontram 450 quilos de maconha e também armas que estavam em um depósito embaixo da terra nas proximidades da Vila Olímpica e do Ciep da Maré. A grande quantidade de material apreendido foi levado em uma caminhonete para a sede da Polícia Federal. Policiais civis, por sua vez, foram autorizados pela Justiça, com um mandado coletivo, a revistar casas no Parque União e Nova Holanda.

O clima durante toda a operação foi calmo. Imagens do Globocop mostraram o comércio aberto durante a ocupação e moradores nas ruas observando a chegada dos policiais tranquilamente.

"É um clima de paz que há muitos anos não víamos. Há muito tempo esperávamos por isso. Acho que é o começo de uma nova era. Não sei como vai estar daqui a 30 anos, mas, neste momento, estamos muito felizes", afirmou Carlos Henrique Silva, 35 anos, que fez questão de levar a filha Kaila Ketyn, de 2 anos, para ver o hasteamento da bandeira.

Para a polícia, o sucesso da operação de hoje se deve muito ao trabalho feito nas comunidades da região na última semana. "Estamos aqui há alguns dias e esse trabalho precursor, com várias prisões e apreensões, contribuiu para o sucesso da operação hoje. A participação da população é essencial nesse momento", ressaltou Alex Benevenuto, chefe de operações do Bope.

A operação

Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, a ocupação do Complexo da Maré contou com 1.180 policiais militares das seguintes unidades: Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), Batalhão de Ações com Cães (BAC), Batalhão de Vias Especiais (BPVE), Grupamento Aeromóvel (GAM), 22º BPM (Maré), além de policiais da Corregedoria Interna da Polícia Militar. Policiais dos 1º, 2º, 3º e 4º Comandos de Policiamento de Área estão realizando operações em outras comunidades na cidade do Rio, Baixada Fluminense e Região Metropolitana.

Na entrada da Maré, alguns blindados tiveram que recuar porque não tinham como passar por carros de moradores parados em vias estreitas. Também foram encontrados bloqueios montados pelo trático. As ruas foram desobstruídas com auxílio de retroescavadeiras do Bope

A Polícia Federal ajudou com o serviço de inteligência e a Polícia Rodoviária Federal cerca os acessos para impedir fugas, nos mesmos moldes da ocupação do Complexo do Alemão, em 2008. Militares da Marinha também prestaram apoio, com 21 blindados e 250 homens, mas nem todos os carros precisaram ser usados.

Cabral

Em entrevista nesta manhã, o governador Sergio Cabral disse que a ocupação foi uma resposta do povo do povo do Rio de Janeiro ao crime organizado. "Fomos provocados e intimidados nos últimos dois, três meses pelo poder paralelo em uma tentativa de enfraquecer uma política de segurança. É uma resposta que o povo do Rio de Janeiro e do Brasil reconhece", afirmou. Para Cabral, os moradores da Maré podem agora se considerar parte do estado. "É uma cidade que se integra à cidade. Um dia histórico. Se a entrada da polícia já significou medo aos moradores, hoje significa a chegada da paz", afirmou.

Desde o dia 21, o Bope está nas favelas Nova Holanda e Parque União, que fazem parte do Maré, em busca de criminosos, drogas e armas. Até sexta-feira (28), 57 prisões haviam sido realizadas em uma semana em operações em vários pontos do Grande Rio. Em meio ao cerco, a PF prendeu, na quarta-feira (26), o chefe do tráfico de drogas da Maré, Marcelo Santos das Dores, conhecido como Menor P. Ele está no Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste. A Secretaria de Segurança e a PF vão pedir à Justiça que ele seja enviado para um presídio federal.

Procurados

Quem herdou seu poder na hieraquia da facção que domina a maior parte da região, segundo a polícia, foi Fabiano Santos de Jesus, o Zangado, irmão mais velho de Menor P. Paulo Sérgio Medeiros da Cunha, o PL, apontado como o terceiro homem mais poderosoo da quadrilha, também é um dos alvos da ação, assim como Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga, principal nome do tráfico na Nova Holanda e no Parque União, favelas dominadas por outra facção criminosa.



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