Corpo de nordestino não atrapalha dia de praia em Florianópolis

Jadson arrancou um pouco de piedade dos turistas e choro de criança

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O jovem Jadson da Silva Pereira, de 23 anos natural de Maceió, Alagoas, foi morto a facadas na praia de Lagoinha do Norte, em Florianópolis. Os banhistas ainda o viram correr desesperado, perseguido por outros dois homens. 

No entanto, ele foi alcançado em frente à guarita dos salva-vidas. Foram tantas facadas, que teve o rosto, as costas e o abdômen perfurados. Morreu na areia. Seus assassinos fugiram. A Delegacia de Homicídios investiga o crime. 

As praias floripanas sempre recebem nordestinos. Vendem cangas, redes, castanhas ou queijo coalho. Às vezes, agentes da Prefeitura recolhem suas mercadorias. No mais, trabalham sem folga, carregam cargas pesadas, alugam barracos e os dividem com os colegas de labuta.

Em sua maioria, são migrantes que vieram apenas para trabalhar. Os vendedores não são vistos em bares ou restaurantes. Também não vão à praia para apreciar um dia de sol, estirados nas cangas que vendem.  Na capital catarinense permanecem por cinco meses, de outubro a março. Depois voltam de ônibus para o Nordeste. Alguns assumem empreitadas em obras e ficam no Sul do Brasil, onde a cultura dos descendentes de europeus preza o trabalho braçal. Exceto se vier de nordestinos.

Jadson vendia queijo coalho. Apesar de inofensiva, sua atividade incomoda o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis, Tarcísio Schmidt. Na semana passada, Schmidt culpou os nordestinos por uma virose que assola as praias do Norte, principalmente Canasvieiras. Ele acredita que a infecção seja gerada por queijo coalho, ignora a poluição das águas que contaminou trinta das 42 praias da Ilha.

Jadson arrancou um pouco de piedade dos turistas e choro de crianças. Em seguida, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), o cobriu com manto celeste para esperar a chegada dos funcionários do IML (Instituto Médico Legal). Estirado na areia ficou por quase duas horas.

Mas azul também era o céu, a água cristalina. Os banhistas não resistiram. Voltaram ao lazer. Mergulhos, banhos de sol, água de coco. Jovens compravam cervejas dos ambulantes, meninos faziam um castelinho, um casal se lambuzava de bronzeador, matronas controlavam os filhos dentro d’água na tentativa de evitar afogamentos. Um vendedor de cangas se aproximou. Várias pessoas foram ansiosas conferir os produtos. O corpo ainda estava ali, ao lado, isolado com fitas.

 



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