Declaração do Jota Quest contra baianos será apurada pelo MP

Rogério Flausino disse que “baiano não trabalha”, em show no sábado.

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Rogério Flausino se apresentou no Circuito Banco do Brasil em Salvador | Divulgação/Vitor Nomoto/Circuito BB
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Após dizer que "baiano não trabalha" durante um show em Salvador, Rogério Flausino, vocalista da banda Jota Quest, terá sua declaração investigada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).

Na quarta-feira (4), um advogado entrou com uma "notícia-crime", representação contra a frase de Flausino, que foi recebida pela promotora de Justiça Márcia Virgens e encaminhada ao Grupo de Atuação Especial de Combate à Discriminação (Gedis). O Ministério Público protocolou a representação nesta quinta-feira (5).

Segundo Juno Leite, autor da ação, o mecanismo de "notícia-crime" serve para apresentar à Promotoria um fato considerado como crime, nesse caso o de preconceito relacionado à origem. O advogado não esteve na apresentação da banda mineira em Salvador, mas assistiu a vídeos apresentados por familiares que estiveram no show e se disse indignado com a declaração.

"Causa indignação porque o povo baiano, e nordestino, é trabalhador. Historicamente, são os operários que colocam o país para andar. A nível de sul e sudeste, quando você fala sobre mão-de-obra, o montante é praticamente daqui do nordeste. Para uns, a declaração pode ter soado como simples piada, brincadeira, mas, a partir do momento em que ele proferiu aquilo, já configurou crime, já consumou, não há o que se falar, não cabe aí o que se retratar", diz.

De acordo com o advogado, apesar do crime de preconceito prever pena de reclusão de um a três anos e multa, o objetivo não é que o artista mineiro seja detido.

"Não desejo que o Rogério [Flausino] vá preso, seria uma pena de caratér pedagógico, para que as pessoas acordem, abram os olhos e se toquem que esse tipo de ideia está equivocada e atinge a dignidade do baiano. Para quem é baiano e está na luta do dia a dia, isso atinge a dignidade da pessoa. Quando você diz que alguém não trabalha a pessoa a não é digna. O objetivo é combater esse tipo de ideia", pontua.

Para o advogado, a declaração se agrava por se tratar de uma figura pública, "que, de certa forma, exerce influência nas pessoas", diz. Após avaliação, o MP pode ou não encaminhar denúncia à Justiça e o juiz dará ou não parecer farovável à abertura de um processo judicial.

O caso

A banda mineira Jota Quest foi vaiada durante o show que fez no Circuito Banco do Brasil em Salvador, no sábado (31). A reação da plateia aconteceu depois que o vocalista Rogério Flausino disse que os baianos poderiam ficar até tarde na "festa", porque era sábado à noite. Ele brincou ao comentar que baiano "não trabalha" em qualquer dia da semana, não só domingo.

Depois das vaias, ele se desculpou. Disse que precisava "discutir a relação" e se explicou, dizendo que é mineiro e sempre escuta piadas com queijo. "Eu queria que vocês me perdoassem. Eu amo isso aqui, venho sempre no carnaval. Estou sempre aqui e foi só uma brincadeira", disse.



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