Detentos gays se casam em presídio: “Nós temos direito também”

A celebração aconteceu em um dos refeitórios da unidade.

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A união de dois casais de detentos homossexuais foi realizada durante uma cerimônia no Centro de Ressocialização de Cuiabá, nesta quarta-feira (3). Emerson, Duda, Rael e Mauro fizeram votos matrimoniais e assinaram documentos reconhecendo a união estável perante alguns amigos, padrinhos e madrinhas, funcionários, representantes do governo e imprensa.

A celebração aconteceu em um dos refeitórios da unidade, com direito a músicas românticas e uma singela festa com bolo de casamento, salgadinhos, sucos e refrigerantes.

Os quatro presos participam do projeto "Arco-íris", que contempla 11 homossexuais que cumprem pena naquele presídio. Os detentos ficam separados dos outros presos para a preservação da integridade física deles. Dois dos presos que se casaram já tinham tido relacionamentos com mulheres fora da prisão, inclusive filhos.

A travesti Duda, de 32 anos, foi condenada por tráfico de drogas. Na prisão, conheceu Emerson Marques, de 25, condenado por homicídio. “Gostei de conviver com ela e decidi pedi-la em casamento. Existem muitas críticas e a maioria das pessoas não aceita [esse tipo de relação]. Antes de ser preso, fui casado com uma mulher e tive uma filha, que hoje está com seis anos. Ela me abandonou assim que fui condenado”, contou Emerson.

Apesar do preconceito que o casal diz enfrentar, o noivo alega não se importar com as críticas. “Dá para relevar. Aceitando ou não, vamos viver as nossas vidas e seremos felizes”, afirmou. Mesmo não morando na mesma cela, Emerson e Duda têm os momentos de intimidade e afirmam que vivem tranquilamente na prisão, já que estão em um espaço específico para os homossexuais.

“Não é porque estamos presos que somos monstros. Temos direitos. E ainda podemos sair casados. Só de olhar [para ele], percebi que era amor. Ele me pediu em casamento e tivemos apoio dos amigos aqui do presídio. No começo, quando me assumi, não tinha apoio. Mas hoje minha família me respeita”, comemorou Duda.

Rael da Silva Cisi, de 36 anos, foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão por aliciamento de adolescentes. Já o companheiro dele, Mauro Lúcio Miranda, de 28 anos, cumpre pena de sete anos por roubo. “Nos conhecemos trabalhando [na prisão]. Conversamos e posso dizer que foi amor à primeira vista. É importante oficializarmos essa união para mostrar que é possível sermos recolocados na sociedade com os mesmos direitos das outras pessoas”, declarou Rael.



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