Diário achado em chacina traz relação com amor e droga: “Amo você, maldito”

Texto revela relação conturbada entre casal que está entre os mortos da chacina

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Parte de um diário encontrado na cena do crime revela a relação conturbada entre Toni Anderson Damásio Alves, de 37 anos, e a mulher Renata Souza da Silva, de 30. O casal está entre as sete vítimas da chacina que chocou a Rua Nuretama, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. Três folhas de caderno, picotadas em várias partes, estavam no quintal da casa entre poças de sangue, roupas e muito lixo. A Rádio Globo teve acesso, com exclusividade, aos pedaços de papel e reconstituiu a história. O texto, escrito à mão, traz um desabafo de Renata e mostra a rotina de desconfiança, brigas e drogas. "Só queria que ele me tratasse bem, nem precisava me dar pedra [crack]. Ele diz que eu só quero pedra dele. Quando vim morar aqui, a gente não tinha nada, dormia no chão, comia pão e bebia água para alimentar. Eu amava todos os momentos. Agora é só dor que sinto, pois ainda gosto muito dele", diz a mulher.

A Divisão de Homicídios investiga se a chacina foi cometida por traficantes ou por grupos de extermínio. De acordo com vizinhos, a casa onde aconteceu o crime era usada para o consumo de drogas. "A derrota da vida foi para o crack. Eles fizeram alguma coisa que incomodou alguém", sugeriu Jorge Izídio da Silva, que mora há 23 anos na Rua Nuretama. Em outro trecho do diário, Renata é tomada pela desconfiança e mistura amor e ódio: "Se eu não gostasse dele [do Toni], não estaria aqui. Só que eu não consigo ficar longe dele. Por que? Ele me faz tão mal. Ele diz que é por droga, mas não é. Porque ele sabe meu jeito e me sinto bem ao seu lado. Dói a gente ver alguém que ama querendo outra. Amo você! Maldito".

"Queria que tudo fosse diferente. Amo esse desgraçado"

Toni e Renata tiveram dois filhos, mas perderam a guarda das crianças por causa da vida conturbada. O diário mostra que Renata sonhava com outra vida, longe da casa que se transformou em ponto de consumo de drogas e cenário de um crime brutal. A ideia era viver com o Toni e os filhos em outro lugar, mas a suposta traição do marido não saía da cabeça da mulher:

"Ele tá apaixonado por ela e não assume. Eu não sou criança e isso dói porque ele é meu. Eu queria ser tudo para ele, como ele é para mim. Minha vontade é sumir e nunca mais voltar, mas não consigo. Sinto falta até das brigas. Ele é minha vida, me deu tudo que mais queria e sonhei, algo que ninguém me deu: minha filha, minha vida. Minha filha é minha história, sinto saudade da minha princesa. Como eu queria que tudo fosse diferente. Queria viver com o Toni e meus filhos na vila, mas ele não quer. Nós iríamos ser felizes como antes porque amo esse desgraçado". Os filhos do casal, de dois e sete anos, vivem com os avós paternos.

O texto será anexado ao inquérito da Divisão de Homicídios. Mais de 10 pessoas já prestaram depoimento e confirmaram que as vítimas usavam drogas. O crime aconteceu na noite de quinta-feira passada (24). De acordo com testemunhas, por volta de 21h, homens encapuzados subiram em cima de uma van estacionada na calçada. Em seguida, pularam o puro da casa e dispararam tiros de fuzil e pistola.



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