Alta dos juros mexe pouco no crédito dos brasileiro

Prazo, salário e inadimplência são mais sentidos no bolso do consumidor do que a Selic

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O consumo e as operações de crédito quase não vão sentir os aumentos na taxa básica de juros, a Selic, hoje em 10,75% ao ano. Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os prazos, o salário do trabalhador e a inadimplência mexem mais no bolso do consumidor do que os juros.

Nesta quarta-feira (19), o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, divulgará o novo valor da Selic. Especialistas de mercado e economistas apontam que ela aumente 0,5 ponto percentual, para 11,25%.

Os aumentos da taxa básica de juros deixam o dinheiro mais caro e são usados para controlar a inflação quando os preços dos produtos começam a subir demais. Com o crédito mais caro, a primeira reação é a freada no consumo ? com menor procura, o custo dos produtos ao consumidor tende a cair.

Para o responsável pela pesquisa da Anefac, o pouco efeito é explicado principalmente pela enorme diferença entre os juros básicos e aqueles cobrados do consumidor. A Selic é a taxa que serve de base para definir todas as outras praticadas no mercado ? do empréstimo de financeiras ao cheque especial.

- Hoje, o crédito já é muito alto. Uma elevação de 0,5% ao ano é baixa na comparação mensal. Por isso o efeito não é tão grande. Com a competição no sistema financeiro e a inadimplência em queda, pode ser que os bancos nem repassem um eventual aumento já no curto prazo.

Com a Selic em 10,75% ao ano, os juros do cartão de crédito ficam em 238,3% ao ano ? o que equivale a 10,69% ao mês. Com a Selic em 11,25%, os juros do cartão no ano chegariam a 239,77% ? ou 10,73% ao ano.

Na mesma base de comparação, a taxa do cheque especial sairia de 140% ao ano (ou 7,57% ao mês) para 141,12% ao ano (7,61% ao mês); a do empréstimo de bancos iria de 74,92% ao ano (4,77% ao mês) para 75,72% ao ano (ou 4,81% ao mês); a do financiamento de veículos, os CDCs, passaria de 32,92% ao ano (2,4% ao mês) para 33,55% ao ano (2,44% ao mês).

Pela simulação da Anefac, uma geladeira de R$ 1.500 financiada em 12 meses teria parcelas de R$ 176,28 e juros de 5,73% ao mês. Com as taxas atuais, as parcelas sairiam por R$ 175,89 e os juros, 5,69% ao mês. A diferença no preço final seria de R$ 4,68.

Um empréstimo de R$ 1.000 em 12 meses, com as taxas atuais de 4,77% ao mês teria parcelas de R$ 111,37. Com a nova Selic, a taxa passaria para 4,81% e as parcelas, para R$ 111,62. No fim do prazo, a diferença seria de R$ 3 no total.

Para Cláudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Provar (Programa de Administração de Varejo), o consumidor não é tão sensível aos juros quanto é ao aumento da renda ou dos prazos de pagamento. Em outras palavras, é como se os juros não fizessem tanta diferença no bolso do consumidor quanto o tempo ou o valor da prestação que ele deve pagar.

- Os aumentos da Selic demoram até 12 meses para aparecer completamente no crédito ao consumidor. Os prazos é que fazem a maior diferença, porque incentiva o consumo. A inadimplência baixa também ajuda a expandir o crédito.

Para Oliveira, é possível até que a elevação da taxa básica de juros não altere nada os preços do dinheiro ao consumidor. Mas ele não descarta que possa haver mais altas ao longo de 2011 ? e aí, sim, os aumentos podem começar a ser sentidos.

- Hoje, o consumidor compra baseado na prestação que cabe no bolso. Com prazos longos, a dívida acaba diluindo os juros. Então, a mudança é tão pouca que aparece na forma de alguns centavos.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES