Ana Maria Diniz, do grupo Pão de Açúcar, participou do Fórum HSM Family Business

Ana Maria começou a exercitar sua capacidade de liderança quando ainda adolescente, ao dar aulas de ballet.

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Ana Maria Diniz, do grupo Pão de Açúcar | Divulgação
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A palestrante observou que o DNA empreendedor da família Diniz veio de Portugal com o avô de Ana Maria, Valentim Diniz, que chegou ao Brasil em uma terceira classe de navio quando tinha 16 anos. Do zero, ele ergueu o Pão de Açúcar.

Ana Maria começou a exercitar sua capacidade de liderança quando ainda adolescente, ao dar aulas de ballet. Foi, mais tarde, trainee e assistente de compras do Pão de Açúcar. Fez uma pausa para dedicar-se à maternidade e decidiu trabalhar fora dos negócios familiares.

Quando retornou ao Grupo, era tempo de crise. ?Pude participar da reconstrução da empresa. Ia com meu pai às reuniões com bancos, implorando para que nos dessem crédito?, recordou. Mais tarde, Ana Maria sugeriu que o capital da empresa fosse aberto, o que deu origem ao primeiro IPO de uma empresa de varejo no Brasil.

Em 2002, porém, foi protagonista de uma dura decisão: a profissionalização dos quadros do Pão de Açúcar. ?Tive de aceitar realidade de uma mudança brutal em minha vida. Foi doloroso, pois eu pensava em me aposentar como executiva de lá?, lamentou.

Novos rumos, novos riscos

Como que para sofrer menos com essa saída, Ana Maria logo assumiu novo empreendimento: a Axialent, consultoria de desenvolvimento de lideranças. Em 2007, deu início à Sykue, empresa de energia renovável, e, em 2010, à Anacã, uma escola de dança. De tudo isso, ela extraiu lições valiosas para quem vai empreender:

? A referência da empresa familiar pode atrapalhar o novo empreendedor em novas iniciativas. ?Eu só acharia graça em criar uma empresa que pudesse ser grande?.

? É preciso estar atento à identidade. ?Fiquei insegura por não ser mais a Ana Maria do Pão de Açúcar?.

? Escolher os sócios e a equipe é extremamente importante. A escolha se dá com base em valores, que devem ser os mesmos do empreendedor. ?Fiz escolhas certas e erradas?.

? É importante levar em conta as motivações pessoais, os valores e a afinidade com o negócio que se vai tocar.

? É preciso ter coragem de dizer ?não? a algumas oportunidades que batem à porta, resistir às tentações. ?Mas cheguei a ter a sensação de que ficaria para trás?.

? Um novo negócio não tem de ser muito inovador, mas tem de ser bem implantado. ?O desafio da execução é monumental?.

? Certa flexibilidade é boa, mas a fidelidade à estratégia é fundamental.

? Autoconhecimento é fundamental. É preciso saber onde se é bom e onde se é fraco.

Além de se dedicar a novos empreendimentos, o acionista de empresa familiar não pode se esquecer do principal patrimônio, que é o próprio negócio da família. ?Temos de dedicar tempo e atenção a isso?. Ana Maria visita as lojas da rede como consumidora. Ela também recomenda que o acionista acompanhe o setor, as tendências e os números da empresa.

A palestrante propôs uma reflexão sobre o significado do sucesso. Ela gosta especialmente de pensar sobre ele com base em quatro dimensões:

1. O que: diz respeito aos resultados, às tarefas e objetivos.

2. Nós: trata-se do grupo com quem nos relacionamos; fala de confiança.

3. Eu: é preciso encararmos quem somos.

4. Espiritualidade: a dimensão que envolve as outras.

Ao concluir sua apresentação, Ana Maria lembrou o pensamento do político norte-americano William J. Bryan: ?O destino não é uma questão de sorte. É uma questão de escolha?.

John Davis , professor Harvard School , considerado a maior autoridade mundial em gestão de empresas familiares.

Valores como fator de sucesso

John Davis , professor Harvard School , considerado a maior autoridade mundial em gestão de empresas familiares.

Em geral, afirmou ele durante a palestra ?The rise and fall of Family Wealth?, realizada na manhã desta terça-feira, 17 de abril, predomina o ditado: ?Pai rico, filho nobre, neto pobre?. Em diversos formatos, muitas culturas têm ditados que afirmam o mesmo.

Dessa forma, Davis salientou a necessidade de as empresas familiares gerenciarem o crescimento da riqueza ao longo das gerações, com consciência das vantagens que o dinheiro traz, mas também dos problemas que vêm com a riqueza.

Estabilidade inexistente

Considerando o aspecto monetário, Davis disse que a estabilidade não se mantém. Ou cresce ou declina. Há, no entanto, características entre empresas que aumentam o patrimônio. Para listar os atributos, Davis tomou como base a lista da revista Forbes das empresas mais ricas.

Entre 1982 e 1989, havia cerca de 300 empresas familiares na lista. Atualmente, apenas 100 delas se mantêm. A primeira constatação quanto aos fatores de sucesso diz respeito aos investimentos. Foi preciso obter rendimentos médios de cerca de 6% ao ano. ?A média é impressionante?, opinou o palestrante.

Segundo Davis, o que costuma acontecer é essas empresas registrarem crescimento exponencial na primeira e na segunda gerações. Na terceira, o desempenho passa a ser, em geral, menos consistente ou até decrescente.

Gerenciamento de expectativas e valores

O natural é que haja aumento das expectativas de conforto, riqueza e status, comentou Davis. Assim, é essencial administrar a relação entre indivíduos e o dinheiro. ?O problema é quando essa expectativa se torna a razão de ser. Quando o sujeito começa a pensar em si mesmo como alguém rico, começamos a ter problemas?, alertou.

A dica é para que os sucessores sejam preparados, desde a infância, para entenderem a si próprios como pessoas criativas. ?Quando um objetivo move a pessoa, a riqueza se torna facilitadora?, constatou.

Essa também é característica do que Davis chama de ?indivíduos geradores de riqueza? ? ou seja, aqueles que, mais do que apenas trabalhar para manter a empresa, desenvolvem novos caminhos. Logo, quanto mais geradores de riqueza, maiores as chances de sucesso.

Essa postura é útil, acredita Davis, para indivíduos e empreendedores, pois contraria outra tendência: a aversão ao risco. ?É preciso vislumbrar possibilidade de continuar a aumentar o patrimônio?, destacou, assegurando que, sem assumir riscos e diversificar as frentes de atuação e investimento, , é impossível alcançar o rendimento para crescer.

Além disso, é essencial manter sob rígido controle os gastos da família. Nesse ponto, o palestrante citou a importância dos valores pessoais no consumo, com a sugestão de manter o nível de consumo num patamar abaixo das reais possibilidades da família.



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